Doença renal crônica: novo tratamento no SUS pode mudar vida de pacientes
Consulta pública avalia remédio que retarda a necessidade de diálise; entenda a importância de participar e como sua opinião pode fazer a diferença
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Uma nova esperança para pacientes com doença renal crônica (DRC) associada ao diabetes tipo 2 está em avaliação no Brasil. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu uma consulta pública para decidir sobre a inclusão de um novo medicamento, a finerenona, no Sistema Único de Saúde (SUS).
A proposta é que a sociedade, incluindo médicos e pacientes, participem da decisão. As contribuições podem ser enviadas até o dia 11 de novembro por meio do site oficial da Conitec. O objetivo é que a decisão final reflita as necessidades de quem convive com a doença.
A iniciativa ocorre em um momento delicado para a saúde renal no país. Estima-se que mais de 150 mil brasileiros dependam de diálise, e muitas clínicas conveniadas ao SUS enfrentam dificuldades estruturais e financeiras para manter o atendimento.
Para Priscila Tanaka, gerente médica da Bayer, a discussão sobre novas terapias assume caráter urgente.“Pacientes com doença renal crônica estão especialmente vulneráveis a complicações. Cada internação evitável não é apenas um custo adicional para o SUS, mas representa riscos que vão desde infecções hospitalares ao agravamento da doença.”
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Ele acrescenta que a consulta pública é uma oportunidade de tornar a decisão mais democrática e representativa. “A participação na consulta pública é essencial. Os médicos trazem a visão científica, os pacientes mostram a realidade do dia a dia e a sociedade ajuda a garantir que a decisão seja justa. Essa participação faz com que a incorporação da medicação seja inclusiva e mais adequada à realidade do Brasil.”
Alívio no sistema de saúde
A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) já emitiu um alerta para o risco de fechamento de unidades, o que agrava a situação dos pacientes e aumenta a fila por um transplante de rim. Por isso, novas alternativas de tratamento são consideradas urgentes.
O acesso a terapias que retardam a progressão da doença é visto como fundamental. O novo medicamento em análise tem o potencial de adiar a necessidade de diálise, um procedimento invasivo que altera profundamente a rotina do paciente.
“O grande impacto da incorporação de finerenona no SUS é garantir que toda a população, e não apenas quem pode pagar, tenha acesso a uma medicação que salva vidas e protege os rins. Para os pacientes, isso significa viver mais tempo com os rins funcionando, menos complicações e mais qualidade de vida. É uma estratégia que promove saúde e equidade ao mesmo tempo”, destaca o nefrologista Roberto Pecoits-Filho.
Evidências científicas apoiam o uso do tratamento. Um estudo chamado “CONFIDENCE”, apresentado no Congresso Europeu de Cardiologia, mostrou que a terapia combinada da finerenona com outro medicamento (empagliflozina) foi mais eficaz para proteger os rins do que o uso isolado de cada um.
Segundo o documento, o tratamento promoveu uma redução de 29% a 32% maior na relação albumina/creatinina, um marcador de lesões renais, em comparação com cada tratamento isolado.
Relação entre diabetes e doença renal
O diabetes é uma das principais causas da doença renal crônica no Brasil. Isso acontece porque o excesso de açúcar no sangue danifica os pequenos vasos dos rins, comprometendo sua capacidade de filtragem. Fatores como hipertensão, obesidade e histórico familiar aumentam o risco.
Nos estágios iniciais, a DRC é silenciosa, o que torna o diagnóstico precoce um desafio. Sintomas costumam aparecer quando a doença já está mais avançada, como inchaço, cansaço e alterações na urina.
Atualmente, 16,8 milhões de brasileiros vivem com diabetes, e a previsão é que esse número alcance 23,2 milhões até 2045. Dentre eles, de 20% a 40% poderão desenvolver DRC ao longo da vida.
Vanessa Pirolo, presidente da federação Vozes do Advocacy, que reúne 27 organizações ligadas ao diabetes, reforça o valor da participação social nesse tipo de decisão. “Participar de uma consulta pública é algo super importante, porque é a forma que o governo tem para ouvir a sociedade. É uma forma de a gente opinar e contribuir com boas ideias para que virem políticas públicas e melhorem o acesso ao tratamento na área da saúde.”
“Na área da saúde, muitas vezes as pessoas não são ouvidas. As consultas públicas são uma das únicas formas de fortalecer a democracia, porque permitem que pacientes e organizações participem das decisões sobre protocolos, medicamentos e políticas. É uma ferramenta essencial para garantir que as decisões sejam realmente boas para quem vive com a doença”, ressalta.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.