Foi abordar aqui temas de cemit�rio para que o assunto bombasse no meu e-mail. � curioso como um assunto t�o pouco falado, t�o pouco divulgado, por raz�es da cerim�nia brasileira que manda evitar coisas tristes, obtivesse t�o significativa repercuss�o. E o assunto mais significativo foi o do BioParque, que est� sendo criado para enterrar cinzas de quem prefere ser cremado. Para mim, � mais ou menos como trocar seis por meia d�zia porque, geralmente, quem prefere ser cremado sabe onde � que quer que suas cinzas sejam dispersadas. H� alguns anos, a empresa Seven Capital vem pensando nessa possibilidade ao criar um projeto que cultive lembran�as em sintonia com a preserva��o do meio ambiente. Juntando esse projeto � resolu��o de onde deixar as cinzas dos mortos, estava criado o novo cemit�rio. S� que em lugar de t�mulos de m�rmore ser�o usadas �rvores. O jardim tentar� – e certamente vai conseguir – oferecer uma chance para milhares de fam�lias mudarem a percep��o sobre a morte e o trauma que ela, na maioria das vezes, nos traz.
Agora aparece essa iniciativa singular no Brasil de transformar cemit�rios em bosques, associando a preocupa��o ecol�gica a um novo olhar sobre a celebra��o da vida ap�s a morte f�sica do corpo. O BioParque oferece a possibilidade de vivenciar uma experi�ncia singular e exclusiva: confortar a alma plantando uma �rvore em homenagem a quem se foi, refazendo hist�rias e tamb�m contribuindo para a flora e para a fauna locais. Sempre com a preocupa��o de fazer um resgate cont�nuo da mem�ria de quem nos deixou: esp�cies t�picas regionais ser�o incorporadas – ao longo do seu desenvolvimento – �s cinzas resultantes da crema��o da pessoa homenageada.
O projeto funciona assim: as fam�lias dos cremados recebem urnas ecol�gicas desenvolvidas na Espanha por designers catal�es em que, em cerim�nias especiais, ser� realizado o plantio de sementes em BioUrnas ecol�gicas. Monitoradas continuamente por uma equipe de especialistas, as mudas permanecem em um IncubCenter (esp�cie de viveiro ultratecnol�gico) de 12 a 24 meses aproximadamente. Ap�s esse per�odo, uma nova cerim�nia ser� agendada com os familiares para o plantio definitivo da �rvore no solo do parque.
Todas as plantas s�o identificadas por um QRcode e seu crescimento pode ser acompanhado por plataforma exclusiva, desenvolvida pelo BioParque. Essa plataforma possibilita, ainda, a inser��o de imagens, textos e �udios para que cada fam�lia (re)construa, de forma personalizada, a hist�ria de seu homenageado. Para quem desejar adquirir mais de uma �rvore, o BioParque oferece possibilidades especiais, como jardins e bosques. Conta com profissionais especializados e mant�m parceria com a Universidade de Federal de Vi�osa, reconhecida internacionalmente como uma das melhores institui��es do mundo na �rea de agronomia.
Essa novidade � sem d�vida o fato da crema��o vir se consolidando como um forte vi�s cultural em diversos pa�ses. Do ponto de vista cient�fico, interrompe o ciclo de vida de muitos micro-organismos danosos � sa�de; sob a �tica da vida urbana, resolve diversos problemas de uso e ocupa��o do solo nas cidades j� supersaturadas populacionalmente. Mas a destina��o das cinzas, muitas vezes, acaba se transformando em um dilema para as fam�lias.
A proposta do BioParque � justamente resolver essa quest�o, criando uma solu��o que traga leveza e um novo olhar para a morte – celebrar e cultivar a vida, literal e simbolicamente, a partir do momento mais angustiante de nossa condi��o humana. O lan�amento do projeto foi realizado durante um encontro no Bairro Sion, em agosto. � nesse local que a fam�lia poder� fazer a aquisi��o das �rvores, as cerimonias de plantio da semente � onde ocorre o desenvolvimento inicial das plantas. E o BioParque ficar� em Nova Lima. Acredita-se que o plantio das �rvores ocorrer� em 2020. E est� previsto no plano de expans�o a implanta��o de outros BioParques nas cidades de S�o Paulo, Bras�lia, Salvador, Curitiba e Rio de Janeiro.