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O tamanho do desafio da 'noiva da Cultura', a atriz Regina Duarte

Ela n�o precisaria ter medo de assumir o cargo, j� que h� mais 50 anos frequenta o serpent�rio onde crepitam as chamas da fogueira de vaidades que � o meio das artes, onde fervem egos


postado em 22/01/2020 04:00 / atualizado em 29/01/2020 07:45

No governo Bolsonaro, Regina vai ocupar uma cadeira que combina a vaidade das artes com a autoridade do cargo estatal (foto: Reprodução/Twitter)
No governo Bolsonaro, Regina vai ocupar uma cadeira que combina a vaidade das artes com a autoridade do cargo estatal (foto: Reprodu��o/Twitter)
A 'Namoradinha do Brasil' aceitou ser secret�ria da Cultura com a condi��o que come�asse com um noivado, at� que passasse o medo com o tamanho do desafio. N�o precisaria ter medo quem h� 50 anos frequenta o serpent�rio onde crepitam as chamas da fogueira de vaidades que � o meio das artes, onde fervem egos. O setor cultural estatal talvez seja ainda mais perigoso, porque junta uma rima, a da vaidade com autoridade.

Regina Duarte vai ocupar a cadeira de um exemplar dessa combina��o, que ficou sem assento por causa do pronunciamento em que parecia estar no est�dio de Nuremberg, com Goebbels e Wagner. Homem de teatro, incorporou a persona.

Quando se soube do pl�gio de Goebbels, na sexta-feira pela manh�, pensei que fosse a frase aplicad�ssima no Brasil, por mentirosos contumazes: “A mentira repetida mil vezes, vira verdade”. Se fosse, n�o haveria novidade, pois s�o velhos conhecidos esses mit�manos que primeiro se convencem da pr�pria mentira, para depois mentirem convincentemente. Mas n�o era essa frase. Foi um par�grafo inteiro de Goebbels, uma enrola��o verborr�gica que o senhor Alvim exumava.


''Vejo grandes centros urbanos centralizando recursos culturais, a despeito de haver um interiorz�o forte, rico de cultura, de tradi��es, distante do est�mulo estatal, e perdendo suas ra�zes, esmagado pela cultura industrial massificada, alheia a seus valores''




O presidente, para conseguir almo�ar naquela sexta no Clube Naval, primeiro teve que demitir o secret�rio. Alvim, flagrado, disse que n�o sabia da origem do par�grafo plagiado, o que levou a suposi��es de conspira��o para atingir o presidente com a fala nazista. Mas, depois, Alvim afirma que assume tudo, isentando assessores, e culpa uma influ�ncia sat�nica. Dif�cil entender uma mente assim. Tomara que o jornalismo investigativo abra a caixa-preta desse epis�dio, para apurar se se guarda mera coincid�ncia com o enredo de "Especialista em crise", com Sandra Bullock.

O epis�dio Goebbels-Alvim serve para chamar a aten��o do povo, pov�o brasileiro, que existe uma fonte de consumo de seus impostos, chamada Secretaria – ou Minist�rio – da Cultura. Porque o setor n�o tem servido ao titular da cultura brasileira, que � o povo, mas a alguns selecionados, que adoram f�cil dinheiro p�blico, para n�o correr riscos com seus empreendimentos.

Tenho visto gente financiada pelo imposto de todos, que cobra alto por ingressos de seus espet�culos, vistos s� por quem tem dinheiro para alcan�ar a bilheteria. Tenho visto falta de crit�rio, financiando obras que nada dizem ao povo. Vejo grandes centros urbanos centralizando recursos culturais, a despeito de haver um interiorz�o forte, rico de cultura, de tradi��es, distante do est�mulo estatal, e perdendo suas ra�zes, esmagado pela cultura industrial massificada, alheia a seus valores.

Serve para a gente lembrar que a cultura � do povo, n�o tem dono, muito menos grupos de donos. E n�o est� jungida ao estado, como sugeriram Goebbels e Alvim, mas � solta e livre, porque n�o aceita imposi��es. Um povo n�o pode perder seu passado, ou n�o ter� identidade no futuro. As ra�zes de um pa�s s�o como as ra�zes de uma fam�lia – pa�ses e fam�lias precisam honrar e preservar seus nomes.

H� uma cultura da Humanidade, que perpassa fronteiras; s�o os grandes nomes da m�sica, da literatura, das artes c�nicas e pl�sticas. E h� uma cultura nacional, de nossos formadores �tnicos, rica, diversificada, cheia de cores e nuances, que deve ser preservada com o zelo do estado – diferente do show business, do entretenimento industrial, que � uma atividade de risco, como tantas outras atividades comerciais.

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