Saiba o que revela um teste genético
O exame proporciona um maior autoconhecimento, ajudando a entender melhor sua história, a origem de seus antepassados e a cuidar da saúde de forma personalizada
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Siga noVocê pensou algum dia que pudesse ter em mãos uma análise detalhada do seu DNA, de seus antepassados para, posteriormente, saber quais decisões tomar acerca de sua saúde no futuro? Nos últimos anos, cada vez mais, médicos geneticistas e pesquisadores de outras áreas têm se debruçado sobre o genoma dos povos. A genômica é o ramo da biologia que estuda o genoma de um organismo, ou seja, o material genético do indivíduo.
Enquanto a genética se concentra em determinados genes, a genômica é uma área mais ampla, e é responsável por analisar e interpretar grandes quantidades de dados e informações genéticas.
Um estudo publicado em maio deste ano pela revista Science, assinado por 24 especialistas de 12 instituições, apresentou o seguinte dado: o Brasil tem mais de 8,7 milhões de novas variantes de genomas. Para esse resultado, participaram do estudo 2.723 brasileiros, que praticamente representam todas as regiões do país. Os autores da pesquisa destacam que a descoberta de milhões de novas variantes ajudam a identificar, inclusive, genes específicos ligados a doenças.
No Brasil, há vários laboratórios de genética que desempenham funções que vão desde a análise especializada em busca de informações sobre familiares e suas ramificações, passando pela identificação mais ágil de patologias e da ancestralidade, até a projeção de risco ou necessidade de intervenções médicas futuras. O resultado dos testes genéticos, inclusive, é fundamental não apenas para o paciente, mas também para toda a sua família, já que agiliza os processos de tomada de decisão quanto a fazer ou não uma cirurgia ou recorrer a um procedimento menos invasivo.
Segundo Ricardo di Lazzaro, médico geneticista e cofundador da Genera, marca que faz parte da Dasa, devido à mistura de raças - indígenas, africanos, europeus, asiáticos, povos do Oriente Médio etc. - que caracteriza o povo brasileiro, há também uma diversidade de grupos étnicos, com diferentes culturas, diferentes línguas, não só culturalmente, como geneticamente entre si. “A genética veio muito para conseguir elucidar esse gap de falta de documentação por parte dos brasileiros, que, em parte, teve a história apagada pelo processo de colonização do Brasil. Na verdade, a genética vem trazendo uma resposta para tudo isso”, explica.
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O exame é feito a partir da coleta de sangue ou de saliva - contendo DNA, sendo uma alternativa interessante para quem deseja saber, por exemplo, sua origem completa. No caso do laboratório Genera, desde sua criação, em 2020, foram realizados mais de 400 mil testes que integram um banco de dados genéticos, com acesso a mais de 850 estudos científicos e cobertura de 108 populações genéticas. Recentemente, foi criada uma assinatura anual - Genera Sempre - com foco na saúde personalizada.
Uma pesquisa feita pelo próprio laboratório mostrou que 64% dos clientes relataram mudanças positivas em seus hábitos de saúde após o início do acompanhamento contínuo — incluindo melhorias na alimentação, aumento na prática de exercícios físicos e maior busca por orientação médica. “É um movimento alinhado às tendências internacionais de medicina de precisão, na qual dados genéticos deixam de ser arquivados e passam a ser continuamente atualizados e aplicados. Nossa proposta é transformar um exame único em uma jornada viva de cuidado com a saúde”, acrescenta Ricardo.
COMO FUNCIONA
O teste oferece acesso recorrente a relatórios personalizados baseados no DNA do consumidor, com informações sobre predisposições hereditárias, como hipertensão arterial, esclerose múltipla e certos tipos de câncer — incluindo o de pulmão. Além disso, o serviço traz análises relacionadas ao bem-estar, como metabolismo e alergias. É importante reforçar que para aderir é necessário primeiro realizar a compra e o teste genético e quem já o fez anteriormente também pode assinar o serviço.
A cada mês, três novos relatórios são liberados e o assinante conta com o suporte de um profissional da saúde para interpretação dos dados. Além de ampliar o acesso à genômica, o serviço adota um modelo escalável de receita recorrente, apostando na atualização constante com base nas mais recentes descobertas científicas — uma proposta que une personalização, prevenção e tecnologia no cuidado com a saúde.
PERFIL DOS PACIENTES
Ricardo comenta que o perfil das pessoas que buscam por testes genéticos é bastante diversificado. “Participam tanto homens quanto mulheres, numa proporção quase idêntica, de pessoas mais jovens ou pessoas mais velhas. Se fôssemos traçar um perfil mais comum, seria de uma pessoa entre 40 e 45 anos, que já tem uma preocupação com a saúde, tem interesse, curiosidade sobre a área científica, tecnológica, educacional, e que realiza o teste justamente para saber tudo sobre o próprio DNA”, comenta. As principais razões pelas quais as pessoas fazem o teste incluem ancestralidade e origem, e, em segundo lugar, questões mais relacionadas ao risco de doenças e à saúde em geral.
TRÊS PERGUNTAS PARA:
Ricardo di Lazzaro - médico geneticista e cofundador da Genera
Como nasceu a ideia de atuar nessa área de genética? A Genera é parceira de alguma empresa no exterior?
Eu, particularmente, Ricardo, sempre tive bastante curiosidade sobre a área de genealogia, sobre a origem genética. Um ano antes da fundação da Genera, eu tive a oportunidade de fazer uma viagem internacional e fazer um desses testes que já estavam disponíveis fora do Brasil, e foi incrível. Acho que me fez muito pensar na importância que esse tipo de análise teria para o brasileiro, um povo super miscigenado, o que cada brasileiro pode ter dentro de seu genoma, dentro de seu DNA, ou seja, partes de povos do mundo todo, de todos os continentes do planeta. Então, é a partir daí que tivemos ideia de que a gente tinha que fazer algo aqui no Brasil, e começamos a Genera.
Quais são os especialistas que trabalham na Genera? De onde vem essa tecnologia?
Hoje, o time da Genera é bastante diverso. Temos tanto especialistas em biologia e genética, que atuam mais em laboratório, quanto de bioinformatas, profissionais que sabem muita biologia e muita computação para desenvolvimento de algoritmos e processamento dos dados genéticos. Além disso, a gente tem, como parceiros, consultores, médicos, aconselhadores genéticos e nutricionistas. Todos com especialização em genética. É importante destacar que a tecnologia da Genera é baseada no que é chamado de SNP Array, técnica que consegue fazer uma leitura das principais variações genéticas humanas com um preço mais acessível e com o sequenciamento genético completo. Isso permite que a gente tenha uma série de insights. Com algoritmos próprios, desenvolvidos, baseado em artigos da literatura científica, a gente pode trazer todas as informações relacionadas à ancestralidade, à saúde e ao bem-estar.
Em algum momento, no futuro, é possível que esses exames sejam disponibilizados nos planos de saúde ou mesmo no SUS?
Cada vez mais, testes genéticos, em geral, vêm sendo incluídos tanto nos rols de procedimentos cobertos pelos planos de saúde como, em alguns casos, no SUS. Além disso, existem alguns projetos de lei que buscam colocar os testes de ancestralidade como reparação histórica para alguns grupos, como negros e pardos. É claro que os testes vêm evoluindo muito, cada vez trazendo informações mais precisas e mais robustas, tanto para o cuidado da saúde quanto para a identificação de identidade.
Eu imagino que, com o passar dos anos, com uma continuidade na redução do custo do teste, haja uma evolução dos algoritmos, principalmente que funcionem cada vez melhor para nossa população. Os benefícios a serem apresentados com o teste, com certeza, vão superar o investimento, o que fará sentido, sim, oferecê-lo tanto em planos de saúde quanto no SUS.