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Estado de Minas REDU��O NA JORNADA

Brasil testa semana de quatro dias de trabalho

Empresas ainda podem se inscrever em projeto-piloto. O objetivo � avaliar se o desempenho melhorar� com o tempo de jornada reduzido


09/08/2023 08:35 - atualizado 09/08/2023 12:07
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pessoa trabalhando com dois notebooks
A iniciativa pretende avaliar se o desempenho melhorar� com o tempo de jornada reduzido (foto: PxHere/Reprodu��o)

Empresas brasileiras come�ar�o a testar em dezembro um novo modelo de trabalho com jornada menor e sal�rios iguais. H� a promessa de produtividade igual ou maior.

 

A iniciativa de reduzir a jornada de trabalho para quatro dias na semana est� em teste globalmente. Na Am�rica Latina, come�ar� pelo Brasil, intermediada pela 4 Day Week, organiza��o que desde 2019 avalia novos modelos de trabalho e produtividade.

 

Por aqui, a companhia trabalha com a Reconnect Happiness at Work, empresa que atua no crescente segmento da felicidade corporativa. Interessados em testar o modelo podem se inscrever at� o fim de agosto — funcion�rios tamb�m podem indicar suas companhias. A expectativa de Renata Rivetti, da Reconnect, � que de fato participem do projeto-piloto de 30 a 50 empresas.

 

Quando o site para cadastro foi aberto, h� tr�s meses, quase 400 pessoas e empresas manifestaram interesse. Em junho, tiveram in�cio as sess�es de informa��o, quando gestores de companhias dedicaram cerca de uma hora em reuni�es virtuais abertas para entender os detalhes do projeto.

 

Gabriela Brasil, diretora de Comunidade na 4 Day Week Global, diz que o principal crit�rio de participa��o � a abertura da empresa para uma mudan�a cultural. Tamanho, setor ou n�mero de funcion�rios n�o s�o crit�rios de exclus�o.

 

Muitas, por�m, desistem j� no processo de inscri��o. O piloto tem um custo, que cobre o percurso dos meses seguintes.

 

O valor, que varia de modelo a ser aplicado pela empresa, d� acesso a uma biblioteca de pesquisas sobre produtividade e � metodologia das aulas. Ao final, essas companhias ganham um selo que as identificam pela participa��o no programa.

 

A partir de novembro, o Boston College, que trabalha com a 4 Day Week, come�ar� a acompanhar as empresas do piloto —uma avalia��o ser� feita com tr�s meses e depois ao final. A ideia � ter m�tricas para as empresas.

 

"O investimento financeiro acaba sendo mais simb�lico. � muito mais investimento de tempo para mudan�a, de a empresa olhar para a cultura e estar disposta a ser mais produtiva, a trabalhar melhor, a rever a quantidade de reuni�es", diz Rivetti.

 

H� empresas curiosas e interessadas na novidade, mas nem todas t�m o pique de testar a aplica��o na pr�tica.

 

Se a mera ideia de eliminar um dia da rotina parece desafiadora, Rivetti e Brasil destacam que a premissa do projeto vai al�m: reduzir a jornada para quatro dias depende de mudar o modo de trabalhar, reorganizar a comunica��o e, principalmente, aumentar os crit�rios para reuni�es —que precisam ser mais curtas e mais resolutivas.

 

"As reuni�es precisam ser mais pautadas, precisam ser direcionadas. O problema pode ser pensado antes, registrado antes para que todos estejam preparados", diz Gabriela Brasil.

 

Reuni�es atrapalha  

A cena cl�ssica da vida nos escrit�rios, como a equipe sentada ao redor de uma grande mesa oval ou redonda, foi alterada a partir da pandemia com as equipes em modelo h�brido ou remoto, mas ela ainda precisa ser repensada para esse futuro em que se trabalha menos e com melhor qualidade.

 

Pesquisa de 2022 da Harvard Business Review mostra que 70% das reuni�es tiram os empregados do trabalho produtivo. A redu��o no volume de compromissos desse tipo tamb�m diminui a percep��o dos funcion�rios sobre o microgerenciamento feito por chefes, algo que, em geral, � lido como excesso de vigil�ncia pelas for�as de trabalho.

 

Em ingl�s, reuni�es e gerentes t�m a mesma inicial (a letra M). Os MM, diz Gabriela Brasil, s�o os dois grandes vil�es da produtividade. "� um custo muito alto para a empresa colocar dez pessoas em uma reuni�o, dez lideran�as que n�o est�o sendo produtivas, participando daquela reuni�o."

Bons resultados 

Quem j� testou outro desenho de semana de trabalho relata bons resultados. Na empresa de servi�os financeiros Ef�, o per�odo de teste foi renovado por mais um ano. Os primeiros seis meses, diz a gerente de Recursos Humanos, Gl�cia Braga, foram os mais dif�ceis pelo volume de ajustes necess�rios.

 

Um dos pontos que precisaram ser "consertados" ao fim do primeiro semestre seguinte foi a calibragem do dia a menos de trabalho com os feriados. Para evitar que o n�mero de folgas ficasse com frequ�ncia maior do que os de trabalho, agora as equipes t�m de escolher um ou outro.

 

A trava garante que a jornada de trabalho fique em 32 horas semanais, independentemente de outras pausas, e ajuda a manter o volume de trabalho.

 

Os primeiros dados coletados pela empresa com os l�deres de equipe apontam para um aumento na produtividade. Os n�meros tamb�m melhoraram conforme as equipes se acostumaram com o modelo.

 

 

Em novembro de 2022, 86% dos l�deres disseram que o n�vel de produtividade se manteve est�vel ou aumentou. Neste ano, em maio, 100% consideraram ter havido manuten��o ou aumento nas entregas das equipes.

 

A Ef� n�o participou do piloto da 4 Day Week. A ideia de testar o modelo surgiu internamente, a partir dos relatos de testes em companhias pelo mundo. Tamb�m l� as reuni�es funcionavam como um dreno de horas produtivas.

 

"Ser� que realmente precisava ter tr�s pessoas da mesma equipe em uma reuni�o? Esse � o tipo de pergunta que a gente come�ou a fazer e incentivar um fluxo melhor de trabalho, rever processos, ser mais assertivo", diz Braga.

 

A empresa tamb�m estimulou que os funcion�rios passassem a concentrar demandas pessoais, como consultas, exames ou levar o carro � oficina, por exemplo, no dia extra de folga, para garantir que os outros quatro dias sejam dedicados ao trabalho.

 

Uma das empresas j� confirmadas no projeto-piloto da 4 Day Week com a Reconnect � a Oxygen, que produz conte�do sobre inova��o. Os testes em outros pa�ses, portanto, estavam no radar da companhia e em pauta nas discuss�es com clientes.

 

Andrea Jan�r, CEO da Oxygen, diz que, ao saber que o projeto-piloto seria aplicado no Brasil, era natural que a empresa buscasse a ades�o. A Oxygen vai participar do teste em um modelo em grupo, junto de outras companhias pequenas (ela tem 12 funcion�rias).

 

"N�o se trata de apenas cortar um dia nem de trabalhar o dobro nos outros dias. N�o � compensando trabalhar um dia na semana", diz Jan�r. A expectativa da CEO � de que o projeto-piloto consiga orientar um novo modelo para evitar o que aconteceu com o home office durante a pandemia.

 

Na avalia��o dela, quando os escrit�rios precisavam ser fechados, o modelo de trabalho foi apenas transferido para o remoto sem qualquer adapta��o —e isso talvez tenha influenciado a decis�o de muitas empresas de suspenderem o home office assim que poss�vel.

 

Teste pelo mundo 

Outros pa�ses j� testaram ou come�aram a colocar o modelo � prova. No Reino Unido, o projeto-piloto durou seis meses e foi realizado pela 4 Day Week Global com 61 empresas. Dessas, 38 disseram que manteriam o teste e 18 decidiram manter a semana de quatro dias.

 

Em Portugal, o teste come�ou pelo setor p�blico. O governo do pa�s tamb�m iniciou uma ampla pesquisa com trabalhadores como prepara��o para um projeto-piloto de redu��o dos dias de trabalho. O levantamento deve terminar no in�cio de setembro.

 

Tamb�m h� experi�ncia do mesmo tipo na Nova Zel�ndia (onde nasceu a 4 Day Week Global), Austr�lia, Estados Unidos e Irlanda.

Uma das preocupa��es, no Brasil e onde o piloto j� foi testado, � com as implica��es jur�dicas da eventual mudan�a na rotina e mesmo em um efeito sobre os sal�rios, pois a hora � uma baliza para as remunera��es.

 

A proposta do 4 Day Week Global, por�m, � a de seguir o que ele chama de 100-80-100: 100% do sal�rio, 80% das horas e 100% da produtividade.

 

Na Ef�, os testes para a redu��o da jornada para 32 horas semanais (em substitui��o �s 40 horas) foram inclu�dos em acordos fechados com os sindicatos de trabalhadores em Recife, Ouro Preto (MG) e S�o Paulo, onde a empresa est� instalada.

 


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