
A cren�a irracional na exist�ncia de uma ra�a pura ariana fez com que a Alemanha nazista, desde a chegada de Adolf Hitler ao poder, em 1933, passasse a considerar outros grupos �tnicos inimigos a serem exterminados. Em um cen�rio de crise econ�mica, com altos �ndices de infla��o e desemprego, o ditador alem�o conseguiu por meio da propaganda disseminar uma campanha implac�vel contra o povo judeu, que deveria ser responsabilizado pelos fracassos do pa�s nos anos p�s-Primeira Guerra. O racismo foi institucionalizado e foram criadas leis antissemitas, gerando boicotes econ�micos e grandes ondas de viol�ncia contra os judeus.
Com o in�cio da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Pol�nia, as pol�ticas antissemitas se tornaram mais duras. Os judeus passaram a ser presos e assassinados nos territ�rios ocupados pelo governo nazista. Foram institu�dos guetos em v�rias cidades, com a inten��o de isolar e controlar os judeus nos territ�rios conquistados. Eles viviam em condi��es prec�rias, sem direito de levar seus pertences, com problemas de higiene, superlota��o e restri��o na chegada de alimentos. O horror se torna banal nas cidades dominadas por Hitler.

O genoc�dio, ou exterm�nio em massa dos judeus, foi o �pice de um per�odo marcado por atrocidades e medidas discriminat�rias nos territ�rios dominados pelos nazistas. O plano de exterm�nio ficou conhecido como “solu��o final” e tinha como objetivo aniquilar o povo judeu da Europa. N�o se sabe ao certo quando esse plano foi implementado, mas registros de correspond�ncias entre generais nazistas apontam que a decis�o pelo exterm�nio em massa de judeus foi tomada durante 1941.
Alguns campos de concentra��o – que j� existiam desde o in�cio do regime nazista e onde os prisioneiros eram obrigados a trabalhos for�ados – se transformaram em campos de exterm�nio e outros campos que tinham como �nica fun��o o assassinato dos judeus foram criados a partir de 1941. Cerca de 2,7 milh�es de judeus foram mortos por asfixia por g�s venenoso ou fuzilamento e outros 3,3 milh�es morreram devido �s atrocidades cometidas nesses campos, por fome, maus-tratos, espancamento, frio, experi�ncias conduzidas por m�dicos alem�es e doen�as. O regime nazista assassinou aproximadamente dois ter�os dos judeus que viviam na Europa antes do in�cio da guerra.

O empenho de Hermann Mathias G�rgen para livrar seus compatriotas do assombro do nazismo remete diretamente a umas das hist�rias mais conhecidas do s�culo 20, a de Oskar Schindler, imortalizado no cinema, em 1993, com o filme A lista de Schindler, dirigido por Steven Spielberg, vencedor de sete Oscars, incluindo o de melhor filme e melhor diretor. O filme de Spielberg foi baseado no livro Schindler’s Ark (1982) escrito por Thomas Michael Keneally e inspirado no depoimento de Poldek Pfefferberf, um dos sobreviventes do Holocausto devido ao empenho de Schindler.
De origem alem�, mas nascido em Svitavy em 1808, � �poca �ustria-Hungria e hoje Rep�blica Tcheca, Schindler foi espi�o e membro do Partido Nazista at� se tornar um industrial e – com a influ�ncia de seus funcion�rios judeus e assustado com a perversidade dos nazistas – conseguir salvar 1,2 mil judeus do Holocausto dando emprego para eles em suas f�bricas, que ficavam na Pol�nia e na Rep�blica Tcheca.
Gra�as aos seus servi�os de espi�o para os nazistas, Schindler conseguiu autoriza��o para se tornar industrial durante a Segunda Guerra Mundial. No come�o, seu maior interesse era com os neg�cios e, por isso, contratou judeus, que eram mais baratos que os trabalhadores poloneses. Por�m, com o tempo, o ex-espi�o passou a proteger seus funcion�rios, sem considerar as despesas e subornando oficiais nazistas para conseguir salvar vidas.
Schindler convenceu o comandante do campo de concentra��o de Krak�w-Plasz�w, Amon G�th, a transferir os judeus para sua f�brica. Os nomes foram conseguidos com o oficial nazista Marcel Goldberg e teve a colabora��o de Mitel Pemper. Para isso, o industrial gastou sua fortuna com subornos e acordos para salvar os judeus.
Existem, claro, outras vers�es al�m do mito fortalecido pelo cinema. O livro Oskar Schindler: The untold account of his life, wartime activities and the true story behind the list (Oskar Schindler – o relato in�dito de sua vida, suas atividades na guerra e a verdadeira hist�ria por tr�s da lista), escrito pelo historiador do Holocausto e professor da Universidade de Elon, na Carolina do Norte (EUA), David M. Crowe, constr�i um her�i com menos convic��o.
Crowe pontua que Schindler buscou alimentar seu ato de hero�smo e tamb�m foi atr�s de repara��es pelos preju�zos que sofreu durante a guerra. Ap�s o fim do conflito, n�o teve sucesso nos neg�cios. Viveu na Argentina e mais tarde voltou para a Alemanha, mas fracassou na condu��o de uma f�brica de concreto. De acordo com Crowe, ele morreu, em 1974, por beber e fumar demais. Recebeu ap�s ter morrido, da Yad Vashem, a organiza��o do memorial do Holocausto judeu, em Jerusal�m, o t�tulo de “Gentio justo”, honra concedida a pessoas que arriscaram a vida para salvar judeus.