Aprendi h� muito tempo (h� mais de 30 anos) que quem tem diabetes deve ficar sempre atenta a mil e um efeitos colaterais que n�o s�o f�ceis, quando n�o s�o atendidos a tempo. Um desses problemas � a fome, provocada principalmente em quem toma insulina. E � por isso que os diab�ticos s�o aconselhados a carregar, constantemente, um pacotinho de balas por onde forem. Se a glicemia cai, e � notado um princ�pio de tonteira, uma bala bem doce pode amenizar o problema.
Outra sugest�o que gosto de seguir � comer alguma coisa de tr�s em tr�s horas para rebater a queda de a��car. Minha companheira insepar�vel para esse tipo de preven��o � a banana, que tenho sempre na minha sala na reda��o do EM e em minha fruteira dom�stica. E praticamente todas as noites o organismo aponta essa necessidade e sempre estou, �s 3h da madrugada, saboreando uma banana. Aqui vale um par�grafo: li esta semana que a Universidade Federal de S�o Carlos, em S�o Paulo, est� fazendo importante pesquisa entre o diabetes e a s�ndrome do decl�nio cognitivo – aquele que leva ao esquecimento – e j� fiquei de orelha em p� – fecha par�grafo.
Agora leio tamb�m uma informa��o que tromba com a minha banana da madrugada. Uma psic�loga paulista, Fl�via Teixeira, especialista em transtornos alimentares da Universidade de S�o Paulo (USP), cria uma teoria sobre a s�ndrome do comer noturno. Segundo ela, essa s�ndrome do comer noturno � um quadro que se caracteriza pela grande ingest�o de alimentos ap�s as 19h e ao longo da noite, durante o sono, sendo a maior parte da alimenta��o da pessoa: cerca de 25% a 50% do total das refei��es do dia. Segundo ela, o fato de a pessoa n�o conseguir ter o controle sobre comer ou n�o traz um grande sofrimento, sendo esse um dos crit�rios que denotam um transtorno alimentar.
“A preocupa��o do indiv�duo est� em n�o se conter diante da vontade de comer, gerando sentimento de impot�ncia e incapacidade. N�o existe a preocupa��o com o corpo e o ganho de peso. Diferentemente da compuls�o alimentar, n�o h� culpa ou vergonha ap�s comer, e a pessoa tem plena consci�ncia do que est� fazendo. Alguns relatos indicam que � poss�vel o indiv�duo se levantar at� seis vezes durante o sono. Mesmo sem estar com fome, h� o despertar e a necessidade de buscar alimento”, conta a psic�loga.
� claro que esse n�o � o meu caso, mas pelo que a especialista avalia, o problema existe e ataca muitas pessoas. Esse transtorno j� vem sendo estudado h� bastante tempo, mas ainda n�o se tem uma descri��o exata do que desencadeia os despertares com busca por alimentos. Estudos apontam alguns dist�rbios nos modeladores de sono e de fome como sendo uma das poss�veis causas, uma vez que seus n�veis estejam reduzidos, levando � necessidade de comer acompanhada de v�rios despertares noturnos.
Segundo Fl�via Teixeira, caso a pessoa acorde para buscar algum alimento, mas n�o encontre algo que a satisfa�a, � capaz de ela n�o conseguir voltar a dormir. “Acordar v�rias vezes � noite para comer, interrompendo o ritmo do sono, pode gerar ins�nia constante, sensa��o de cansa�o no dia seguinte, falta de apetite matinal e um desajuste na alimenta��o ao longo do dia.”
A psicoterapia e o acompanhamento de um nutricionista podem contribuir, mas, por ser um desajuste neuroqu�mico, a indica��o medicamentosa � a maior ajuda que a pessoa pode ter para conter seus impulsos. De acordo com a psic�loga, na maioria dos casos a resposta � positiva, e a pessoa passa a n�o ter mais o transtorno do comer noturno. “N�o espere muito para buscar ajuda e nem tente controlar esses impulsos sozinho. Por ser um desajuste qu�mico, n�o � poss�vel conseguir sem aux�lio m�dico. As tentativas s� trar�o frustra��o e aumentar�o seu sentimento de impot�ncia e incapacidade”, aconselha Fl�via Teixeira.