Uma década sem casos de raiva humana transmitida por cães; entenda
Ainda assim, a vacinação anual contra o vírus da raiva canina é essencial diante dos casos de morcegos infectados
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Siga noO Ministério da Saúde divulgou na última segunda-feira (29/9) que o Brasil não registra, há dez anos, casos de raiva humana transmitida por variantes virais típicas de cães (AgV1/AgV2). O último caso de raiva humana registrado no país ocorreu em 2015, no Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com a Bolívia. Ainda assim, a raiva continua sendo uma ameaça relevante à saúde pública.
Entre 2023 e 2025, o Ministério da Saúde (MS) investiu cerca de R$ 231 milhões por ano em imunização. “Um resultado histórico, fruto de campanhas de vacinação de cães e gatos, distribuição gratuita de vacinas e soros para toda a população, e dedicação incansável dos profissionais do SUS. Enquanto o mundo ainda registra cerca de 60 mil mortes todos os anos por raiva canina, o Brasil já é uma referência global, mostrando que o SUS, com a estratégia ‘Uma só saúde’, é capaz de proteger a vida das pessoas e dos animais”, destacou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão.
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O que é raiva?
A raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus da família Rhabdoviridae e apresenta letalidade de 100%. A transmissão ocorre do animal infectado para o ser humano, principalmente por mordedura. Embora não tenha cura, a doença pode ser prevenida por meio da vacinação.
Desde 1973, o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR) tornou obrigatória a vacinação antirrábica de cães e gatos em todo o território nacional. De acordo com o Ministério da Saúde, essa medida foi essencial para reduzir de forma expressiva os casos da doença em animais domésticos e para manter o controle no país.
Até 2026, o Brasil deve entregar à OPAS/OMS o Dossiê de Eliminação da Raiva Humana Transmitida por Cães, reunindo mais de uma década de evidências epidemiológicas. Caso seja validado, o Brasil será o segundo país das Américas a receber o reconhecimento, depois do México.
Alerta
O registro anual de casos de morcegos (AgV3) infectados pela raiva reforça a necessidade de cães e gatos receberem a vacina anualmente. A imunização pode ser feita em campanhas públicas ou diretamente em estabelecimentos médico-veterinários.
“A vacinação anual é indispensável. Ela oferece uma proteção eficaz aos animais e, ao mesmo tempo, contribui para o controle da circulação da doença entre espécies, reduzindo o risco de transmissão aos humanos”, afirma médica-veterinária Kathia Soares, da MSD Saúde Animal.
Quais são os sintomas?
O período de incubação, ou seja, o tempo entre o contato com o vírus e o aparecimento dos primeiros sinais da doença, varia entre as espécies — podendo ir de dias até anos.
Nos animais, a raiva provoca:
- Distúrbios neurológicos
- Alterações comportamentais
- Paralisia progressiva
Entre as mudanças de comportamento, podem ocorrer:
- Apatia
- Agressividade
- Isolamento
Já os sinais de paralisia geralmente incluem:
- Andar cambaleante
- Dificuldade para engolir
Em cães e gatos infectados, a eliminação do vírus pela saliva pode ocorrer de dois a cinco dias antes do surgimento dos sinais clínicos. A morte costuma acontecer entre cinco e sete dias após o início das manifestações.
Nos seres humanos, os sintomas iniciais incluem:
- Pequeno aumento de temperatura
- Dor de cabeça
- Náuseas
- Inquietude
À medida que a doença avança, surgem manifestações mais graves, com evolução para paralisia e morte.