Naquele instante que o apito da locomotiva ressoa, na plataforma da estação centenária no Centro de Belo Horizonte, sabe-se que é o aviso da hora de partir. Lentamente, às 7h em ponto da manhã, o mais antigo trem de passageiros do Brasil ainda em atividade, segue rumo ao Espírito Santo. No caminho, ao longo de mais de 120 anos, costura histórias ao passar por vales, acompanhar rios e atravessar túneis. Numa viagem de 13h30, o tempo se dilui ao longo dos 664 quilômetros do trajeto. Pela janela, se avista florestas, cachoeiras, sobrevoo de pássaros e borboletas. Pois, nessa viagem tranquila, é possível apreciar as belezas do lado de fora, com calma, numa viagem que inspira à arte da contemplação. 

O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), operado pela Vale, é uma das poucas opções de transporte ferroviário de longa distância no Brasil e a única com operação diária, conectando Belo Horizonte (MG) à Cariacica (ES), na região metropolitana de Vitória. O trajeto da locomotiva atravessa 42 municípios, sendo 21 estações em Minas Gerais e 9 no Espírito Santo, oferecendo uma alternativa única para quem busca conforto, segurança e uma experiência visualmente rica. Uma boa opção para família que planeja passar as férias em Guarapari agora no meio do ano. 

O trajeto inclui cidades como Barão de Cocais, Rio Piracicaba, Nova Era, Governador Valadares, Aimorés, Colatina e Baixo Guandu. Partindo de Belo Horizonte, o trem passa por áreas de mata nativa, cruza o Rio das Velhas e segue o curso do Rio Doce, com paisagens que variam de montanhas e planícies. As 30 paradas permitem embarques e desembarques em cidades estratégicas, conectando comunidades e facilitando o turismo local.

A viagem margeia o Rio Doce, passando por paisagens exuberantes da Mata Atlântica e do Cerrado, com destaque para os 17 túneis, pontilhões e formações rochosas, como a Pedra da Ibituruna, em Governador Valadares. Essa cidade, marca a metade do caminho, e a divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo é cruzada no último trecho, próximo a Cariacica. 

Renovação

Os passageiros da classe executiva têm acesso a poltronas reclináveis, com tomadas elétricas e luz de leitura

Vale/Divulgação

Em 2014, a frota do trem foi renovada, com vagões modernos fabricados na Romênia e, a partir de 2025, novos vagões chineses da CRRC foram incorporados, trazendo ainda mais conforto. Os passageiros têm acesso ao ar-condicionado em todos os vagões, poltronas reclináveis, com tomadas elétricas e luz de leitura (especialmente na classe executiva). Vagão-restaurante e lanchonete, com opções de refeições executivas, marmitex e lanches leves. Serviço de bordo, com carrinhos circulando para venda de alimentos e bebidas. Carro exclusivo para cadeirantes, com elevador e espaços adaptados, além de uma sala para pessoas neurodivergentes, equipada com brinquedos pedagógicos e isolamento acústico. Wi-Fi, embora a conexão possa ser instável, e monitores de vídeo com filmes e conteúdos gratuitos. Com uma configuração típica de 16 a 19 vagões, a capacidade do trem pode chegar a aproximadamente 1.600 passageiros.

Hoje, além de ser um importante centro de transporte, abriga o Museu da Língua Portuguesa e continua a ser um dos ícones culturais da cidade. A estação sofreu um incêndio em 1946, mas foi restaurada, garantindo sua importância como patrimônio histórico e arquitetônico da capital paulista. Madmarcelomad /Wikimédia Commons
Inaugurada em 16 de fevereiro de 1867, a Estação da Luz é um marco histórico da cidade de São Paulo, com uma arquitetura vitoriana imponente, sendo projetada para ser a principal porta de entrada para a cidade. Ela foi construída com materiais importados da Inglaterra e passou por diversas reformas ao longo dos anos. Wilfredor/Wikimédia Commons
Ao longo dos anos, passou por diversas modificações, mas continua a ser um importante ponto de saída de várias linhas que conectam a cidade a outros municípios e bairros. Sua rica história e arquitetura fazem dela um dos maiores patrimônios ferroviários do país. Arne Müseler /Wikimédia Commons
Sua importância histórica foi imortalizada pelo filme "Central do Brasil", que a levou ao reconhecimento internacional. Originalmente chamada Estação da Corte, ela foi palco do transporte de passageiros e mercadorias essenciais para a cidade. Super Via
Inaugurada em 1858, a Estação Central do Brasil, situada no centro do Rio de Janeiro, é uma das estações ferroviárias mais famosas do país. Boaventuravinicius/Wikimédia Commons
A estação preserva a história das ferrovias da região e se tornou um dos principais atrativos turísticos de Bento Gonçalves, especialmente para os amantes da cultura e da gastronomia do Rio Grande do Sul. -Reprodução de Facebook
Inaugurada em 1919, a Estação Ferroviária de Bento Gonçalves foi importante para o escoamento da produção da região da Serra Gaúcha. Em 1993, ela começou a funcionar como ponto de partida para um passeio turístico de Maria-Fumaça, com 23 km de trajeto pelas belas paisagens da região, incluindo degustação de vinhos locais. Ricardo Melo Araujo/Wikimédia Commons
A estação faz parte do Expresso Turístico, que leva os visitantes por um percurso histórico, enquanto a cidade oferece atrações culturais e ecológicas, como o Museu do Castelinho e o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Flickr William Molina
Após o fim do uso comercial em 1977, a estação passou a ser um atrativo turístico, oferecendo passeios de trem por fazendas centenárias de café. O trajeto de 24 km é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc), preservando a memória da antiga ferrovia que ligava São Paulo a Minas Gerais. flickr Fernando Picarelli Martins
Inaugurada em 1926, a Estação Anhumas é o ponto de partida da famosa Maria-Fumaça que liga Campinas a Jaguariúna. Sua arquitetura histórica do início do século 20 é mantida pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), e a estação é um importante exemplo da cultura ferroviária brasileira. flickr Setsuko Hanazaki
Com um museu ferroviário que preserva peças e registros da história do transporte no Brasil, a estação mantém viva a memória das ferrovias, oferecendo aos visitantes uma experiência cultural imersiva. A operação do trem turístico é um importante projeto de preservação do patrimônio ferroviário nacional. - Universidae federal de São João Del-Rei
A Estação Ferroviária de São João del Rei, inaugurada em 1881, é um ícone das estradas de ferro de Minas Gerais. Após a desativação da linha nos anos 1960, a estação passou a ser um ponto turístico, servindo como partida para o famoso passeio de Maria-Fumaça até Tiradentes. - Reprodução do Youtube
Sua estrutura, repleta de detalhes artísticos, está em processo de restauração para preservar sua beleza histórica. A estação é um símbolo cultural e arquitetônico de São Paulo, conectando a história ferroviária à vida artística da cidade. Flickr Ciudades Imaginadas
Destacam-se as locomotivas restauradas, como a Loco 201, fabricada em 1949, e a Brigardier, de origem alemã, que também foi utilizada em tempos de guerra. A viagem oferece uma imersão no passado ferroviário do Brasil. Priscila Zambotto /Wikimédia Commons
A linha férrea foi essencial para o desenvolvimento das cidades, ligando-as e promovendo o crescimento econÎmico. O Trem Turístico é uma das principais atrações culturais da região. Reprodução do Youtube Canal OURO PRETO
A viagem de trem entre Ouro Preto e Mariana é uma experiência encantadora que combina história e beleza. Revitalizada pela Vale entre 2004 e 2006, a antiga ferrovia construída em 1883 foi restaurada, com as estações e locomotivas mantendo suas características originais. Reprodução do Youtube Canal OURO PRETO
De norte a sul do Brasil, essas estações continuam a contar histórias de viagens, cultura e transformações, enquanto mantêm vivas as memórias de uma era que marcou profundamente o país. Reprodução Youtube

Segurança e preços

O trajeto da locomotiva atravessa 42 municípios, sendo 21 estações em Minas Gerais e 9 no Espírito Santo

Vale/Divulgação

O trem da EFVM oferece uma viagem mais segura, com monitoramento por inteligência artificial, câmeras e sensores. Uma alternativa sensata às viagens de ônibus pela rodovia BR 262, conhecida por seu alto índice de acidentes e congestionamentos. Além disso, o transporte ferroviário é mais sustentável, emitindo menos poluentes e reduzindo o impacto ambiental em relação a carros e ônibus.

Outra vantagem é o preço; as passagens do trem são significativamente mais baratas que outras opções de transporte para a mesma rota, como ônibus ou avião, tornando-o uma escolha econômica para viagens interestaduais. Além disso, há descontos de 50% para idosos (acima de 60 anos com renda de até dois salários mínimos) e pessoas com deficiência, válidos na classe econômica.

Valores:



Trajeto completo (Belo Horizonte – Cariacica ou vice-versa)

 Classe econômica: R$ 81

 Classe executiva: R$ 116

   



Tempo de Viagem

A viagem completa entre Belo Horizonte e Cariacica leva, em média, 13 horas e 30 minutos, com partidas diárias às 7h em ambos os sentidos. O trem sai de Belo Horizonte às 7h e chega em Cariacica às 20h30, enquanto no sentido inverso, parte de Cariacica às 7h e chega a Belo Horizonte às 20h30. O percurso pode sofrer atrasos devido às 30 paradas ou contratempos operacionais, mas a Vale mantém um sistema de monitoramento para garantir segurança e eficiência. Há também um trem adicional entre Itabira e Nova Era (MG) para trajetos.





Serviço: 

Leve um agasalho devido ao ar-condicionado forte e identifique sua bagagem, que deve somar até 35 kg por passageiro. Para mais informações, contacte o Alô Vale: 0800 285 7000. As passagens podem ser adquiridas com até 30 dias de antecedência pelo site da Vale , no app “Trem de Passageiros” (iOS e Android) ou em pontos de venda nas estações.

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