Movimento antiprotetor solar cresce na internet e preocupa especialistas
Promoção de uma cultura de prevenção é coletiva e precisa ser fortalecida para conter a desinformação, que pode ter consequências graves e duradouras
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Siga noUm movimento que rejeita o uso de protetor solar tem ganhado espaço nas redes sociais, levantando preocupações entre especialistas em saúde. O movimento ganhou força com influenciadores no TikTok, que disseminam a ideia de que o protetor solar seria desnecessário ou mesmo nocivo. Impulsionada por teorias pseudocientíficas, a tendência questiona a segurança dos filtros solares e estimula práticas que podem trazer riscos graves à saúde da pele.
De acordo com o biomédico, mestre em medicina estética e professor universitário Thiago Martins, essa rejeição tem múltiplas origens, mas encontra terreno fértil sobretudo na desinformação digital.
“A rejeição ao uso de protetor solar pode ter múltiplas origens, incluindo desinformação disseminada nas redes sociais, experiências prévias negativas com o produto, além de crenças equivocadas sobre os benefícios da exposição solar sem proteção”, afirma.
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Martins explica que, entre os argumentos mais comuns, estão a ideia de que os filtros interferem na síntese de vitamina D e de que seriam tóxicos ao organismo. “Essas afirmações não se sustentam à luz da literatura médica. É essencial esclarecer que, quando utilizados corretamente, os fotoprotetores são seguros e desempenham papel fundamental na prevenção de doenças cutâneas”, completa.
Como funciona a fotoproteção?
Os protetores solares atuam como barreiras contra os raios ultravioleta (UV), impedindo que causem danos celulares. Segundo o especialista, há dois tipos principais: os filtros físicos (ou minerais), que refletem a radiação, e os filtros químicos, que a absorvem e transformam em calor. Nem todos os produtos, no entanto, oferecem a mesma eficácia.
“É fundamental escolher protetores com amplo espectro, que protejam contra raios UVA e UVB, com FPS adequado ao fototipo e à exposição esperada. Além disso, a reaplicação correta e a quantidade utilizada influenciam diretamente na eficácia”, ressalta.
Riscos do abandono
A decisão de não usar protetor solar pode trazer consequências sérias. “O abandono do uso regular aumenta significativamente o risco de envelhecimento precoce, manchas e, sobretudo, de câncer de pele, incluindo o melanoma, a forma mais agressiva da doença”, alerta.
Mesmo em exposições cotidianas e aparentemente inofensivas, como caminhar até o trabalho ou dirigir, a radiação ultravioleta contribui para o acúmulo de danos. “A fotoproteção deve ser entendida como parte essencial da saúde preventiva”, afirma o professor.
Há alternativas?
Embora existam medidas complementares, como roupas com proteção UV, chapéus de abas largas e óculos escuros, elas não substituem o protetor solar. “Recentemente, tem-se estudado o uso de antioxidantes orais e substâncias com ação fotoprotetora sistêmica, como o polypodium leucotomos. Mas seu uso isolado não oferece a proteção necessária. Portanto, o protetor solar continua sendo a principal ferramenta de defesa contra os efeitos nocivos da radiação UV”, explica.
Combate à desinformação
Para enfrentar o avanço do movimento antiprotetor solar, o biomédico destaca a importância da educação em saúde. “O enfrentamento desse movimento deve ser feito com base em informação qualificada e divulgação de conteúdo respaldado por evidências científicas. Profissionais da saúde têm papel fundamental em esclarecer a população, desmistificando mitos e promovendo a conscientização sobre os riscos reais da exposição solar desprotegida”, diz.
Ele acrescenta que também é necessário um esforço conjunto com as plataformas digitais e órgãos reguladores. “A promoção de uma cultura de prevenção é coletiva e precisa ser fortalecida para conter a desinformação, que pode ter consequências graves e duradouras.”
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