patrimônio vivo da mineiridade

Já te contaram do destino em Minas que promete bombar em 2026?

Com a nascente do São Francisco, o melhor queijo do mundo e o Lago de Furnas como cenário, região entrou no ranking de Previsões de Viagens da Booking.com

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No coração do Sudoeste mineiro, onde o Cerrado se ergue em chapadões escarpados e o horizonte se perde em paredões de pedra milenares, a Serra da Canastra não é apenas um acidente geográfico. É um organismo vivo, pulsando com a nascente do Rio São Francisco, o aroma terroso do queijo artesanal que desafia o tempo e as águas serenas do Lago de Furnas, que espelha o céu como um espelho de safira. 

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Em 2026, essa região – única representante de Minas Gerais na lista de destinos tendência da Booking.com – promete atrair olhares do mundo todo, impulsionada por um salto de 25% nas reservas em 2025 e uma projeção de 30% de crescimento no próximo ano. Mas vá além das estatísticas: a Canastra é um convite à imersão, onde a natureza, a história e a cultura se entrelaçam em um roteiro que reconecta o homem à terra que o nutre.

Eu, que há anos sigo as trilhas dessa serra como repórter e fotógrafo, voltei recentemente para revisitar suas veias abertas. De São Roque de Minas, portal oficial do Parque Nacional, a Delfinópolis, às margens do Rio Grande, e de lá ao "Mar de Minas" em Capitólio. O que encontrei não foi só o eco das minhas matérias antigas – sobre cachoeiras que caem como véus de noiva e queijarias que guardam segredos de avós –, mas uma evolução sutil: a Canastra de 2025, mais acessível e sustentável, se prepara para o boom de 2026 sem perder sua alma rústica. É o lugar onde o queijo não é só comida, mas memória; onde Furnas não é mero lago, mas uma hidrelétrica de histórias; e onde o São Francisco nasce não de um gêiser, mas de poças humildes que alimentam o Nordeste inteiro.

A nascente do gigante

 Serra da Canastra (MG)
Serra da Canastra (MG) Leandro Couri/EM/D.A Press. Brasil. Sao Roque de Minas - MG. O cenario da nascente do Rio Sao Francisco, que e aberta ao publico, e desolador pela destruicao pelo fogo e tambem pelo baixo nivel da nascente, em proporcoes nunca vistas antes. - Nascente do Rio Sao Francisco, localizada dentro do Parque Estadual da Serra da Canastra secou por conta do tempo de estiagem (seca) e, tambem, da queimada. Esta e a primeira vez que a nascente seca.

Imagine um riacho tímido, borbulhando entre gramíneas do Cerrado, sob o olhar atento de uma estátua de São Francisco de Assis. Essa é a nascente histórica do "Velho Chico", no alto do Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972 para proteger esse berço hidrográfico. Mas a verdade científica é mais poética: o rio não brota de um ponto único, mas se forma em uma rede de nascentes espalhadas pelos 200 mil hectares do parque, divisor das bacias do Paraná e do São Francisco. Nesse local, a 1.200 metros de altitude, o ar é puro e o silêncio, interrompido só pelo cantos das aves como Pato-mergulhão e Pica-Pau. Além de avistar veado-campeiro e lobos-guarás – espécies endêmicas que o ICMBio zela com vigilância contra incêndios antrópicos, cada vez mais controlados graças a programas de manejo integrado.

De carro 4x4 – essencial nessas estradas de terra vermelha –, a trilha até a nascente leva cerca de 30 minutos de São Roque de Minas. Pare no mirante do Chapadão: aos pés, vales verdejantes se estendem até o horizonte, interrompidos pela icônica Cachoeira da Casca d'Anta, com seus 186 metros de queda livre – a primeira do São Francisco em sua jornada de 2.800 km até o Atlântico. Visitei a parte alta em uma manhã de neblina, onde piscinas naturais convidam a um banho gelado que lava a alma; e a parte baixa, à tarde, onde o rio, já vigoroso, forma corredeiras ideais para boia-cross. Mas vá com guia local: o parque exige, e eles contam histórias que nenhum app substitui, como a de como o Cerrado, bioma ameaçado, abriga mais de 600 espécies de aves e flores rupestres que florescem só na seca.

A biodiversidade é o pulmão da Canastra. Em 2025, o ICMBio registrou um aumento de 15% nas observações de onças-pardas, graças a drones de monitoramento. Para o ecoturista de 2026, isso significa trilhas guiadas no Roteiro do Lobo-Guará, de 5 km, ou safáris fotográficos em reservas particulares como em Vargem Bonita – um refúgio de onde tamanduás-bandeira cruzam o caminho ao pôr do sol.

Patrimônio vivo da mineiridade

Queijo Canastra
Queijo Canastra Gil Leonardi / Imprensa MG

Se o São Francisco é o sangue da Canastra, o queijo é sua alma comestível. Produzido há mais de 200 anos em fazendas de gado solteiro, o Queijo Canastra – com sua casca amarela rugosa e miolo cremoso, picante – é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2008 (IPHAN) e da Humanidade pela UNESCO em 2024, ao lado dos modos artesanais de Serro e Salitre. Seu segredo? O terroir: pastos nativos do Cerrado, altitude que refresca o ar e água pura das nascentes, tudo fermentado no "pingo" – um soro ancestral que carrega bactérias únicas.

Em São João Batista do Glória, provei na Queijaria Quintal do Glória, uma das pioneiras com selo SIF (Serviço de Inspeção Federal). Nilséia e Renato Vilela, donos desde 2018, me guiaram pelo processo: ordenha manual pós-amamentação dos bezerros, coalho natural e maturação em prateleiras de madeira por até 60 dias. "Aqui, o queijo não é produto; é conversa com a terra", diz Renato, enquanto corta uma fatia que derrete na boca, equilibrando acidez e doçura. Essa queijaria, medalhista de prata no Mundial de Queijos da França, é só uma das 40 na Indicação Geográfica (IG) da Canastra, que abrange seis municípios: São Roque de Minas, Delfinópolis, Sacramento, Piumhi, Vargem Bonita e o próprio Glória.

Em 2025, o 1º Concurso de Queijo Autoral, em Glória, premiou inovações como queijos com ervas do Cerrado – um sinal de que a tradição evolui sem se diluir. Para o visitante, roteiros como o da Roça da Cidade, em São Roque, combinam visita à queijaria com almoço caipira: tutu de feijão com queijo derretido, fígado acebolado e pão de queijo fresco. É gastronomia que educa: entenda por que o leite cru preserva o microbioma local, e saia com uma roda na mala – mas prove primeiro, em harmonia com vinhos mineiros ou cachaças da região.

Furnas: O Mar de Minas

Lago de Furnas, um local perfeito para nadar, fazer passeios de lancha, caiaque, barco e desfrutar as belas cachoeiras em Capitólio
Lago de Furnas, um local perfeito para nadar, fazer passeios de lancha, caiaque, barco e desfrutar as belas cachoeiras em Capitólio Leandro Couri/EM/D.A Press

A 80 km da Canastra, o Lago de Furnas – ou "Mar de Minas" – é o contraponto sereno à exuberância serrana. Criado em 1963 pela usina hidrelétrica, esse reservatório de 1.440 km² (quatro vezes a Baía de Guanabara) banha 34 municípios, com ilhas, cânions e praias de areia branca. Em Capitólio, epicentro do turismo náutico, embarque no Cruzeiro Mar de Minas, novidade de 2025: quatro horas de lancha pelos Cânions da Furnas, Lagoa Azul e Canto dos Tucanos, com paradas para mergulhos e piquenique de queijo Canastra e doce de leite.

De Delfinópolis, onde o Rio Grande alimenta o lago, o encontro com a Canastra é mágico. Visitei a Queijaria Porto Canastra, à beira-rio, e vi como as águas frescas irrigam os pastos que dão o leite premiado. "Furnas é o pulmão hídrico da serra", explica Luiz Henrique Fernandes, o Nico, enquanto sirvo um pedaço de queijo maturado por 30 dias. Atividades? Stand-up paddle nos canyons, pesca esportiva de tilápias ou trilhas como o Caminho do Céu, que oferece vistas panorâmicas do parque. Em 2026, espere mais roteiros integrados, como o do livro 'Furnas, Peixoto e Serra da Canastra' (lançado em junho de 2024 pela Cemig), que mapeia 40 rotas por 70 cidades, unindo queijarias a mirantes



Por que 2026 será o ano da Canastra?

A Booking.com não erra: acessibilidade (estradas pavimentadas de BH em 5h ou SP em 6h), sustentabilidade (hotéis como o Chapadão da Canastra, com 50% de área verde) e o apelo pós-pandemia por "experiências autênticas" impulsionam o destino. Mas há desafios: o overturismo ameaça o Cerrado, e produtores pedem mais fiscalização contra falsificações do queijo. A boa notícia? Iniciativas como o Circuito Turístico Lago de Furnas promovem o "turismo regenerativo", com limites de visitantes e renda distribuída a comunidades.

Fique em pousadas como a Jurerê da Canastra, em Vargem Bonita – um oásis com piscina natural no Rio São Francisco – ou a Pousada Recanto da Canastra, em São Roque de Minas, para noites estreladas. A melhor época para visitar é de abril a outubro, na seca, para trilhas seguras. E lembre: na Canastra, o tempo não passa; cura, como o queijo.

Volto sempre, câmera na mão, porque aqui, no cruzamento de rios e tradições, Minas se revela inteira. Em 2026, junte-se a nós – mas devagar, respeitando o ritmo da serra.

Lista dos destinos que vão bombar em 2026



A Booking.com divulgou sua pesquisa anual de Previsões de Viagem para 2026, identificando oito destinos brasileiros que devem ganhar destaque no próximo ano. A seleção é baseada no aumento anual de reservas por turistas brasileiros, entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2025, entre os 1.000 mais reservados na plataforma. Os destinos foram ordenados por crescimento e escolhidos para garantir diversidade geográfica, priorizando experiências autênticas, contato com a natureza e conexões culturais locais. Cada um oferece opções variadas, desde ecoturismo e praias até enoturismo e tradições regionais. Com destaque para a Serra da Canastra, os outros 7 destinos são: Juquehy (SP), Búzios (RJ), Cajueiro da Praia (PI), Espírito Santo do Pinhal (SP), Encantado (RS), Morro Branco (CE) e São Gabriel (RS).



1. Juquehy (São Sebastião, SP): Praias extensas e calmas, ideais para famílias e surfe, com trilhas no Parque Estadual da Serra do Mar e cachoeiras próximas.

   

2. Búzios (RJ): Mais de 20 praias, com vibe sofisticada, vida noturna agitada, surfe na Praia de Geribá e mergulhos para ver tartarugas.

3. Cajueiro da Praia (PI): Atmosfera rústica no Norte do Piauí, com o maior cajueiro do mundo, kitesurfe na Praia de Barra Grande e vibe de vila de pescadores.

4. Espírito Santo do Pinhal (SP): Refúgio na Serra da Mantiqueira para enoturismo e café, com vinícolas premiadas, tours e centro histórico do século 19.

5. Serra da Canastra (MG): Ecoturismo com montanhas, cachoeiras e o queijo Canastra (Patrimônio Cultural), incluindo o Parque Nacional e a nascente do Rio São Francisco.

6. Encantado (RS): Cidade charmosa no Vale do Taquari, com o Cristo Protetor, Lagoa da Garibaldi e Igreja Matriz São Pedro para caminhadas e vistas panorâmicas.

7. Morro Branco (Beberibe, CE): Praias com falésias multicoloridas em "labirinto", artesanato de areia e passeios de quadriciclo por dunas e lagoas.

8. São Gabriel (RS): "Princesa das Coxilhas" com cultura gaúcha, museu histórico, casarões e Igreja Matriz, destacando tradições do Rio Grande do Sul.

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