
Leonel Brizola botou a boca no mundo quando percebeu que a contagem eletr�nica dos votos, feita pela Proconsult, contratada pelo TRE, poderia conduzir � vit�ria de Moreira Franco, em 1982. A den�ncia do risco de altera��o dos resultados, teria interrompido um processo de fraude e garantido a Brizola o governo do Rio de Janeiro. O epis�dio serviu para deixar o PDT com um p� atr�s em rela��o � contagem informatizada. Em 2001, o PDT de Brizola uniu-se ao projeto do Senador Roberto Requi�o (PMDB-PR) por comprovante do voto. Virou lei sancionada por FHC. Mas a Justi�a Eleitoral pressionou e a lei foi revogada em 2003. Em 2009, os deputados Fl�vio Dino e Brizola Neto propuseram nova lei de comprovante, que foi aprovada e sancionada por Lula, mas revogada pelo Supremo. Projeto do deputado Bolsonaro foi aprovado em 2015. Dilma vetou e o veto foi derrubado por 71% dos congressistas. No entanto, o Supremo suspendeu a lei, por oito votos, antes das elei��es. Depois, declarou-a inconstitucional, por unanimidade. Em 2021 ainda se voltou ao assunto, com o apoio do PDT de Carlos Lupi e Ciro Gomes, mas acabou arquivado. Agora o tema volta � discuss�o no TSE, provocado por a��o contra Bolsonaro por iniciativa – creiam – do PDT. � quest�o atual�ssima, j� que ano que vem temos elei��es municipais.
O PDT denunciou Bolsonaro por abuso do poder pol�tico e econ�mico, acusando-o de crime eleitoral, por ter convidado embaixadores credenciados no Brasil para uma conversa no Pal�cio Alvorada. A conversa versava sobre riscos da contagem eletr�nica pela aus�ncia de um comprovante impresso do voto digital. Se a den�ncia tivesse sido feita por outro partido, n�o seria de estranhar. Mas � ir�nico que tenha partido do PDT, que teria tudo para honrar a mem�ria de seu l�der e nunca mais querer o risco de um caso como o Proconsult.
Embaixadores que estiveram na reuni�o com Bolsonaro ficaram surpresos com a den�ncia do PDT. Alguns me disseram que n�o viram crime algum na atitude do ent�o presidente da Rep�blica. Que eles, embaixadores, atenderam ao convite pelo mesmo motivo com que aceitaram ir ao TSE para ouvir o ent�o presidente da Justi�a Eleitoral, Edson Fachin, expressar suas preocupa��es sobre a aceita��o dos resultados da elei��o presidencial. Na miss�o desses diplomatas, est� a de acompanhar o sistema de voto de um dos maiores eleitorados do mundo, num pa�s de grande import�ncia estrat�gica. � tarefa dos embaixadores relatar aos seus governos o andamento de um processo eleitoral, para que seja avaliada a legitimidade dos resultados. Assim, se houve crime eleitoral no encontro do Alvorada, os embaixadores seriam todos c�mplices.
Sobre o julgamento no TSE, bolsonaristas escrevem nas redes sociais que foi decidido antecipadamente fazer Bolsonaro carregar a cruz e ser crucificado. Torn�-lo ineleg�vel por oito anos � aplicar nele o que foi omitido na condena��o de Dilma quando, � revelia do par�grafo �nico do artigo 52 da Constitui��o, ela n�o ficou ineleg�vel por oito anos, no julgamento do Senado, conduzido pelo Presidente do Supremo. Por medo da for�a eleitoral de Bolsonaro, torn�-lo ineleg�vel, crucific�-lo, como dizem os bolsonaristas, podem converter num cristo algu�m que j� � messias no nome. Como na facada, podem turbinar Bolsonaro, como um l�der sem poder receber voto, mas com poder de voto ainda maior. Um resultado que pode ser de ganha-ganha para o ex-presidente. N�o podendo ser eleito, e j� tendo eleito tantos, ganha ressurrei��o como o grande eleitor.