
A alta taxa de diagn�stico tardio impacta no resultado do tratamento. Menos da metade das pacientes (48,6%) vivem por mais de cinco ap�s o diagn�stico. Comparativamente, quando a doen�a � identificada ainda restrita ao ov�rio, a chance de viver por mais de cinco anos sobe para 92,6%. “Quando a doen�a � descoberta mais precocemente, pode-se oferecer um tratamento curativo, com melhores resultados, que ser� guiado com base na classifica��o realizada pelo m�dico patologista quanto ao tipo e agressividade do tumor”, explica Leonardo Lordello, m�dico patologista da SBP.
Diferentemente do que ocorre com os exames de Papanicolau, mamografia e colonoscopia, que funcionam como m�todos de rastreamento, respectivamente, para c�ncer de colo do �tero, mama e colorretal, com o c�ncer de ov�rio n�o h� uma metodologia eficaz. “Houve tentativas com o marcador CA125 ou exames de imagem, mas os estudos mostraram que oferecer essas avalia��es para popula��o assintom�tica (sem sintomas) n�o resultou em redu��o de mortalidade”, explica o especialista.
Outro complicador � o fato de que os sintomas que podem alertar para o surgimento de tumores de ov�rio tamb�m s�o comumente associados com outras doen�as. Embora esses sinais de alerta sejam inespec�ficos, a aten��o a eles pode ser um caminho para o diagn�stico mais precoce. Os principais s�o aumento do abd�men, dificuldade para se alimentar, dor na regi�o p�lvica e/ou abdominal, sangramento vaginal anormal (principalmente p�s-menopausa), mudan�a no h�bito intestinal, fadiga extrema e perda de peso.
Em um cen�rio no qual predomina uma doen�a com alta taxa de mortalidade, a correta defini��o do tipo de les�o, apontando se ela � benigna ou maligna (c�ncer), torna-se ainda mais importante, assim como a indica��o de seu tamanho, grau de agressividade, perfil biol�gico, capacidade de se espalhar e potencial resposta aos tratamentos dispon�veis no caso de malignidade.
Em cerca de 90% dos casos, os tumores malignos do ov�rio s�o derivados de c�lulas epiteliais que revestem o ov�rio e/ou a tuba uterina. O restante prov�m de c�lulas germinativas (que formam os �vulos) e c�lulas estromais (que produzem a maior parte dos horm�nios femininos), sendo esses casos mais frequentes em adolescentes e mulheres mais jovens. Entre os tumores malignos epiteliais de ov�rio, cerca de 70% deles s�o carcinomas serosos, que podem ser de baixo ou alto grau.
O c�ncer de ov�rio � mais prevalente a partir dos 60 anos, quando a mulher n�o se encontra mais em fase reprodutiva. No entanto, a doen�a pode ser diagnosticada tamb�m por mulheres mais jovens, principalmente nos casos de hereditariedade. As mulheres mais jovens, em fase reprodutiva, que t�m uma predisposi��o heredit�ria para desenvolver c�ncer de mama, podem optar por acompanhamento cl�nico mais precoce e frequente. A paciente � orientada tamb�m sobre a possibilidade de fazer a cirurgia profil�tica (retirada preventiva dos ov�rios e tubas para reduzir o risco de desenvolver a doen�a). � importante a paciente ser orientada por seu oncologista e ter acesso tamb�m a um servi�o de aconselhamento gen�tico, coordenado por um geneticista.