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Estado de Minas

Pesquisa relaciona o cuidado das m�es ao controle da ansiedade


postado em 29/11/2011 13:00 / atualizado em 29/11/2011 13:09

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Colo de m�e � maravilhoso, e isso � indiscut�vel. No entanto, al�m de deixar os filhotes dengosos, esse carinho materno ainda controla a ansiedade e, consequentemente, o peso dos filhos. A conclus�o � de Carola Eva, especialista do Instituto de Neuroci�ncia Ottolenghi Cavalieri, da Universidade de Turim, na It�lia. Em estudo realizado com camundongos geneticamente modificados, publicado este m�s na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), os filhos que foram assistidos pela mam�e rato tinham menos sinais de ansiedade e peso normal.

A italiana trabalhou com ratinhos geneticamente modificados para que seus c�rebros n�o produzissem o neuropept�deo Y, um neurotransmissor que regula o comportamento metab�lico, emocional e energ�tico nos mam�feros, incluindo o homem. Depois, a equipe de Carola comparou os efeitos dessa interven��o gen�tica em duas situa��es diferentes: quando os animais recebiam desde cedo o carinho da m�e e quando n�o tinham esse tipo de aten��o.

Os cientistas perceberam, ent�o, que, quando n�o havia cuidado da m�e, os efeitos da altera��o gen�tica eram praticamente nulos. Tanto os ratos normais quanto os modificados apresentavam comportamento ansioso e baixo peso. Por�m, quando os filhotes recebiam aten��o da m�e, a diferen�a entre os normais e os geneticamente modificados era enorme. Os primeiros permaneciam saud�veis, enquanto os �ltimos continuavam apresentando os problemas.

A conclus�o da pesquisadora foi, portanto, que a produ��o do neurotransmissor no c�rebro depende do carinho da m�e, afinal, mesmo os ratinhos normais que n�o receberam cuidados apresentaram os sintomas de ansiedade e perda de peso. “A aten��o materna altera permanentemente o comportamento ansioso e o peso corporal dos filhotes por meio da regula��o do gene, ou seja, a produ��o do neurotransmissor no c�rebro depende do carinho da m�e”, diz ao Correio Carola (leia entrevista).

Perda
Como em muitas pesquisas com animais, os resultados, apesar de terem sido obtidos em ratos, trazem dados que podem dizer muito sobre os seres humanos. A pr�pria pesquisadora lembra que h� estudos que apontam a influ�ncia da aten��o materna na parte emocional das crian�as. Nesse caso espec�fico, por�m, a falta de amor materno pode ter um resultado um pouco diferente em crian�as: aumento de peso. Isso porque � comum que a ansiedade fa�a as pessoas descontarem o sentimento de estresse comendo.

De acordo com a psic�loga infantil Jaqueline Pessoa de Lima, do Espa�o Cl�nico Psicoarte, a ansiedade � um indicativo de perda, ou seja, � sinal de que a crian�a est� sentindo falta da m�e. Ela explica que o beb� pode ent�o tentar suprir essa car�ncia na alimenta��o. “�s vezes a m�e n�o percebe que est� falhando em dar aten��o ao filho, mas precisa ficar atenta, pois pode prevenir problemas emocionais futuros”, destaca. “Hoje em dia � muito comum as m�es terceirizarem essa aten��o ou at� mesmo recompensarem os filhos com presentes, o que � um erro. A crian�a precisa de participa��o ativa, de carinho, e n�o de objetos”, completa.

Foi o que percebeu Luna Boechat, 28 anos, m�e de Pedro, 1 ano e 10 meses. Segundo ela, o garotinho come�ou a apresentar sintomas de ansiedade quando ela voltou a trabalhar, passando a ficar agitado e carente. A situa��o se tornou ainda mais delicada porque o pai, o ge�logo Bruno Velasco, 33, precisa viajar com frequ�ncia. Segundo Luna, j� houve muitas situa��es em que Pedro perguntou insistentemente pelo pai, chegando ao extremo de colocar uma cadeira do lado da porta para esper�-lo.

O comportamento do pequeno acendeu o sinal de alerta na m�e, que passou a conversar mais com o filho. Ela tamb�m passou a reservar todo o seu tempo livre para dar aten��o ao menino, momentos em que procura demonstrar o quanto � querido. Os fins de semana, por exemplo, s�o sagrados, dias para serem vividos em fam�lia. “Se ele quer minha aten��o � porque ele est� precisando dela, ent�o n�o posso negar”, diz Luna.

Equil�brio
Muito carinho tamb�m � a f�rmula encontrada pela fam�lia de Iago Brazil, 6 anos, para ajud�-lo a controlar a ansiedade. O menino mora com o pai, Igor, 31, desde que tinha 1 ano e meio e se mostra agitado e com dificuldade de se concentrar. Igor conta que sempre procura conversar com o filho para entend�-lo melhor e acalm�-lo. Ele acha que a ansiedade do garoto nada tem a ver com a aus�ncia da m�e, mas sim com o fato de ele ter hiperatividade. At� porque o menino mant�m contato constante com a m�e e outros familiares. “Ele tamb�m tem muito carinho da minha m�e, minha irm� e minha noiva”, conta o pai. “Ele recebe muito amor.”

O segredo parece estar no equil�brio. A psic�loga Jaqueline Lima alerta tamb�m para o excesso de aten��o, que tamb�m n�o faz bem. “Superproteger os filhos pode trazer danos ainda piores, pois a crian�a n�o se desenvolve e fica sempre dependente dos pais”, salienta. Segundo a especialista, muitas m�es, em consulta, se preocupam com o fato de o filho brincar sozinho, por exemplo. “Mas isso quer dizer que a crian�a est� em desenvolvimento”, observa. Para Jaqueline, � necess�rio que as m�es prestem mais aten��o aos filhos e ao pr�prio comportamento para, s� ent�o, dosar essa aten��o e aplic�-la de forma efetiva.

Tr�s perguntas para
Carola Eva, pesquisadora da Universidade de Turim


Qual foi o principal prop�sito de seu estudo?
Quer�amos estudar a import�ncia do receptor Y1R no sistema l�mbico e os efeitos dos cuidados maternos nas emo��es e no crescimento.

Como a pesquisa foi realizada?
Para realizar o estudo, geramos ratos geneticamente modificados, dos quais foi retirado o gene Npyr1 no sistema l�mbico, uma regi�o do c�rebro que exerce fun��es cruciais no aspecto emocional e metab�lico. N�s mostramos que a remo��o desse gene causa ansiedade e diminui��o do peso corp�reo nos animais. No entanto, o efeito dessa remo��o s� � n�tida em compara��o a ratos normais quando eles s�o criados por m�es que demonstravam cuidado intenso. Quando as m�es n�o s�o cuidadosas, os efeitos gen�ticos n�o s�o mais vistos, porque mesmo ratos normais podem ter seu peso e n�veis de ansiedade alterados (quando n�o recebem carinho).

O seu estudo vale para as pessoas?
� dif�cil dizer. Mas existem estudos que mostraram como o cuidado materno ajuda a regular o modo como a pessoa lida com a ansiedade e sua capacidade de responder ao estresse.

 


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