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Semana de 4 dias pelo mundo: como outros países adotaram o modelo

Do Japão à Islândia, veja os resultados e desafios da implementação da jornada de trabalho reduzida em diferentes culturas e economias globais.

Semana de 4 dias pelo mundo: como outros países adotaram o modelo
Semana de 4 dias pelo mundo: como outros países adotaram o modelo
Crédito: Pessoas durante uma reunião (foto: freepik.com/<br /> rawpixel.com)

A ideia de um fim de semana de três dias deixou de ser um sonho distante para se tornar uma realidade testada e aprovada em diversos cantos do planeta. Empresas e governos estão descobrindo que trabalhar menos horas pode, na verdade, significar maior produtividade, mais lucro e, principalmente, funcionários mais saudáveis e satisfeitos.

O modelo mais comum, conhecido como 100-80-100, propõe o pagamento de 100% do salário por 80% do tempo de trabalho, em troca da manutenção de 100% da produtividade. Países com culturas e economias distintas, do Japão à Islândia, mergulharam nessa experiência, gerando dados valiosos sobre como o futuro do trabalho pode ser redesenhado para beneficiar a todos.

O maior teste do mundo no Reino Unido

Talvez o experimento mais famoso tenha ocorrido no Reino Unido. Em 2022, mais de 60 empresas e cerca de 3.000 funcionários participaram de um programa piloto de seis meses. Os resultados foram tão positivos que a grande maioria das companhias decidiu tornar a jornada de quatro dias permanente.

Leia: As consequências inesperadas da semana de trabalho de 4 dias

Durante o teste, as empresas relataram um aumento médio na receita, mesmo com um dia a menos de operação. A produtividade se manteve estável ou melhorou, e os benefícios para os colaboradores foram notáveis. Houve uma queda expressiva nos níveis de estresse e esgotamento, o famoso burnout. Além disso, as demissões voluntárias diminuíram, mostrando que o modelo também é uma poderosa ferramenta de retenção de talentos.

As companhias participantes ajustaram suas rotinas para otimizar o tempo. Reuniões se tornaram mais curtas e focadas, a comunicação interna foi aprimorada e processos desnecessários foram eliminados. O foco mudou de “cumprir horas” para “entregar resultados”, uma mudança de mentalidade que se provou eficaz.

Islândia: o pioneirismo no setor público

A Islândia foi uma das pioneiras na exploração da semana de trabalho reduzida em larga escala. Entre 2015 e 2019, o país conduziu dois grandes testes envolvendo mais de 2.500 trabalhadores do setor público, o que representa cerca de 1% de toda a sua população ativa. Os participantes passaram a trabalhar entre 35 e 36 horas semanais sem redução salarial.

Os pesquisadores que acompanharam o projeto, da Autonomy do Reino Unido e da Association for Sustainable Democracy (Alda) da Islândia, classificaram a iniciativa como um sucesso surpreendente. A produtividade foi mantida ou até melhorou na maioria dos locais de trabalho. Os funcionários relataram sentir menos estresse e um equilíbrio muito melhor entre a vida profissional e pessoal.

O impacto foi tão grande que, após a divulgação dos resultados, os sindicatos islandeses renegociaram os contratos de trabalho em todo o país. Hoje, uma parcela significativa da força de trabalho da Islândia já tem o direito a uma jornada reduzida ou pode optar por ela, consolidando a mudança em nível nacional.

Japão e a luta contra o excesso de trabalho

No Japão, a discussão sobre a semana de quatro dias surge de um problema cultural profundo: o excesso de trabalho, que tem até um nome próprio, “karoshi”, para definir a morte por esgotamento profissional. O governo japonês tem incentivado as empresas a oferecerem mais flexibilidade para combater essa crise de saúde pública e estimular o consumo.

Um dos casos mais emblemáticos foi o da Microsoft Japão, que em 2019 testou a jornada reduzida por um mês. O resultado foi um salto de quase 40% na produtividade, medido pelas vendas por funcionário. A empresa também observou uma redução nos custos, com menos eletricidade consumida e menos páginas impressas.

A experiência mostrou que, mesmo em uma cultura de trabalho intensa, é possível reorganizar os processos para alcançar mais eficiência em menos tempo. A iniciativa japonesa busca não apenas melhorar o bem-estar dos trabalhadores, mas também dar um novo fôlego à economia, permitindo que as pessoas tenham mais tempo para gastar, viajar e cuidar da família.

Outros exemplos pelo globo

A onda da jornada reduzida se espalhou por diferentes continentes, cada um com sua própria abordagem. Cada país adapta o modelo à sua realidade, mostrando a versatilidade do conceito.

  • Bélgica: O país legalizou o direito dos trabalhadores de solicitar a compactação da sua semana de trabalho em quatro dias. No entanto, o modelo belga não reduz o total de horas; o funcionário trabalha as mesmas 40 horas, mas em dias mais longos. A medida oferece flexibilidade, mas não necessariamente menos trabalho.
  • Espanha: O governo espanhol lançou um projeto piloto para incentivar pequenas e médias empresas a testarem a semana de 32 horas sem corte de salário. O programa oferece ajuda financeira para cobrir os custos iniciais da transição, como a contratação de mais pessoal ou investimentos em tecnologia.
  • Nova Zelândia e Austrália: Nesses países, a adoção tem sido liderada por empresas do setor privado. A Unilever, por exemplo, implementou testes bem-sucedidos em suas filiais locais, relatando alto engajamento dos funcionários e manutenção dos objetivos de negócio, o que levou à expansão do programa para outras unidades.

Desafios e o que ainda precisa ser ajustado

Apesar dos resultados promissores, a implementação da semana de quatro dias não é isenta de desafios. A principal barreira é a mudança cultural. Muitas empresas ainda medem a produtividade pelo tempo que o funcionário passa no escritório, e não pelos resultados que ele entrega. Superar essa visão é o primeiro passo.

Outro ponto de atenção é o risco de intensificar o trabalho. Sem uma reorganização adequada dos processos, a jornada reduzida pode simplesmente significar espremer cinco dias de tarefas e estresse em quatro. A chave para o sucesso é trabalhar de forma mais inteligente, eliminando tarefas de baixo valor e otimizando a colaboração.

Setores que dependem de presença contínua, como saúde, varejo e manufatura, enfrentam obstáculos logísticos maiores para a adaptação. As soluções nesses casos podem envolver a contratação de mais pessoal ou a criação de escalas mais complexas, exigindo um planejamento cuidadoso.

Entenda a semana de 4 dias de trabalho

O que é a semana de quatro dias?

A semana de trabalho de quatro dias é uma jornada de trabalho reduzida. O modelo, adotado por empresas e países, permite que os funcionários trabalhem quatro dias por semana. A carga horária semanal é reduzida, mas o salário e os benefícios são mantidos.

Por que a jornada de quatro dias tem ganhado popularidade?

A jornada de quatro dias tem ganhado popularidade devido aos seus resultados positivos. Os testes-piloto mostram aumento da produtividade e bem-estar dos funcionários. A redução do estresse e do esgotamento profissional também são pontos positivos.

Em quais países a jornada de quatro dias foi adotada com sucesso?

A jornada de quatro dias foi adotada com sucesso em países como a Islândia. A experiência mostrou que a produtividade se manteve. Outros países como Reino Unido, Espanha, Bélgica e Portugal também realizaram testes-piloto. Os resultados foram positivos.

Quais são os principais desafios da implementação?

Os principais desafios são a adaptação em setores que precisam de presença constante, como o de saúde. A resistência cultural em países com longas jornadas de trabalho também é um desafio. O modelo “100-80-100” tem sido um ponto importante para o sucesso.

A produtividade aumenta com a semana de 4 dias?

Os testes mostram que a produtividade se mantém ou aumenta com a semana de 4 dias. A Microsoft Japão, por exemplo, teve um aumento de 40% na produtividade. A regra “100-80-100” mostra que 100% da produtividade é possível com 80% do tempo.

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