Uma das campanhas mais importantes, o Outubro Rosa conduz ações que visam ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento do câncer de mama. Com o slogan “Juntos somos mais fortes, para todos” e o site, a iniciativa busca ampliar o acesso a informações confiáveis para esclarecer dúvidas da população.

A ação une sete associações médicas que ao longo do ano atuam para analisar e atualizar indicações clínicas, ampliar o rastreamento da neoplasia, conscientizar e desmentir fake news. A campanha 2025 integra: Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), Sociedade Brasileira de Genética Médica (SBGM), Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).  

A ação coordenada pelas entidades médicas também conta com a participação dos personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. A proposta, segundo Tufi Hassan, presidente da SBM, é expandir a abrangência das informações, envolvendo principalmente o público jovem. 

 

Dados atuais

Segundo projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país deve registrar 74 mil novos casos no encerramento do triênio 2023-2025. Dados do Painel Oncologia Brasil, analisados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), revelam que mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com a doença no país entre 2018 e 2023 – média de uma em cada três pacientes com o tumor. 

O levantamento mostra ainda que, entre as mulheres de 40 a 49 anos, foram registrados 71.204 casos de câncer de mama, enquanto 19.576 mulheres de 35 a 39 anos também receberam o diagnóstico da enfermidade. Esse grupo etário representa 33% do total de casos no período. Ou seja, o câncer de mama tem avançado entre jovens brasileiras.

Para a oncologista Laís Mendes, da Cetus Oncologia, a ocorrência de mais casos em mulheres abaixo dos 50 anos pode estar associada, principalmente, ao estilo de vida das pacientes. Fatores como aumento da obesidade e uso desenfreado de reposição hormonal, sem acompanhamento médico adequado, influenciam nos diagnósticos. “O aumento do consumo de álcool e cigarro, o sedentarismo e uma dieta rica em gordura saturada e pobre em fibras, frutas e vegetais também corroboram para esse cenário.”

Ainda segundo a especialista, a gravidez tardia, após os 40 anos, ou a ausência de gestações são fatores que podem deixar as mulheres mais suscetíveis a um possível diagnóstico. “A amamentação é um fator protetor”, pontua.

Mamografia a partir dos 40 anos

Uma decisão de setembro do Ministério da Saúde acompanha a recomendação das entidades médicas, que já alertavam para o crescimento dos casos de câncer de mama em mulheres mais jovens. Com isso, a pasta passa a recomendar a realização “sob demanda”, mediante vontade da paciente e indicação médica, da mamografia dos 40 aos 49 anos no Sistema Único de Saúde (SUS), sem rastreamento obrigatório a cada dois anos. 

Segundo o cirurgião oncológico e presidente da SBCO, Rodrigo Nascimento Pinheiro, no Brasil já não era proibida a realização da mamografia antes dos 40 anos, mas não havia uma recomendação formal do Ministério da Saúde para essa realização.

“Um percentual grande das mulheres brasileiras, cerca de 30%, apresentam câncer de mama com idade inferior aos 50 anos. Por isso, é muito importante reforçar o rastreamento em idades mais jovens, pois podemos beneficiar muitas pacientes no país trazendo diagnósticos precoces e, consequentemente, tratamentos mais efetivos”, explica.

Já de acordo com a SBM, a necessidade do rastreamento mamográfico a partir dos 40 anos é sustentada por estudos científicos conduzidos pela própria entidade e apresentados em eventos de sociedades médicas internacionais, como a ASCO (American Society of Clinical Oncology). Uma dessas pesquisas, realizada em conjunto com o Centro Avançado de Diagnóstico de Doenças da Mama (CORA) da Universidade Federal de Goiás, mostrou um panorama inédito sobre o rastreamento da doença no Brasil na última década. 

Com base em informações extraídas de bancos de dados do SUS (DataSUS), no período de 2013 a 2022, o estudo constatou que, entre mulheres de 40 a 49 anos, a média de exames realizados chegou a 22% em uma década. No mesmo período analisado, 54% dos casos diagnosticados estavam nos estágios III e IV, os mais avançados da doença.

O estudo também traz dados sobre mulheres de 50 a 69 anos, faixa que o Ministério da Saúde prioriza para a realização da mamografia. Nesse grupo, 33% estão incluídas no rastreamento mamográfico, com 48% dos diagnósticos nos estágios III e IV.

Para a faixa de 50 a 74 anos, o rastreamento é bienal. Acima dos 74 anos, a decisão é individualizada, de acordo com comorbidades e expectativa de vida. Antes restrita a mulheres de até 69 anos, a expansão da faixa até 74 anos representa, segundo Tufi Hassan, um benefício importante para a população, que agora tem mais acesso ao exame.

Apesar de não ser considerado ameaçado, o desmatamento e a degradação da floresta amazônica podem impactar suas populações. Gerry van Tonder/iNaturalist
Sua presença indica equilíbrio ambiental e boa conservação dos habitats onde vive, ou seja, ele é um indicador biológico relevante em estudos ecológicos e ambientais. Rogério Gribel/iNaturalist
Por ser um predador de invertebrados, esse escorpião desempenha um papel importante no controle de populações de insetos na floresta amazônica. Wikimedia Commons/Ythier E (2018)
Este escorpião tem hábitos noturnos e vive principalmente no solo da floresta. Durante o dia, costuma se esconder sob troncos caídos, folhas e pedras. Reprodução/YouTube
O veneno do Brotheas amazonicus é considerado de baixa toxicidade para pessoas, sendo utilizado primariamente para paralisar e capturar presas pequenas, como insetos. Artur Moes/UERJ
Diferentemente de outras espécies mais conhecidas e temidas por seu veneno potente, como o escorpião-amarelo, o Brotheas amazonicus não representa grande perigo para os seres humanos. flickr - José Roberto Peruca
É considerado um escorpião de porte médio, com adultos medindo entre 4 e 6 centímetros. Reprodução/YouTube
O Brotheas amazonicus é uma espécie de escorpião pertencente à família Chactidae, endêmica da região amazônica, especialmente encontrada em áreas de floresta tropical no Brasil. Reprodução/YouTube
A técnica vem sendo aplicada em diversos tipos de câncer, como os de fígado, pulmão, tireoide e sarcomas, além de mielomas múltiplos. Unsplash/National Cancer Institute
No Centro de Inovação Teranóstica em Câncer (CancerThera), em Campinas, outra abordagem está sendo desenvolvida: a utilização de moléculas marcadas com radioisótopos para diagnosticar e tratar o câncer simultaneamente. Divulgação
O produto, atualmente em fase 3 de testes clínicos, tem sido avaliado para aplicações como colagem de nervos, tratamento de fraturas e recuperação de lesões medulares. Harlie Raethel/Unsplash
Um dos principais resultados é o selante de fibrina, uma espécie de cola biológica usada na medicina, feita com enzimas de veneno de serpentes e crioprecipitados sanguíneos. Reprodução/TV Unesp
Além desse avanço, outras pesquisas no Brasil estão explorando substâncias de animais peçonhentos para desenvolver outros tratamentos inovadores. Reprodução do Youtube Canal Butantan
Essa pesquisa integra um esforço mais amplo, voltado para o desenvolvimento de biofármacos a partir de moléculas bioativas extraídas de venenos. Reprodução/YouTube
O estudo foi apresentado durante o evento FAPESP Week França, em junho de 2024. Elton Allison/Agência FAPESP
Os testes iniciais mostraram que essa toxina age principalmente por necrose, um mecanismo eficaz contra o câncer. Chokniti Khongchum por Pixabay
Eles revelaram que a toxina isolada – chamada BamazScplp1 – tem ação semelhante à do quimioterápico paclitaxel, frequentemente usado no tratamento da doença. Divulgação/Thiago G. Carvalho
Os estudos foram conduzidos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Wikimedia Commons/União da Juventude Mestiça
Pesquisadores brasileiros descobriram que o veneno do escorpião Brotheas amazonicus, espécie comum da região amazônica, pode se tornar um poderoso aliado no tratamento do câncer de mama. Pedro Ferreira Bisneto/iNaturalist

E o autoexame?

Laís Mendes reforça que o autoexame das mamas já não é mais considerado um método altamente eficaz, como era propagado no passado. “É óbvio que ele é o primeiro e importante passo para a mulher conhecer o próprio corpo, mas, infelizmente, não é capaz de detectar nódulos minúsculos que ainda não são palpáveis, mas apenas vistos por meio das modernas tecnologias dos mamógrafos.”

Além de caroços na região mamária, saída de secreção no mamilo, alteração na pele da mama e feridas locais que não cicatrizam também acendem alerta para uma investigação médica.

Quanto aos tratamentos, a oncologista enfatiza que atualmente as terapias estão mais assertivas e com menos efeitos colaterais, o que contribui, inclusive, para cirurgias de mama menos agressivas.

“O câncer de mama é um dos que a medicina mais estuda. Então, os métodos terapêuticos estão em constante atualização”, destaca, acrescentando que, hoje, além da imunoterapia, existem tratamentos hormonais avançados capazes de aumentar bastante a sobrevida das pacientes ou até mesmo os índices de cura.

Já sobre o diagnóstico, a especialista pontua que, felizmente, não há mais motivos para que o câncer de mama seja tão temido como antigamente. A identificação precoce da neoplasia pode levar a uma taxa de cura de até 95% ou mais.

“O rastreamento continua fundamental para descobrir a doença em estágio inicial, pois quanto mais avançado o diagnóstico, mais agressivo é o tratamento. É essencial que a mulher insira na rotina o autoexame e o acompanhamento via mamografia, e não deixe de procurar atendimento especializado diante de qualquer nódulo suspeito.”

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