Na manhã desta quinta-feira (2/10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar sobre sua hospedagem durante a COP30, que será realizada em Belém em novembro. Em tom descontraído, disse que não ficará em hotel e reafirmou: “vou dormir num barco”. Rindo, completou a frase com uma promessa bem ao estilo amazônico: quem sabe ainda pesco um pirarucu”.

A fala, feita em meio a preparativos finais para o evento que deve reunir cerca de 50 mil pessoas na capital paraense, traduz a tentativa do governo de mostrar simplicidade diante das críticas sobre os altos custos da conferência. Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, devem embarcar em uma das embarcações reservadas para abrigar autoridades, diplomatas e participantes.

Os navios da COP30

Navio Costa Diadema corta o alto mar em viagem de cruzeiro Porta Voz Comunicação/Divulgação/Arquivo EM
Palco na área da piscina do Seaview vai receber grandes shows musicais Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press -
A passarela de vidro na popa do Seaview é uma das sensações do transatlântico Gladyston Rodrigues/EM
Lançado em 2018, o MSC Seaview retorna nesta temporada ao Brasil Gladyston Rodrigues/EM
Navio Costa Diadema Reuters/Fernanda Luz/Direitos reservados
MSC Seaview Carlos Altman/EM
Foto do navio Costa Diadema Rildo de Jesus/TV Bahia

Para garantir a hospedagem de milhares de visitantes, o governo contratou dois gigantes dos mares: o Costa Diadema e o MSC Seaview. As embarcações ficarão atracadas no Terminal Portuário de Outeiro, em Belém, que passa por obras de revitalização para receber a estrutura.

Juntos, os navios oferecem cerca de 6 mil leitos. Só o Costa Diadema, de 306 metros de comprimento, conta com quase duas mil cabines, muitas delas com varanda privativa e suítes de luxo. No interior, restaurantes de diferentes cozinhas, teatros, cinema 4D, spa e piscinas transformam o navio em uma cidade flutuante.

Já o MSC Seaview é outro colosso, projetado para mais de 5 mil hóspedes. Além de cabines com hidromassagem na varanda, dispõe do exclusivo MSC Yacht Club, uma espécie de hotel dentro do navio, com áreas reservadas, serviços personalizados e vista panorâmica.

Hospedagem alternativa

O uso de cruzeiros como hospedagem emergencial foi a solução encontrada pelo governo diante da escassez de quartos de hotel em Belém. O contrato, de até R$ 259 milhões, garante que os navios permaneçam disponíveis entre 5 e 21 de novembro. Segundo o Ministério do Turismo, os custos só serão de fato pagos caso as cabines não sejam totalmente ocupadas.

Entre o humor e a política

Ao brincar que vai “pescar pirarucu” durante a COP30, Lula sinaliza que pretende transformar sua hospedagem em símbolo de aproximação com a Amazônia e seu povo. A escolha de um barco em vez de um hotel, ainda que em cruzeiro de luxo, vem carregada de gesto político: evitar a imagem de ostentação em um encontro global que discutirá justamente a preservação ambiental e os impactos das mudanças climáticas.

 “Não será a COP do luxo. Vou dormir num barco”, já havia dito o presidente em outra ocasião, reforçando a narrativa de simplicidade.

A cena ainda não está definida: se Lula ficará no Costa Diadema, no MSC Seaview ou em outro barco adaptado. Mas uma coisa é certa — o imaginário do presidente já traçou o cenário: redes, águas amazônicas e, quem sabe, um pirarucu para contar a história.

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