A recente entrevista da atriz Jennifer Lawrence à revista The New Yorker, em que ela relata pela primeira vez sua experiência com depressão pós-parto e cita o uso de um novo medicamento à base de zuranolona, reacendeu o debate sobre saúde mental materna.
A fala da artista, amplamente repercutida por veículos internacionais como People e The Cut, reforça a importância de reconhecer a depressão pós-parto (DPP) como uma condição médica tratável e que merece visibilidade.
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O que é a depressão pós-parto?
A DPP é uma das condições médicas mais comuns associadas à gravidez. Os sintomas podem incluir:
- Variações de humor
- Ansiedade
- Dificuldade para estabelecer vínculo com o recém-nascido
- Prejuízos nas atividades diárias
- Sentimento de culpa e inutilidade
- Dúvidas sobre a maternidade
- Pensamentos de autolesão ou de causar dano ao bebê
Quando não tratada, os sintomas da DPP podem persistir além do período pós-parto e levar a morbidades maternas prolongadas, além de repercussões no desenvolvimento infantil.
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), globalmente, cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das mulheres que acabaram de dar à luz sofrem de um transtorno mental, principalmente depressão. No Brasil, estudos indicam que essa prevalência pode ultrapassar 25%, devido a fatores socioeconômicos e ao acesso limitado a cuidados especializados.
A condição pode gerar impacto na relação mãe-bebê, dificultando o desenvolvimento infantil e aumentando os riscos de complicações familiares e sociais.
Para Tatiana Branco, diretora médica da Biogen, o caso da atriz traz luz a um tema ainda cercado de estigma. “O desabafo de uma figura pública como a Jennifer Lawrence tem um papel importante para romper o silêncio e lembrar que a depressão pós-parto não é uma fraqueza, e sim uma condição de saúde que precisa ser acolhida e tratada com responsabilidade e empatia”, afirma.
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Avanços terapêuticos e inovação científica
A zuranolona é um medicamento projetado para restaurar o equilíbrio de sistemas cerebrais impactados pela depressão, oferecendo alívio dos sintomas em um período relativamente curto, com um ciclo de tratamento de 14 dias.
O princípio ativo é um modulador alostérico positivo (PAM) do receptor GABA-A, do tipo esteroide neuroativo (NAS). O sistema GABA é a principal via inibitória de sinalização do cérebro e do sistema nervoso central, contribuindo para a regulação da função cerebral.
A molécula foi descoberta pela Sage Therapeutics, Inc. (Nasdaq: SAGE) e, em 2020, a Biogen e a Sage Therapeutics firmaram uma colaboração para desenvolver e comercializar conjuntamente o tratamento nos Estados Unidos. Como parte do acordo, a Biogen recebeu os direitos exclusivos de desenvolver e comercializar a zuranolona fora dos EUA, com exceção de Japão, Taiwan e Coreia do Sul.
No Brasil, o medicamento aguarda análise da Anvisa e tem previsão de chegar ao país em 2027.
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