Belo Horizonte se transformou em palco de um resgate nostálgico da era de ouro dos videogames. A ‘1ª Copa Rambo de Tiro Véio’, realizada entre os dias 1º e 3 de agosto, foi idealizada pelo influenciador e colecionador Vinícius Calazans, conhecido como ‘Rambo dos Jogos’. O evento reuniu trinta participantes em disputas de jogos de tiro clássicos na cervejaria Galpão 73, no bairro Dona Clara, na região Norte.

A competição reuniu 20 títulos retrô, sorteados entre consoles da coleção pessoal do organizador. Entre os destaques estavam ‘GoldenEye 007’ para Nintendo 64 e seu remake para Wii, além de ‘Call of Duty: Modern Warfare’ no Xbox 360 e ‘Spawn’ no SEGA Dreamcast. Este último protagonizou um dos momentos mais emocionantes do torneio. “O Pepê tava perdendo feio no Spawn, mas aprendeu a dinâmica do jogo durante a partida e empatou no último segundo”, lembra Rambo.

Campeões e surpresas

Competidores revivem clássicos dos videogames na 1ª Copa Rambo de Tiro Véio.

Caroline Ede

O torneio usou um sistema de grupos com repescagem, e surpreendeu pela imprevisibilidade. O estudante Elias, eliminado duas vezes na primeira fase, voltou à disputa e terminou em segundo lugar. O grande campeão foi Pepê, da própria cervejaria, seguido por Matheus Piassi (3º) e Otávio Bitencourt (4º). “A Copa não é só campeonato. É celebração, é festa”, define o criador de conteúdo Anderson, do canal TBT Games, que veio de Taubaté para participar da competição.

Além das partidas, o evento ofereceu atrações como exposições de colecionáveis, música ao vivo, shows e stands de parceiros. Também foi palco de uma edição especial do “Rambo Cast”, transmitida ao vivo no canal do influenciador no YouTube. “A ideia é criar um espaço para a galera curtir música, colecionáveis e toda a cultura gamer”, comenta Vinícius.

A proposta da Copa surgiu como um uso criativo para a extensa coleção de Rambo. “Foi um jeito de dar mais utilidade pra minha coleção e reviver aquela experiência dos anos 90, de reunir a galera fisicamente pra jogar videogame”, explica ele. A edição de tiro, em especial, foi inspirada pela abertura da nova sede da cervejaria. “As TVs de tubo já ficam aqui. Acho que a tendência é transformar esse espaço num reduto oficial dos retrogamers de BH.”

Espaço e parceria

Controle do Nintendo 64 reforça a nostalgia gamer no torneio retrô de tiro.

Caroline Ede

Com duas game rooms em casa, espaços dedicados exclusivamente à sua coleção de jogos, e mais de 70 consoles no acervo, Rambo transforma agora a cervejaria em sua terceira base. O objetivo é manter vivo o espírito dos jogos locais, com tela dividida e resenha entre amigos. “Eu gosto dessa coisa mais intimista. Acho que tem tudo a ver com a comunidade retrogamer”, afirma.

A parceria com o Galpão 73, espaço onde são realizados os torneios, começou de maneira informal, mas evoluiu para uma estrutura compartilhada. “Participei de uma copa de Mario Kart na casa do Rambo, e depois começamos a fazer tudo juntos. Antes era no salão de festas da sogra dele. Aqui a gente profissionalizou”, relembra Pedro Vieira, dono da casa.

O espaço foi adaptado com reforço na parte elétrica e estrutura voltada aos eventos. “O Rambo falou: ‘Coloca muita tomada’. E colocamos. Hoje temos até uma rede elétrica separada só pro evento”, conta. Segundo ele, o perfil do público reforça a vocação nostálgica do lugar. “Nosso público é maior de 30 anos, então a nostalgia funciona demais. Nessas copas, vem pai trazendo filho pequeno pra apresentar os jogos.”

Comunidade

Retrogamers celebram a nostalgia e o espírito de comunidade após as partidas.

Caroline Ede

Anderson, criador do canal ‘TBT Games’, é um dos entusiastas do projeto. “Descobri que a galera de Minas é sensacional. Desde que vim pela primeira vez, não parei mais.” Além de cobrir os eventos, ele reforça a importância afetiva da proposta. “A Copa não é só campeonato. É festa. Hoje, literalmente todo mundo aqui é meu amigo.”
Os finalistas também destacam o aspecto comunitário. Otávio Bitencourt, quarto colocado, define bem o espírito da competição: “Eu venho pra brincar, curtir um som, dar risada... Mas tento sempre levar um troféu.” Já Piassi, terceiro colocado, vê o evento como um antídoto aos jogos online. “Hoje em dia, com ranqueada, a galera esquece a diversão. Aqui a resenha vem em primeiro lugar.”

O evento também reforçou o papel dos retrogames como elo geracional. Pais e filhos jogaram lado a lado, compartilhando controles e memórias. “A proposta é essa: todo mundo se enfrentar, aprender junto e celebrar o jogo em grupo. Às vezes, quem nunca jogou acaba vencendo”, diz Rambo.

A próxima edição da Copa Rambo já tem previsão: outubro, com foco em jogos de futebol retrô como ‘International Superstar Soccer’ e ‘Winning Eleven’. Mas os planos para o futuro vão além. “Quero fazer uma ‘Copa Rambo Speedrun’, com revezamento a cada 15 minutos. E uma ‘Super Copa Rambo’, com os campeões de todas as edições se enfrentando”, antecipa.

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Se depender da comunidade, o projeto segue firme. “É tudo na ideia. Mas se depender da galera, essa brincadeira vai longe”, garante Rambo.

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