Os leitores da coluna que me desculpem abordar tanto problemas pessoais. Mas quando recebo alguma not�cia aqui falando sobre doen�as pelas quais passei, n�o posso deixar de tocar no assunto, dando meu depoimento. � o caso do c�ncer do intestino, que apavora muitos pacientes e que realmente pede muita aten��o para n�o ser t�o letal. A patologia � mais frequente do que a maioria das pessoas imagina e costuma se desenvolver de forma silenciosa.
A detec��o e o diagn�stico precoces aumentam muito as chances de cura. O c�ncer de intestino abrange os tumores que se localizam no intestino grosso – chamado tecnicamente de c�lon –, no reto e no �nus. � conhecido como c�ncer de c�lon e reto ou colorretal. Segundo dados do Inca, � o segundo tipo de c�ncer mais frequente entre homens e mulheres e � consequ�ncia de “intera��es” entre fatores gen�ticos e ambientais. Sua preven��o est� principalmente na mudan�a de h�bitos, alimenta��o saud�vel e tamb�m na realiza��o de exames preventivos peri�dicos.
Uma grande porcentagem desse c�ncer se inicia como um p�lipo benigno dentro do intestino. Quando o diagn�stico desses p�lipos � realizado precocemente, pode-se impedir a evolu��o para um quadro mais preocupante. O problema � que, geralmente, essa les�o se desenvolve de forma assintom�tica, muitas vezes sendo descoberta apenas quando j� se transformou em um tumor maligno de tamanho consider�vel.
Os sintomas mais comuns do c�ncer colorretal s�o sangue nas fezes, altera��o do h�bito intestinal (diarreia e pris�o de ventre alternados), dor abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente e altera��o na forma das fezes. Tais sintomas podem estar ou n�o presentes, dependendo da localiza��o do tumor no intestino. Esses sintomas tamb�m s�o comuns em outras patologias gastrointestinais, por isso devem ser sempre avaliados por um m�dico especialista. Por experi�ncia pr�pria, posso acrescentar que o formato das fezes tamb�m � importante – se de repente elas se transformam em bolinhas, como fezes de cabrito, � bom cuidar delas.
A idade avan�ada aumenta os riscos de c�ncer de intestino. A partir dos 40 anos j� � preciso redobrar a aten��o. Sobrepeso, alimenta��o n�o saud�vel (pobre em frutas, vegetais e fibras e com excesso de carne vermelha e alimentos ultraprocessados), tabagismo e consumo de �lcool contribuem para o aumento do risco dessa patologia.
A incid�ncia de c�ncer de intestino tamb�m aumenta caso haja familiares pr�ximos que tenham tido a doen�a e caso o pr�prio paciente tenha o diagn�stico de alguma doen�a inflamat�ria intestinal, como a retocolite ulcerativa cr�nica e a doen�a de Crohn. Qualquer altera��o do h�bito intestinal abrupta e persistente a partir dos 40 anos, al�m do aparecimento de algum dos sintomas comuns do c�ncer colorretal, deve ser considerada como alerta.
O diagn�stico � feito com um exame chamado colonoscopia, no qual se retira um pequeno fragmento (bi�psia) do p�lipo/les�o suspeito. Quando diagnosticado, �, na maioria dos casos, uma doen�a trat�vel e frequentemente cur�vel. O tratamento inicial � a cirurgia, que pode ser feita convencional (aberta), laparosc�pica e tamb�m rob�tica. Nela retira-se o segmento do intestino afetado al�m de g�nglios linf�ticos pr�ximos.
A quimioterapia e a radioterapia podem ser utilizadas para tratamento e na preven��o de recidiva do tumor. � fundamental a realiza��o peri�dica de check-up preventivo, no caso, a colonoscopia, a partir dos 50 anos, mesmo em pessoas assintom�ticas, e a partir dos 40 anos, caso haja algum fator de risco presente.
Uma alimenta��o saud�vel e balanceada � um important�ssimo aliado na preven��o do c�ncer colorretal. Deve-se evitar carnes em excesso, sobretudo as mais gordurosas, e embutidos, como presunto e salame. At� os que s�o vendidos como op��es "saud�veis", como peito de peru, s�o ricos em subst�ncias conservantes, como nitrito e nitrato, altamente cancer�genas.
Corantes tamb�m devem ser dispensados do card�pio, sempre que poss�vel. E n�o pense que est�o presentes apenas em doces ultracoloridos, como balas e pirulitos. Grande parte dos produtos ultraprocessados os cont�m, inclusive os populares tabletes e sach�s de temperos prontos. D� prefer�ncia para comer em casa sempre que puder, com pratos saborizados com ervas e temperos naturais (a lista � infinita: cebola, alho, or�gano, manjeric�o, p�prica, c�rcuma…) e ricos em gr�os, frutas e legumes.