Daniel Camargos
Enviado especial
Juiz de Fora – No auge da viol�ncia nazista, em 1941, quando Hermann G�rgen abriu a f�brica em Juiz de Fora, o Brasil recebeu, segundo o Departamento Nacional de Imigra��o (DNI), apenas 381 hebraicos, sendo 227 alem�es e 7.152 cat�licos, de um total de 9.938 estrangeiros. Antes, �s v�speras da Segunda Guerra Mundial, com o assombro do nazismo na Europa, 193 mil refugiados judeus deixaram o Velho Continente em dire��o � Am�rica. Os Estados Unidos da Am�rica receberam a maioria: 102.222. Outros 63,5 mil foram para a Argentina e 8 mil vieram para o Brasil. De acordo com dados do DNI, at� 1933 existiam cerca de 40 mil judeus no Brasil, sendo que entre 15 mil e 20 mil estavam concentrados em S�o Paulo.
O crescimento t�o grande, segundo Decol, provocou uma propaganda antijudaica, que era corrente na Europa Central na d�cada 1930 e que, nas palavras do autor, o nazismo levaria ao paroxismo. “Procurava identificar todo judeu como um perigoso comunista. Get�lio Vargas (presidente � �poca), se deixando levar por sua simpatia pelo nazifacismo, quis impedir a entrada de judeus no pa�s, e chegou a pensar em deportar os que aqui viviam, como fez, ali�s, no caso da judia comunista Olga Ben�rio Prestes”, escreveu Decol.
A hist�ria de Olga, ali�s foi tema de um �timo livro escrito por Fernando Moraes e editado pela Companhia das Livras em 1994. O livro serviu de base para um filme dirigido por Jayme Monjardim, de 2004. � importante destacar que, entre 1933 e 1938, esteve ativo no pa�s o movimento fascista A��o Integralista Brasileira (ABI). Tamb�m conhecidos como camisas verdes, os integralistas, como os fascistas brasileiros eram chamados, eram antissemitas.
A imigra��o judaica para o Brasil, entretanto, ocorre desde o per�odo colonial, de acordo com o livro Estudos sobre a comunidade judaica no Brasil, de Nachman Falbel, com destaque para o per�odo da domina��o holandesa em Pernambuco, entre 1624 e 1654. Durante o imp�rio, destaca-se o per�odo a partir de 1848 at� a proclama��o da Rep�blica, em 1889, quando vieram os imigrantes da Europa Ocidental e Central. O fluxo de europeus seguiu com for�a ap�s a Primeira Guerra Mundial e durante o poderio do governo nazista na Alemanha, entre 1933 e 1945. Ap�s a Segunda Guerra, o fluxo seguiu paralelo � forma��o do Estado de Israel e tamb�m com judeus vindos de outros pa�ses da Am�rica Latina.
Decol destaca que a presen�a judaica assumida como religi�o come�a apenas no final do s�culo 19, ap�s a Constitui��o de 1824 ter institu�do a liberdade religiosa no Brasil. “O Brasil, que desde fins do s�culo 19 se estabelecera como um importante destino da migra��o internacional, tornou-se uma alternativa natural. Sucessivamente, judeus provenientes do Imp�rio Russo, dos B�lc�s e da Europa Central passaram a chegar em n�meros crescentes: calcula-se que, entre 1920 e o in�cio da Segunda Guerra Mundial, mais de 50 mil judeus tenham aqui aportado”, escreveu Decol.
Col�nia alem� em Minas
De acordo com Roberto Dilly, presidente do Instituto Teuto-Brasileiro Willian Dilly, os alem�es come�aram a chegar a Juiz de Fora em 1858, quando Mariano Proc�pio Ferreira Lage organizou a Companhia Uni�o e Ind�stria e decidiu contratar 3 mil colonos germ�nicos, incluindo alem�es e austr�acos. Sendo que 1.193 vieram em apenas dois meses,
Dilly pontua que eles foram fundamentais para a industrializa��o da cidade, que chegou a ser conhecida como a “Manchester Mineira”, uma refer�ncia � cidade inglesa, ber�o da Revolu��o Industrial. “Os imigrantes alem�es ajudaram a transformar a cidade de agr�cola para industrial”, afirma Dilly. Por�m, com a Primeira Guerra Mundial, em 1914, o humor em rela��o aos alem�es mudou. “Falsos nacionalistas come�aram a invadir e quebrar locais relacionados aos alem�es”, destaca Dilly.
Com a Segunda Guerra e o posicionamento brasileiro do lado contr�rio ao encampado por Hitler, os alem�es passam a ser perseguidos na cidade e a maioria, segundo registros hist�ricos encontrados por Dilly, deixa a cidade. “Foi uma intoler�ncia �tnica total”, recorda o presidente do Instituto Teuto-Brasileiro, que se lembra de um av� que foi preso por falar em alem�o com um neto quando estava em um bonde. (Colaborou Marcelo da Fonseca)
