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Estado de Minas

O tortuoso caminho para a liberdade em Minas dos judeus torturados

Grupo de 48 refugiados judeus, amparados pelo historiador e fil�sofo alem�o Hermann G�rgen, passou por momentos de ang�stia e medo at� conseguir chegar ao Brasil


postado em 24/11/2014 06:00 / atualizado em 24/11/2014 14:52

Quase 10 mil quil�metros e dois pa�ses (Fran�a e Espanha), com forte presen�a de oficiais alem�es prontos para prender e deportar refugiados judeus para campos de concentra��o, separavam a cidade su��a de Genebra – onde se reuniu o grupo de exilados liderados por Hermann G�rgen para escapar da persegui��o nazista – e Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. O caminho dos 48 refugiados que procuravam um lugar seguro, distante dos horrores da Europa durante a Segunda Guerra, foi marcado por ang�stia e tens�o. O grupo sabia que a captura durante a fuga poderia significar o fim do sonho de liberdade.


Em s�rie iniciada ontem, o Estado de Minas conta a hist�ria do grupo de exilados judeus e perseguidos pol�ticos que teve a ajuda do historiador e fil�sofo alem�o Hermann Mathias G�rgen para escapar da morte quase certa nas m�os do regime nazista. Ele elaborou um plano para construir uma f�brica no interior de Minas Gerais, como justificativa para conseguir a autoriza��o do governo brasileiro para a entrada dos perseguidos. Estrat�gia semelhante � do industrial Oskar Schindler, que ficou conhecido depois que sua fa�anha para salvar mais de 1 mil judeus dos campos de concentra��o chegou aos cinemas no filme A lista de Schindler.

O primeiro desafio de G�rgen para ajudar as pessoas que foram inclu�das em sua lista era conseguir documentos necess�rios para que os refugiados pudessem viajar sem ser presos pela Gestapo, pol�cia secreta alem�, ou militares de governos aliados aos nazistas. Como 38 dos 48 nomes de sua lista eram judeus e tinham a letra “J” carimbada em seus passaportes, a entrada em v�rios pa�ses seria impedida. Foi preciso ent�o conseguir passaportes de outros pa�ses, alguns com nomes falsos. A maioria dos documentos foi feita na Tchecoslov�quia.

Outra solu��o encontrada por G�rgen foi buscar o apoio de integrantes da Igreja Cat�lica, que estavam dispostos a ajudar no salvamento de perseguidos pelo nazismo. Por meio de contatos no Vaticano e com padres de pequenas cidades espalhadas pela Europa, alguns refugiados conseguiram atestados de batismo falsos, o que permitiu aos exilados se afirmarem nos postos de imigra��o como “judeus convertidos ao catolicismo”. “Nesse trajeto, G�rgen e seu grupo receberam uma ajuda importante do c�nsul brasileiro em Genebra, Milton C�sar Vieira, e do n�ncio apost�lico, Felippe Bernardini, para conseguir os documentos necess�rios. Vieira foi um dos raros diplomatas que ajudou no salvamento de muitas vidas. Sem a ajuda de �rg�os oficiais do governo brasileiro, a salva��o ficou a cargo de pessoas que tiveram sentimento de humanismo e sensibilidade”, diz a historiadora da USP Maria Luiza Tucci Carneiro.

Com os documentos reunidos, eles foram de trem at� Lisboa, em Portugal, onde embarcariam no navio espanhol Cabo de Hornos, com destino ao Brasil. No trajeto, o grupo passou por momentos de ang�stia e medo, correndo o risco de ser presos por oficiais alem�es, quando passaram pela Fran�a, na �poca ocupada pelo Ex�rcito alem�o, e pela Espanha, que, apesar da postura neutra, demonstrava simpatia pelos regimes fascistas.

Tens�o no Atl�ntico 
Em pelo menos dois momentos da viagem a presen�a de militares espanh�is e alem�es fiscalizando os passageiros dos trens geraram momentos de grande tens�o entre os refugiados judeus, como relatou Jean Hoffmann em seu di�rio: “A viagem pela Espanha era meu �ltimo obst�culo e sabia que n�o seria f�cil venc�-lo. Mas com a ajuda de Deus e de algumas pessoas de sentimentos nobres eu consegui vencer mais esse obst�culo, sem cair no �ltimo momento nas m�os dos agentes da Gestapo, na Espanha, o que acabou acontecendo com alguns amigos meus”.

Com pouco dinheiro para fazer a viagem – a maioria dos integrantes teve que abandonar seus pertences em suas antigas casas –, o grupo de G�rgen passou por grandes dificuldades em Portugal � espera do embarque no navio. Eles se hospedaram em pens�es pr�ximas ao porto de Lisboa, sempre com receio de surgir problemas que atrapalhassem a viagem.

Mesmo depois de zarpar para o Oceano Atl�ntico, em 27 de abril de 1941, os refugiados voltaram a sentir ang�stia, sempre alertas de que a guerra nas �guas entre submarinos alem�es e ingleses se encontrava a todo vapor. Integrante da lista de G�rgen, Ulrich Becher escreveu em suas mem�rias os momentos de tens�o � bordo do navio. “Em Cadiz, �ltima esta��o em solo europeu (ser� que seria a �ltima, como esper�vamos?), um casal embarcou. De repente, por volta da meia-noite, o Cabo de Hornos parou, o navio ficou boiando uma hora ou mais nas ondas do Atl�ntico, com os motores parados. A not�cia se espalhou a bordo: submarino de nacionalidade desconhecida parou nosso transatl�ntico espanhol, que era um navio neutro”, relatou Becher. A parada, no entanto, foi ordenada por um submarino aliado, da Marinha brit�nica, e a viagem prosseguiu para al�vio dos refugiados.

 


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