
No fim de semana, a terra tremeu no Nordeste do Ir�, na magnitude 5,8 da escala Richter. Mas a morte de Qassem Soleimani foi um sismo em grau m�ximo da escala. O chefe da Guarda Revolucion�ria da teocracia iraniana era tamb�m planejador estrat�gico e t�tico para controle do poder no L�bano, S�ria, Iraque, Afeganist�o e I�men, para cercar Israel e enfraquecer outros aliados dos Estados Unidos, como a Ar�bia Saudita. O Hezbollah no L�bano se tornou um Estado dentro do estado. Os xiitas na S�ria, os houthis no I�men, o Hamas, o movimento Jihad Isl�mico eram instrumentos para Soleimani, que usava �rabes e afeg�os para n�o constranger as for�as regulares do Ir� em miss�es alheias � defesa de seu pa�s.
Parecia um herdeiro de Xerxes, filho de Dario e neto de Ciro, a dinastia que fez da P�rsia, hoje Ir�, a grande pot�ncia que dominou o Oriente M�dio da Antiguidade, at� que o maced�nio Alexandre, o Grande destro�asse o imp�rio. N�o parece sonho imaginar que o objetivo de Soleimani fosse o reerguimento do Imp�rio Persa. Sua presen�a ia das praias do Mediterr�neo ao Golfo P�rsico. Estava dentro do Iraque quando foi atingido, depois que os americanos, por falta de decis�o, adiaram o momento de “puxar o gatilho”, embora tivessem tido outras oportunidades para lan�ar o ataque.
A decis�o de matar Soleimani n�o � um desafio dos Estados Unidos ao Ir�; � um aviso e uma amea�a. O governo americano n�o est� preocupado com a pesquisa nuclear iraniana; j� sabia que acordos s� seriam cumpridos no cerimonial. Israel vem monitorando o programa nuclear do Ir�, pois disso depende a sobreviv�ncia do pa�s que se fundou com sangue e se mant�m com sangue e vigil�ncia. Soleimani era a fonte de foguetes que sempre amea�am Israel por todos os lados. Ele � dessas figuras de retaguarda e front, sempre presente a incentivar seus comandados. Por isso, sua morte � um desfalque maior que o de Bin Laden ou do l�der do Estado Isl�mico. No Ir�, s� estava abaixo do aiatol�.
Seus seguidores atacaram petroleiros, cobriram de m�sseis a maior refinaria da Ar�bia Saudita, mataram quase 1 mil americanos no Iraque. E o governo americano esperou. Mas, o recente ataque � embaixada no Iraque, onde estava Soleimani, fez Trump dar a ordem de fogo. At� o momento em que escrevo, n�o vi manifesta��es fortes da China ou da R�ssia. Cada pot�ncia respeita os interessas da outra. Americanos n�o se meteram na Ucr�nia ou em Hong Kong. O Ir� n�o ganharia a guerra, mas pode fazer uma boa negocia��o. S� n�o pode controlar movimentos que ficaram �rf�os de seu comandante e inspirador. Pode haver vingan�as de um lado, com puni��o imediata por parte dos americanos. Mas n�o haver� guerra mundial como catastrofistas de plant�o falam. Se houvesse, duraria apenas um dia e acaba.