Mounjaro: como o novo análogo de GLP-1 muda o tratamento da obesidade?
Medicamento potencializa os efeitos da perda de peso ao contribuir para maior saciedade e controle glicêmico; opção ainda não foi incorporada pelo SUS
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O lançamento do Mounjaro (tirzepatida) no Brasil movimentou o mercado da saúde e trouxe novas perspectivas para quem luta contra a obesidade. O medicamento, que já fazia sucesso em outros países, é considerado um dos análogos de GLP-1 mais promissores, por atuar não apenas na saciedade, mas também no controle da glicemia, ajudando a reduzir o risco de doenças relacionadas, como diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade já afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, e no Brasil a prevalência da doença cresce de forma alarmante. Nesse cenário, o Mounjaro surge como uma alternativa inovadora para auxiliar no emagrecimento saudável.
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“O Mounjaro se diferencia de outros medicamentos da mesma classe porque combina a ação no receptor de GLP-1 e no receptor de GIP, o que potencializa seus efeitos. Isso significa mais controle da fome, melhora no metabolismo da glicose e, consequentemente, resultados ainda mais expressivos na perda de peso”, explica a médica Gisele Carvalho, especializada em emagrecimento com saúde, tratamento da obesidade e cuidados na menopausa e andropausa.
No entanto, a médica reforça que o uso deve ser sempre acompanhado por um especialista. “Não existe milagre. O medicamento precisa estar associado à mudança de hábitos, como alimentação equilibrada e atividade física. Só assim o resultado é sustentável”, alerta.
Apesar da empolgação, o preço ainda é um grande desafio. O valor de um tratamento mensal com Mounjaro ultrapassa R$ 1.500 em muitos casos, podendo chegar a mais de R$ 2.000, dependendo da dose, da farmácia e dos impostos estaduais.
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“É um divisor de águas no tratamento da obesidade, mas, infelizmente, ainda inacessível para muitos brasileiros. Precisamos ampliar o debate sobre a incorporação desse tipo de terapia tanto no mercado de saúde suplementar quanto no Sistema Único de Saúde (SUS). O impacto positivo na saúde pública pode ser muito maior do que o custo inicial”, ressalta Gisele.
Outro ponto que chama a atenção é a grande procura pelo medicamento. Desde o lançamento no país, alguns pacientes relatam dificuldade em encontrar o Mounjaro disponível em farmácias de determinadas localidades.
“A busca é tão intensa que, em algumas regiões, há relatos de falta de estoque. Isso mostra o quanto a população está interessada em novas alternativas para tratar a obesidade, mas também reforça a necessidade de ampliar a oferta e garantir o acesso de forma mais equilibrada”, comenta a médica.
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Enquanto o SUS ainda não disponibiliza o Mounjaro para tratar a obesidade, especialistas defendem que a incorporação poderia reduzir gastos com complicações associadas, como hipertensão e doenças cardiovasculares.
No setor privado, alguns planos já discutem a inclusão desse medicamento em seus protocolos. “Investir nesse tipo de tratamento pode representar, no futuro, menos custos com internações e complicações graves. É uma mudança de paradigma que precisa ser avaliada de forma estratégica”, complementa a médica.
Para Gisele, a chegada do Mounjaro ao Brasil representa esperança. “Estamos diante de um momento histórico no tratamento da obesidade. Pela primeira vez, temos um medicamento tão eficaz e com potencial de transformar vidas. O grande desafio agora é garantir que ele esteja ao alcance de todos, e não apenas de uma elite”, destaca.
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