Principal causa de morte: os desafios da saúde cardiovascular no Brasil
Com a sanção da Lei 14.747/2023, Setembro passou a ser oficialmente o Mês de Conscientização sobre Doenças Cardiovasculares
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Siga noAs doenças cardiovasculares seguem como a principal causa de morte no Brasil, responsáveis por quase 400 mil óbitos por ano, segundo o Ministério da Saúde. Isso significa uma vida perdida a cada 90 segundos. Estima-se que cerca de 14 milhões de brasileiros convivam com algum tipo de problema cardíaco. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta que até 80% dessas mortes poderiam ser evitadas com prevenção, hábitos saudáveis e diagnóstico precoce.
Com a sanção da Lei 14.747/2023, setembro passou a ser oficialmente o Mês de Conscientização sobre Doenças Cardiovasculares. A iniciativa fortalece o Setembro Vermelho, que busca ampliar o acesso à informação e estimular a realização de exames periódicos, além do acompanhamento médico regular.
Um dos pontos que mais preocupam especialistas são os casos de morte súbita em pessoas aparentemente saudáveis. “Indivíduos sem sintomas podem esconder cardiopatias genéticas ou arritmias silenciosas, que, sem detecção, evoluem para eventos fatais. Exames preventivos são fundamentais para evitar fatalidades”, alerta a cardiologista Patrícia Tavares Felipe, coordenadora do serviço de Cardiologia da Rede Mater Dei de Saúde de BH.
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Cardio-oncologia
Entre as frentes mais estratégicas da cardiologia está a cardio-oncologia, especialidade dedicada ao acompanhamento de pacientes em tratamento oncológico.
“Terapias anticâncer, embora eficazes contra o tumor, podem trazer efeitos colaterais importantes para o coração. Nosso trabalho é monitorar, prevenir e ajustar condutas para que o tratamento oncológico não seja comprometido, mas sem descuidar da saúde cardiovascular”, explica Patrícia.
A integração entre cardiologia e oncologia garante diagnósticos rápidos e condutas personalizadas, com suporte multiprofissional. “O paciente oncológico já vive um momento delicado, e nosso objetivo é oferecer um cuidado humano, seguro e acolhedor, que reduza riscos e preserve a qualidade de vida”, reforça a especialista.
Mulheres e saúde do coração
A especialista destaca ainda que mulheres merecem atenção diferenciada. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), são contabilizadas mais de 1,1 mil mortes diárias decorrentes de alguma patologia do coração. Porém, quando se compara aos homens, verifica-se que as mulheres têm maior predisposição para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
“As mulheres podem apresentar sintomas atípicos, como falta de ar, náuseas ou dor na mandíbula, em vez da clássica dor no peito. Protocolos ajustados são fundamentais para evitar diagnósticos equivocados”, pontua.
A gestação, o climatério e a menopausa também exigem cuidado especializado. “Essas fases envolvem mudanças hormonais significativas que impactam diretamente o coração e a circulação.
Prevenção
De acordo com a cardiologista, o check-up cardiovascular é a principal ferramenta de prevenção. O acompanhamento para os casos indicados inclui exames laboratoriais, de imagem e tecnologias avançadas, como escore de cálcio coronariano e ressonância cardíaca.
“O check-up permite que a pessoa conheça seus números – pressão arterial, colesterol, glicemia – e receba orientações personalizadas. Trabalhamos com prevenção primária, para evitar que a doença apareça; secundária, para reduzir riscos em quem já tem diagnóstico; e terciária, com recursos de alta complexidade para pacientes que precisam de intervenções como angioplastia, stent, cirurgias convencionais, marca-passos, cirurgia cardíaca robótica, ablação, procedimentos percutâneos valvares e de cardiopatia congênita. O objetivo é simples: prevenir complicações antes que elas aconteçam”, enumera.