Sabe aquele cansa�o excessivo depois de um dia de trabalho, acompanhado de um estresse prolongado que custa a passar (e, �s vezes, n�o passa)? Eles podem significar muito mais do que os reflexos de um dia cheio. Talvez voc� esteja sofrendo com a s�ndrome de Burnout, tamb�m conhecida como s�ndrome do esgotamento profissional. Curiosamente, esse mesmo cansa�o ataca em tempos de pandemia.
Descoberta na d�cada de 1970 – per�odo que foi marcado por diversos acontecimentos conturbados, como a Guerra do Vietn�, as taxas crescentes de div�rcio, um mercado que n�o respeitava a sa�de f�sica e mental dos funcion�rios e a crise econ�mica vinculada ao petr�leo –, esta s�ndrome � muito comum no Brasil atualmente. Segundo pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR), 70% dos brasileiros sofrem as consequ�ncias do estresse. Destes, 30% s�o v�timas da Burnout.
"Esta s�ndrome tem como principais caracter�sticas a exaust�o emocional, despersonaliza��o (ou cinismo) e baixa realiza��o pessoal", afirma Bruno Haidar, cofundador da OrienteMe, plataforma de terapia on-line. Segundo Haidar, ficou mais dif�cil acompanhar a velocidade das tecnologias, das informa��es e o ritmo fren�tico de se viver, o que vem desencadeando cada vez mais casos de esgotamento.
Para ele, embora a tecnologia tenha avan�ado, o mundo corporativo permanece com ra�zes em d�cadas passadas, nas quais as pessoas precisam se submeter ao sistema para serem bem-vistas. "� preciso, por exemplo, que voc� carregue o celular da empresa para onde for e responda mensagens a qualquer hora, mesmo nos momentos que deveriam ser de folga", explica Bruno. Ele lembra que a tecnologia uniu pessoas e melhorou a qualidade de vida dos seres humanos, mas tamb�m os mant�m pressionados diariamente.
Normalmente, o Burnout acomete principalmente os workaholics (pessoas viciadas em trabalho), entretanto algumas profiss�es s�o mais propensas a desencadear o dist�rbio, como profissionais da sa�de, jornalistas, advogados, professores, policiais, carcereiros, oficiais de Justi�a, assistentes sociais, atendentes de telemarketing, banc�rios e executivos. No caso de algumas mulheres, a jornada dupla de trabalho – no emprego, em casa e com filhos – as torna ainda mais vulner�veis.
Renata Tavolaro, psic�loga da OrienteMe, explica que h� meios de se prevenir a s�ndrome de Burnout. "� preciso buscar momentos de descontra��o e relaxamento, cuidando para que a mente n�o esteja em alerta o tempo todo", diz Renata. A pr�tica de exerc�cios f�sicos regulares � fundamental para isso, sobretudo porque eles previnem tens�es musculares ocasionadas pelo Burnout, que muitas vezes chega at� mesmo a prejudicar a locomo��o. Al�m disso, atividade f�sica � tamb�m um autocuidado, importante para a autoestima."
A alimenta��o balanceada tamb�m � muito importante, uma vez que ajuda a repor as energias. E outro ponto essencial � valorizar os momentos de lazer com a fam�lia e os amigos. "Isso � fundamental para descansar a mente e o corpo, o que contribui para a preven��o do problema." Sendo assim, tire f�rias, descanse e aproveite a folga como quiser – de celular corporativo desligado e sem olhar e-mails.
A psic�loga alerta ainda que as pessoas perfeccionistas que tendem a se cobrar mais acabam sendo mais suscet�veis a desenvolver a s�ndrome. Por isso o ideal � n�o se cobrar tanto e entender que todos cometem erros. "Devemos aprender com eles e n�o nos tornarmos suas v�timas", ensina ela. Uma boa dica tamb�m � priorizar as tarefas, evitando a sobrecarga. Fa�a uma coisa de cada vez, sempre finalizando o que come�ou e evitando, assim, ansiedade.
Por �ltimo, Renata recomenda que se cultive relacionamentos saud�veis no trabalho – o que n�o significa contato �ntimo com as pessoas, mas sim gentileza, coopera��o e empatia. "Isso pode ser feito em todos os ambientes. A vida fica muito melhor quando buscamos nos relacionar com respeito e cordialidade", conclui.