O Ministério da Saúde anunciou que passará a recomendar a realização da mamografia a partir dos 40 anos, antecipando em dez anos o exame que até então era indicado apenas para mulheres acima dos 50. A medida é estratégica: a faixa dos 40 aos 49 anos concentra 23% dos casos de câncer de mama no país.

Antes da mudança, os exames de mamografia via SUS em mulheres com menos de 50 anos já representavam 30% do total, o que equivaleu a mais de 1 milhão de exames apenas em 2024.

Paralelamente, a comunidade médica celebra a incorporação de novos medicamentos que transformam o cenário do tratamento no país, neste primeiro momento na rede particular de saúde. Recentemente foi aprovado o uso do Ribociclib como terapia adjuvante, somando-se ao abemaciclib, já disponível no Brasil, que apresentou resultados inéditos de ganho em sobrevida global.

Ambos pertencem à classe dos inibidores de ciclina, fármacos que reduzem o risco de recorrência e ampliam significativamente a chance de cura, especialmente no subtipo luminal da doença, associado ao hormônio feminino.

“O impacto é imenso: estamos falando de reduzir a volta da doença e de salvar milhares de vidas. O abemaciclib já mostrou ganho em sobrevida global, e agora temos duas opções aprovadas que mudam completamente o tratamento adjuvante no Brasil”, explica Fernando Zamprogno, oncologista e coordenador de oncologia do Grupo Kora Saúde.

Além dos inibidores de ciclina, explica o especialista, outros recursos ganham espaço no arsenal contra o câncer de mama, como a trastuzumabe emtansina em contextos de adjuvância e metástase, a supressão ovariana para potencializar o efeito das terapias hormonais, e o uso de fatores estimuladores de colônia que permitem a aplicação de quimioterapia mais intensa e segura, reduzindo riscos como a neutropenia febril.

"A incorporação dessas estratégias também abre caminho para expandir o tratamento neoadjuvante – anterior à cirurgia – em estágios iniciais da doença. Em determinados subtipos de câncer de mama, de 40% a 60% dos tumores podem desaparecer completamente após essa abordagem", afirma.

Esses avanços, somados ao esforço para ampliar o acesso pelo SUS, representam um marco para a saúde no Brasil. “É um momento de entusiasmo. Ainda temos desafios pela frente, mas estamos diante de uma mudança concreta na forma de diagnosticar e tratar o câncer de mama”, diz o médico.

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