
J� contei aqui, mas n�o custa repetir que meu m�dico Walter Caixeta Braga, que me atende h� mais de 30 anos, voltou a me receitar uma “picada” de insulina todas as noites para complementar e refor�ar os v�rios medicamentos que tomo normalmente para controlar a doen�a. Viu logo que o diabetes tipo 2, que � o meu caso, � fator de risco para a COVID-19, entre outras consequ�ncias graves para paciente que n�o tem controle da doen�a. � claro que o tratamento n�o fica muito barato, mas � perfeito.
Agora fico sabendo que a Ag�ncia Nacional de Sa�de (ANS) est� negando tratamento cir�rgico a quem sofre do diabetes, que n�o ter� mais cobertura dos planos de sa�de. Vale a pena lembrar que o procedimento em quest�o foi o que mais recebeu contribui��es positivas – t�cnicas e cient�ficas – em todo o Brasil durante consulta p�blica. Apesar disso, o parecer negativo de 18 entidades (planos de sa�de) poder� refletir na n�o inclus�o do tratamento no rol de procedimentos obrigat�rios dos planos de sa�de.
Com isso, em um momento em que as doen�as cr�nicas s�o fatores de risco para a COVID-19, o tratamento cir�rgico para pacientes com diabetes tipo 2 – que n�o conseguem o controle da doen�a por meio de medicamentos – n�o ter� a cobertura dos planos de sa�de.
Isso porque durante a 543ª reuni�o da diretoria colegiada da ANS, realizada em 10 de fevereiro, a �rea t�cnica manteve a recomenda��o de n�o inclus�o do procedimento no rol de procedimentos obrigat�rios dos planos de sa�de. A decis�o final, no entanto, ser� emitida pelos diretores da ag�ncia e dever� ser anunciada definitivamente na reuni�o que ser� realizada hoje. "A n�o recomenda��o da cirurgia metab�lica demonstra que a ANS est� deixando de ouvir a comunidade cient�fica, entidades m�dicas e a popula��o que sofre com a doen�a", declarou F�bio Viegas, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari�trica e Metab�lica, uma das entidades que contribu�ram cientificamente para a inclus�o do tratamento no rol da ANS.
Viegas destacou ainda que o �ltimo estudo global – publicado recentemente pela The Lancet e que analisou fatores de risco em 204 pa�ses e territ�rios – revelou que a crise global de doen�as cr�nicas e a falha da sa�de p�blica em conter o aumento de fatores de risco altamente evit�veis deixaram as popula��es vulner�veis a emerg�ncias agudas de sa�de, como a COVID-19.
Em novembro, a ANS abriu uma consulta p�blica para ouvir a sociedade civil sobre os pareceres t�cnicos de atualiza��o do rol. A cirurgia metab�lica foi o procedimento cir�rgico que mais recebeu contribui��es. Das 1.552 contribui��es, 99% eram favor�veis � incorpora��o, de acordo com levantamento feito com os dados disponibilizados pela ANS. Apenas 18 contribui��es concordaram com a decis�o preliminar da ANS em n�o incorporar o procedimento ao rol. Dessas, 14 contribui��es foram feitas por planos de sa�de.
Viegas ainda destacou que a cirurgia bari�trica j� existe no rol de procedimentos obrigat�rios da ANS. "A incorpora��o visa apenas ampliar o acesso para os portadores de diabetes tipo 2. Sendo assim, n�o seria um procedimento in�dito oferecido pelas operadoras, dispensando a ado��o de novas tecnologias e treinamentos para as equipes que atuar�o na ponta", refor�a.
J� o presidente do Col�gio Brasileiro de Cirurgi�es (CBC), Luiz Carlos von Bahten, destacou na contribui��o da entidade que a cirurgia metab�lica reduz a incid�ncia do surgimento de v�rias complica��es do diabetes tipo 2. "Entre elas a insufici�ncia renal, doen�a vascular perif�rica, retinopatia diab�tica, infarto agudo do mioc�rdio, acidente vascular cerebral, insufici�ncia card�aca e outras. Contribui, dessa forma, para melhora da qualidade de vida e reduz a mortalidade a longo prazo desses indiv�duos", esclarece Bahten.
A cirurgia para o diabetes ou metab�lica � indicada para pacientes com diabetes tipo 2, diagnosticado h� menos de 10 anos, com �ndice de massa corporal (IMC) entre 30kg/m² e 34,9kg/m², entre 30 e 70 anos de idade e que n�o conseguem controlar a glicemia com o tratamento cl�nico medicamentoso. O procedimento � realizado por videolaparoscopia, atrav�s de pequenos furos na parede abdominal.
Essa altera��o promove a passagem mais r�pida do alimento do est�mago para o intestino e traz mudan�as metab�licas, como a acelera��o da produ��o de horm�nios, que atuam no p�ncreas melhorando a produ��o de insulina, o que normaliza os n�veis de glicose no sangue. Os estudos t�m demonstrado benef�cios a m�dio e longo prazos para a qualidade de vida desses pacientes, como, por exemplo, que 45% dos pacientes entram em remiss�o do diabetes (deixam de tomar medicamentos e insulina) j� no primeiro ano de cirurgia.