Mais de 70% da população têm alterações do sono; dormir bem evita doenças
No Dia da Saúde Mental, especialistas alertam: dormir bem é essencial para a qualidade de vida,sem transtornos mentais e outras doenças
compartilhe
SIGA

Celebrado anualmente em 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental reforça a importância da conscientização sobre os cuidados com o bem-estar psicológico e físico. De acordo com o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira do Sono (ABS), 72% dos brasileiros sofrem com alterações no sono, sendo que mais da metade (56% a 74%) enfrentam episódios recorrentes de insônia ao longo do ano, e quase metade desses casos (46%) convive com o problema de forma contínua por até três anos.
Além de causar desequilíbrios fisiológicos e aumentar o risco de doenças, as noites mal dormidas têm impacto direto sobre a saúde mental. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), só em 2020, ano marcado pelo início da pandemia, os casos de depressão e ansiedade aumentaram 25%, evidenciando o vínculo entre o sono e o equilíbrio emocional.
“Episódios recorrentes de dificuldade para iniciar o sono e despertares noturnos estão associados à redução da qualidade do sono e aumento de risco para doenças mentais. Por isso, é fundamental buscar acompanhamento médico especializado em Medicina do Sono a fim de obter um diagnóstico e tratamento preciso nos casos de insônia”, afirma Alan L. Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono da USP de Ribeirão Preto.
Sem o tratamento adequado, os distúrbios do sono podem agravar doenças crônicas e agravar transtornos ligados à saúde mental, impactando diretamente a qualidade de vida do paciente. Entre os principais impactos estão: envelhecimento precoce; diabetes; obesidade; aumento da pressão arterial; AVC; crises de asma; alterações de humor; ansiedade; depressão e absenteísmo.
Como melhorar a qualidade do sono
Uma das formas mais eficazes de restaurar o equilíbrio é adotar práticas conhecidas como “higiene do sono”, que combinam ambiente adequado e rotina consistente para dormir melhor. Boas práticas de higiene do sono incluem:
-
Manter horários regulares para dormir e acordar, inclusive aos finais de semana;
-
Criar um ambiente escuro, silencioso e com temperatura agradável (entre 18°C e 22°C);
-
Evitar cafeína, nicotina e álcool pelo menos 6 horas antes de dormir;
-
Limitar cochilos a no máximo 45 minutos, preferencialmente antes das 15h;
-
Praticar exercícios físicos regularmente, evitando treinos intensos à noite;
-
Estabelecer rituais relaxantes, como leitura, música suave ou banho morno;
-
Desconectar-se de telas pelo menos uma hora antes de deitar-se, reduzindo a exposição à luz azul.
Uso excessivo de drogas-Zs: um alerta crescente
O cenário do sono no Brasil também chama atenção pelo uso crescente de drogas-Zs (classe de medicamentos indicados para insônia). Durante a pandemia, a comercialização desses psicofármacos aumentou significativamente, com crescimento de 17% em 2020 e mais 13% em 2021, com destaque para o zolpidem, cujo consumo cresceu 113% entre 2019 e 2021.
“A insônia crônica é cada vez mais prevalente e, com isso, cresce também o uso indevido das drogas-Zs. O grande desafio é estabelecer protocolos eficazes para a realização do desmame seguro do medicamento e identificar quais pacientes realmente se beneficiam desse tipo de medicação por um tempo curto de tratamento, evitando a dependência futura”, explica. Alan Eckeli, especialista em medicina do sono.