Depois que acompanhei o desfecho de Game of thrones, fiquei mais ou menos sem s�rie de fundo hist�rico – mesmo que irreal – para ver. At� que um dia, por acaso, topei com Britannia, na Fox 2, e estou mais ou menos seguindo o que ocorre na produ��o. Ainda n�o consegui fazer uma liga��o entre tribos e povos que se uniram para combater a chegada dos romanos � Gr�-Bretanha, em 43 D.C., mas vale o visual da filmagem, que tem paisagens maravilhosas. Como n�o sou muito atenta, nem muito constante, custo um pouco a entender a participa��o de alguns personagens, que, � primeira vista, n�o est�o muito ligados ao n�cleo da s�rie. Como um homem que vive correndo de l� para c�, conhecido como Renegado, e de uma menina que acompanha o pai cego e � tida como figura especial no contexto da hist�ria.
Em compensa��o, j� deu para perceber as duas rainhas que tomam conta do peda�o, a bonita Kerra e a esquisita Antedia, com sua cara azul e seu cabelo branco, e o fantasmag�rico Veran, l�der dos druidas. Enquanto isso, os romanos tentam ocupar os espa�os que conquistam, mas o cen�rio dos druidas com suas torres de caveiras e seu vidente horr�vel criam um clima sobrenatural que � interessante. Mas existe uma dificuldade s�ria em interligar as hist�rias, principalmente quem n�o acompanha a produ��o desde o in�cio e n�o conhece muito da hist�ria fracassada da conquista dos romanos no Sul de Brit�nia. Mesmo quem n�o consegue acompanhar historicamente a s�rie, vai se encantar com os locais usados para a filmagem, cada um mais bonito do que o outro. Mesmo sem muita continuidade, gosto de acompanhar para saber como Britannia cria imagens vibrantes das disputas territoriais, religiosas e ideol�gicas da Gr�-Bretanha. Mesmo que a s�rie se afaste dos fatos hist�ricos.
Em compensa��o, os di�logos fogem completamente do convencional. Os intercursos sexuais entre os personagens – uma misturan�a s� de mulheres, maridos, homens com homens e mulheres com mulheres – s�o apresentados da forma mais crua e grosseira que possa existir em qualquer l�ngua. Palavr�o virou v�rgula, qualquer a��o do organismo, mesmo as mais comuns, recebem nomes que nunca se ouvia antes na TV. Na maior informalidade, parece que esse tipo de linguagem era coloquial naquele tempo, os palavr�es saem naturalmente de nobres e plebeus. Essa nova postura dos programas de TV est� chegando por aqui, aqueles filmes de Chicago usam agora merda de l� pra c�, numa boa.
E tamb�m por acaso, descobri outro milagre na televis�o, a rede Smithsonian Channel. N�o tem palavr�o, n�o tem hist�ria policial, os programas s�o culturais, atraentes, pegam a gente pelo p�. Mesmo a s�rie que mostra o mundo visto do alto, que por aqui tem outro semelhante, � �tima, educativa, faz com que nos lembremos de coisas que estavam esquecidas, l� no fundo da mem�ria. N�o tenho perdido, e estou sugerindo para quem quer se distrair sem enfrentar tiroteios, monstros, chaturas existenciais.
� claro que a programa��o � diferente porque o canal � parte do Smithsonian Institution – institui��o norte-americana que re�ne o maior complexo de museus e centros de pesquisa do mundo. Para quem gosta de programar a divers�o, h� um sen�o na rede: algumas futuras apresenta��es s�o anunciadas, sem dia e hora em que ser�o exibidas – como duas que estou checando, uma sobre Massada, aquela fortaleza em Israel, que conheci e quero ver detalhes de seu massacre, e outra do primeiro imperador da China, que ningu�m conhece.
ANNA MARINA