DIA MUNDIAL DA VISÃO

Ingestão de 10 ml de metanol pode comprometer gravemente a visão

Oftalmologista explica como a substância afeta o nervo óptico e reforça a importância do diagnóstico precoce

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Casos recentes de consumo de bebidas alcoólicas adulteradas têm resultado em vítimas com cegueira permanente e óbitos. Neste dia 9 de outubro, data que marca o Dia Mundial da Visão, um alerta para a importância da saúde ocular e combate à cegueira é confrontado pelo surto de intoxicação por metanol no Brasil. 

Dados mais recentes do Ministério da Saúde indicam mais de 230 casos suspeitos em investigação e 24 confirmados, concentrados majoritariamente em estados como São Paulo e Pernambuco, com 11 óbitos sendo apurados pelas autoridades no país. Segundo dados da revista científica "Nature", a ingestão de apenas 10 ml de metanol diluído em uma bebida é suficiente para causar lesões neuro-oftalmológicas graves, e 30 ml podem ser fatais.

Fabiana Athayde Martins Araújo, oftalmologista da Afya Ipatinga, explica que quando o metanol entra em nosso corpo ele é transformado em ácido fórmico, tornando-se o principal agente causador dos sintomas e cegueira. 

“O ácido fórmico atrapalha o funcionamento das mitocôndrias, que são como usinas de energia dentro das células. O nervo óptico, que é responsável por levar as informações da visão do olho até o cérebro, precisa de muita energia para funcionar bem, então ele é um dos primeiros a ser afetado. Quando isso acontece, os “fios” dos neurônios começam a se danificar, e as células da retina que mandam os sinais visuais para o cérebro começam a morrer. Isso pode levar à perda parcial ou total da visão, um quadro chamado neuropatia óptica tóxica.”

A ofatamologista ainda ressalta que os sintomas visuais da intoxicação por metanol geralmente começam entre 12 e 24 horas após a ingestão, com uma visão borrada ou embaçada, como se houvesse uma névoa.

“Podem surgir manchas escuras no centro do campo visual, dificuldade para enxergar cores, principalmente o vermelho, e perda rápida da acuidade visual, que pode evoluir até a cegueira. As pupilas também podem parar de reagir normalmente à luz. Um sinal que ajuda a diferenciar esse quadro de outros problemas oculares é a perda de visão nos dois olhos de forma rápida, com pupilas alteradas, mas sem alterações visíveis no fundo do olho nos primeiros exames, o que é típico da neuropatia óptica por metanol.”

Exames de urgência 

Na suspeita de intoxicação por metanol, alguns exames oftalmológicos podem ser fundamentais já nas primeiras horas, com o exame do fundo do olho podendo estar normal no início, mas em pouco tempo pode revelar edema (inchaço) do nervo óptico, seguido por palidez ou sinais de atrofia

“A capacidade visual geralmente já está reduzida de forma importante logo na avaliação inicial. Quando disponível, o campo visual computadorizado pode mostrar escotomas centrais (áreas com perda de visão), típicos do quadro. A tomografia de coerência óptica (OCT) pode detectar precocemente o inchaço do nervo óptico e, em fases mais tardias, o afinamento da camada de fibras nervosas da retina. Os potenciais evocados visuais (PEV) ajudam a confirmar a lesão, indicando falhas ou ausência na condução dos sinais pelo nervo óptico”, explica. 

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