Quanta gente no Brasil vive em sua bolha, sem conhecer o pa�s real?

Num debate com empres�rios cearenses, o ministro Paulo Guedes admitiu que enquanto vivia numa bolha, n�o conhecia o Brasil. A bolha certamente era o seu mundo acad�mico e financeiro, mas n�o o da diversidade do pa�s. O presidente da Caixa Econ�mica, Pedro Guimar�es, me revelou a mesma sensa��o. Disse que vivia o mundo da Avenida Faria Lima e agora est� conhecendo o Brasil real. Sai toda semana para lugares como pantanal, alagados, floresta de baba�u, lix�o… E est� maravilhado com a descoberta do Brasil real.

Fico imaginando quanta gente importante no seu ramo de atividade est� precisando sair de sua bolha, para conhecer os brasileiros. Assim como Paulo Guedes talvez s� conversasse com seus semelhantes, quantos m�dicos s� se relacionam com seus colegas na redoma das cl�nicas; quando jornalistas s� convivem com os companheiros de reda��o, inclusive nas happy-hours; assim como pol�ticos que se limitam a ouvir as louva��es de seus assessores. �s vezes, esse c�rculo � t�o fechado que se casam com colega de profiss�o.

� o risco do mais do mesmo, de n�o ter portas e janelas abertas para o outro mundo, o do lado de fora da redoma. O risco de n�o aprender o que esteja fora do c�rculo. �s vezes, encontro empres�rios que vivem para sua grande empresa como se ela fosse seu pr�prio pa�s, e esquecem que o pa�s real pode dispensar suas empresas, esquecendo que elas dependem da situa��o do pa�s.

N�o sei se � uma forma de ego�smo ou uma tentativa de prote��o. Os fechados em seus c�rculos se isolam do pa�s e v�o se alienando. Depois podem ser surpreendidos e n�o entendem por qu�. Boa parte do mercado j� percebeu isso e se blindou contra narrativas. Os recordes de valoriza��o das a��es brasileiras s�o prova de confian�a na economia do Brasil real. Os dados de ontem do IBGE confirmam essa confian�a.

H� dias, o presidente da Rep�blica esteve na regi�o conhecida como Cabe�a do Cachorro. Um grupo de naturais da regi�o expressou uma reinvindica��o b�sica: conex�o digital, hi-fi. Querem estar conectados ao Brasil, aos demais brasileiros, querem acompanhar mais, querem ter a liberdade de buscar informa��o – tanto que n�o pediram parab�lica. Querem liberdade para se informar fora da bolha. E d�o exemplo aos que, nas cidades, se fecham em suas bolhas.