Férias escolares: quebra de rotina pode intensificar sintomas de TDAH
Rotina flexível, previsibilidade e ajustes no tratamento ajudam a evitar retrocessos durante a pausa escolar; reconhecer sinais é importante para o manejo
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Estimativas do Ministério da Saúde indicam que cerca de 7,6% das crianças e adolescentes no Brasil tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Durante o período de férias escolares, especialistas apontam que a quebra da rotina pode intensificar sintomas como impulsividade, desatenção e dificuldade de organização.
Para o diretor da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, Rubens Wajnsztejn, o recesso de fim de ano deve ser visto como um momento de ajuste do tratamento, mantendo as estratégias adotadas ao longo do ano. Nesse contexto, podem surgir dúvidas sobre a continuidade da medicação durante o recesso.
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Conforme o especialista, a definição do esquema terapêutico deve considerar como os sintomas se manifestam fora da rotina escolar e ser ajustada em conjunto com o médico responsável. Ele reforça que manter o tratamento contínuo pode ser decisivo para evitar regressões.
“Precisamos entender que o TDAH não tira férias. Mesmo fora da escola, a criança continua precisando de suporte para lidar com impulsividade, desatenção e organização. A continuidade do tratamento ajuda a criança a conviver melhor com a família, a participar das atividades e a aproveitar as férias sem conflitos — e sem perder os ganhos construídos durante o ano”, afirma.
O manejo clínico adequado inclui reconhecer sinais precoces do transtorno. As manifestações costumam aparecer ainda na infância, fase em que o TDAH se instala. Pais e cuidadores devem observar comportamentos como agitação acima do esperado para a idade, dificuldade para dormir, choro frequente e baixa tolerância à frustração. Quando persistentes, esses sinais podem indicar a necessidade de avaliação especializada.
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O novo documento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apresenta oito opções medicamentosas disponíveis no país, tanto on label quanto off label, incluindo estimulantes, antidepressivos e a atomoxetina, primeira terapia não estimulante comercializada no Brasil desde o final de 2023.
Cenário e diagnóstico
O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética, que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de manifestações: hiperatividade, impulsividade e desatenção.
Em crianças, o diagnóstico correto deve ser feito através de uma longa anamnese (entrevista) conduzida por um profissional médico especializado (psiquiatra, neurologista, neuropediatra e pediatra).
A escala SNAP-IV é, muitas vezes, utilizada para rastreio dos sintomas. Porém, o diagnóstico deve ser feito após uma avaliação mais ampla em consulta. Muitos dos sintomas abaixo, que se manifestam na infância, podem estar associados a outras comorbidades correlatas ao TDAH e demais condições clínicas e psicológicas:
- Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas
- Dificuldade para brincar e manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer
- Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele
- Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações
- Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
- Evita ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado
- Distração com estímulos externos e perda de objetos necessários
- Esquecimento em atividades do dia a dia
- Inquietude, fala em excesso e dificuldade de esperar sua vez
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