Aparelhos ortodônticos vendidos pela internet e em redes sociais, sem registro sanitário ou acompanhamento profissional, têm se popularizado entre adolescentes e jovens. O modismo, impulsionado por vídeos e tutoriais digitais, preocupa dentistas, que alertam para os riscos graves e muitas vezes irreversíveis à saúde bucal.

De acordo com a cirurgiã dentista, mestre em odontopediatria, especialista em ortodontia e ortopedia facial, responsável pela Segredo Sorriso, Karla Magalhães Alves,  a principal diferença entre um dispositivo legítimo e um falsificado está na segurança do material e na indicação clínica.

“Um aparelho ortodôntico verdadeiro é confeccionado com materiais biocompatíveis, regulamentados e aplicados exclusivamente por cirurgiões-dentistas após diagnóstico individualizado. Já os falsos utilizam fios de cobre, braquetes de origem duvidosa e colas tóxicas, sem qualquer critério de biossegurança.”

Danos que vão além da estética

Os riscos não se restringem à aparência do sorriso. Entre os problemas relatados estão movimentações dentárias descontroladas, desgaste do esmalte, perda óssea, inflamações e até perda definitiva de dentes.

Karla cita casos graves como o de paciente que perdeu dentes porque um elástico improvisado ficou preso na raiz. “Já uma jovem desenvolveu inflamação severa e perda óssea após anos usando elásticos caseiros”.

Além do comprometimento estético, os dispositivos clandestinos podem afetar funções essenciais. “A aplicação de forças descontroladas pode alterar a mordida, prejudicar a mastigação, comprometer a respiração e gerar dores nas articulações temporomandibulares. Não é só um problema de sorriso: é um impacto direto na saúde geral.”

Substâncias tóxicas e risco sistêmico

Exames já detectaram metais pesados como chumbo, alumínio e cádmio em aparelhos falsificados. Essas substâncias, segundo a especialista, em contato prolongado com a mucosa, podem desencadear alergias, intoxicações e até doenças mais graves.

“As colas utilizadas são abrasivas e tóxicas, podendo lesar o esmalte, soltar braquetes e fios e até representar risco de asfixia, caso o material seja aspirado.”

Influência das redes sociais

Para a ortodontista, a adesão dos jovens ao modismo é explicada pela pressão digital. “Muitos adolescentes veem nesses aparelhos coloridos um acessório de moda, sem compreender os riscos. A combinação de desinformação, baixo custo e desejo de seguir tendências cria um cenário perigoso.”

O que fazer em caso de uso

Quem já utiliza um dispositivo ilegal deve suspender o uso imediatamente e buscar avaliação odontológica. “Somente o exame clínico e radiográfico pode identificar os danos causados. Muitas vezes será necessário um tratamento multidisciplinar para reparar as sequelas. Quanto mais cedo a intervenção, maiores as chances de evitar prejuízos irreversíveis”, reforça.

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