O Sesc Venda Nova, em Belo Horizonte, foi palco de emoção e competição no último fim de semana. Advogados trocaram temporariamente as petições por competições nas finais do E-JAM 2025, torneio de e-sports que integra os Jogos da Advocacia Mineira (JAM). Com alto nível técnico e público entusiasmado, o evento consolidou-se como um importante campeonato da categoria em Minas Gerais.

Foram dois dias intensos. O clima misturava o nervosismo de uma competição profissional com o espírito de classe. Torcidas das cidades finalistas protagonizaram um espetáculo à parte, com gritos de apoio, coros empolgantes e vibração a cada jogada decisiva. A estrutura chamou atenção: palco iluminado, transmissão ao vivo e narração especializada remetiam aos grandes eventos do cenário competitivo nacional.

“Foi tudo muito bem coordenado, com estrutura impecável. A CAAMG e as delegações fizeram um trabalho exemplar”, elogiou Ana Luisa Ferreira Barcelos, advogada da OAB Piumhi. “A FEMEE ofereceu todo o suporte necessário para os atletas. Foi minha primeira competição de e-sports de perto, e fiquei surpresa com o nível de profissionalismo.”

 

 

Os campeões

Na sexta-feira (1º), a decisão do EAFC 25 (antigo FIFA) abriu os confrontos. Gabriel Rezende, da OAB Barbacena, venceu Douglas “Dowg” Alves (OAB Salinas) em uma final inédita. A vitória por 1-0 e 4-3 garantiu o primeiro título da modalidade para Barbacena.

No sábado (2), foi a vez do clássico do Counter-Strike 2 (CS2), que reeditou a final de 2024 entre OAB Caratinga e OAB Araguari. A equipe de Caratinga confirmou o favoritismo, vencendo os mapas Anubis (13-8) e Mirage, na prorrogação. Glauco “Mob” Martins foi eleito o MVP da competição. 

Fechando o evento, o League of Legends teve sua final entre OAB Araguari e OAB Pará de Minas. Araguari superou o favoritismo da adversária e venceu por 2-0, garantindo seu primeiro título na modalidade. O atirador Jivago “Baguin” Giaccheto brilhou na decisão e foi escolhido o MVP.

Mais que competição

Para além dos pódios, o E-JAM 2025 teve desdobramentos importantes. Os campeões de CS2 e LoL garantiram vaga direta nos playoffs do Campeonato Mineiro de Esportes Eletrônicos, promovido pela Federação Mineira de Esportes Eletrônicos (FEMEE). As finais estaduais, com etapas presenciais, estão marcadas para novembro.

Segundo os organizadores, a integração com o circuito estadual foi estratégica. Além da classificação automática, os times passaram a pontuar no ranking oficial da FEMEE, elevando o grau de envolvimento das subseções e consolidando o E-JAM como porta de entrada para o cenário competitivo mineiro.

Torcida, engajamento e representatividade

A torcida foi um espetáculo à parte. “Sou suspeita para falar, mas achei a torcida dos e-sports mais animada que a das modalidades tradicionais”, disse a advogada Luana Mendes. “Foi surreal. Os advogados estavam com postura de atletas mesmo, dando o sangue. Eles queriam muito o troféu.”

Para Marcos Soares, a participação do público foi surpreendente. “Eu não esperava que os advogados fossem se dedicar tanto aos jogos, agindo como verdadeiros pro-players. Também não esperava uma torcida tão animada e com tanta presença.” 

A energia da arquibancada também fez diferença nos momentos decisivos. “A final de CS2 foi muito empolgante, o segundo mapa foi muito acirrado. Os dois times queriam ganhar de verdade”, completou Luana.


Já para Marcos, o EAFC foi o momento mais marcante. “Todas as modalidades foram ótimas, mas admito que a torcida do EAFC foi a mais enérgica. Foi o que mais me chamou a atenção. Estavam em peso, fazendo barulho e vibrando muito.”

Profissionalismo e conexão com a carreira

O alto padrão da transmissão e a empolgação dos narradores também se destacaram. “Os casters foram muito bem escolhidos. Gostaria de parabenizar especialmente o Cosiq, que narrou o CS e manteve o público atento mesmo com os diversos overtimes da final”, disse Marcos.

Luana concorda: “A narração sempre agrega muito. No E-JAM não foi diferente. Foi uma empolgação coletiva muito envolvente.”

A experiência ao vivo foi um divisor de águas para quem já havia acompanhado o torneio pela internet. “Na edição passada, vi pela transmissão. Esse ano, assistir ao vivo foi bem mais envolvente. Com certeza a participação das torcidas fez toda diferença”, disse Ana. Ana Luisa também estreou na edição de 2025: “Foi contagiante ver como os advogados se preparam e se dedicam. Já quero voltar nas próximas!” 

Além da diversão, o evento fez repensar o papel dos jogos eletrônicos na rotina da categoria. “Acompanhando o evento de perto, percebi como o e-sport exige preparo, estratégia, trabalho em equipe e muita concentração. São habilidades que se conectam com a vida profissional dos advogados”, destacou Ana Luisa. “Me fez olhar para o e-sport com outros olhos, entendendo sua importância como ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional.”

Luana reforça: “Para advogados que vivem rotinas cansativas e estressantes, a prática dos e-sports pode ser muito mais do que um hobby.”

Interior em destaque

A diversidade geográfica entre os finalistas chamou a atenção. Araguari, Caratinga, Pará de Minas e Barbacena protagonizaram as finais e saíram consagradas como polos da advocacia gamer. Para a organização, isso reforça o potencial do evento como elo entre regiões distintas do estado.

“Estar em um ambiente de competição saudável, entre colegas de profissão, aproxima e estimula a troca de experiências”, disse Ana Luisa. “Foi emocionante ver minha amiga conquistar medalha no tênis. A alegria dela pela conquista foi contagiante!” 

Caminho para o futuro

O E-JAM 2025 marcou também a integração definitiva entre os e-sports e os demais esportes tradicionais do JAM. Pela primeira vez, as finais aconteceram no mesmo espaço físico, fortalecendo o evento como um todo. “Isso mostra o sucesso do evento e o interesse da OAB em fazer com que o E-JAM cresça ainda mais nas próximas edições”, avaliou Marcos.

A expectativa agora gira em torno das modalidades que podem ser incluídas no futuro. Ana Luisa sugeriu a esgrima entre as modalidades físicas, e pediu a chegada de “Valorant” nos eletrônicos. Marcos defendeu a inclusão de jogos de luta como Tekken e Street Fighter, além de Age of Empires e PUBG. Luana brincou: “Para eu competir, queria Candy Crush – risos. Mas Call of Duty, Valorant e Free Fire também seriam muito bem-vindos.” 

Próximos passos

Agora, as atenções se voltam para o Campeonato Mineiro. Os playoffs começam em setembro, e Barbacena, Caratinga e Araguari carregam a bandeira da advocacia mineira nas etapas decisivas. O E-JAM mostrou que talento e paixão pelos jogos eletrônicos atravessam petições, audiências e prazos. 

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O sucesso da edição 2025 sinaliza um novo paradigma: eventos que unem tradição, inovação, competição e convivência. A advocacia mineira, entre uma jogada e outra, mostra que também sabe jogar no digital, com garra, estratégia e espírito coletivo.

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