
Minha m�e, que era precavida e sobretudo pouco ligada a normas comuns, tinha um cuidado do qual n�o abria m�o – uma cadeira tipo vaso sanit�rio ao lado da cama. Dormia praticamente junto ao banheiro, mas tinha receio de n�o conseguir liberar a bexiga no lugar certo. Quanto fomos juntas para a Europa, que ela sonhava conhecer – e j� tinha 70 anos quando iniciou sua aventura –, n�o teve d�vida: levou uma lata muito bem-arrumada dentro da bagagem para poder fazer xixi de noite, sem molhar a cama do hotel.
E tamb�m n�o acreditava que todos os hot�is legais tinham banheiro junto ao quarto, o que hoje � conhecido como su�te. Tinha suas tradi��es, uma vez que o banheiro da casa de minha av� era no fund�o da constru��o. Era preciso atravessar a casa para chegar nele, constru�do depois da imensa cozinha. Outro caso tamb�m de minha fam�lia � o de um marido que pedia sempre a mulher para colocar um penico no seu lado da cama. Quando ela se esquecia, ele molhava o ch�o.
N�o estava nem um pouco enganada, porque no Brasil de hoje, mais de 10 milh�es de pessoas apresentam algum tipo de incontin�ncia e muitos n�o procuram ajuda m�dica por achar que o problema � normal, natural da idade ou por acreditar que n�o h� tratamentos efetivos. Com a chegada das temperaturas mais baixas, algumas mudan�as podem ocorrer em nosso organismo. Uma delas � o aumento da frequ�ncia urin�ria e eventual perda de urina. Para pessoas que sofrem de incontin�ncia urin�ria, as �pocas de frio podem gerar mais inc�modo e constrangimento, j� que ocorre um aumento na produ��o de urina e, assim, pode ocorrer mais perda de urina e tamb�m a necessidade de urinar com mais frequ�ncia.
Na soma dos casos, estima-se que a incontin�ncia urin�ria atinge cerca de 5% da popula��o brasileira (homens e mulheres), segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, e � conhecida mundialmente como “c�ncer social” por causar, na maioria dos casos, constrangimento e isolamento, podendo levar � depress�o. E nesta �poca fria, a incontin�ncia urin�ria pode piorar, pois, al�m de o nosso corpo transpirar menos no inverno, para compensar as baixas temperaturas, nosso metabolismo acelera o funcionamento dos rins, que precisam eliminar mais �gua do corpo.
Ainda mais: outros fatores podem influenciar as idas constantes ao banheiro durante as �pocas frias. Outro h�bito que aumenta os sintomas da incontin�ncia no inverno est� relacionado ao consumo de bebidas quentes. Elas colaboram significativamente para o aumento da frequ�ncia urin�ria, avalia um especialista.
Uma boa dica � evitar o consumo de bebidas quentes, como ch�s, chocolates quentes e caf�, antes de se deitar. Isso reduzir� as idas ao banheiro durante a noite. Se as idas excessivas ao banheiro durante o dia est�o atrapalhando a sua rotina, corte as bebidas quentes durante suas atividades, como trabalho ou exerc�cio f�sico. Outro lance que precisa ser conhecido, para ser tratado, � que incontin�ncia urin�ria n�o � uma consequ�ncia normal da idade, apesar de o envelhecimento trazer altera��es estruturais na bexiga e no trato urin�rio que podem favorecer o aparecimento da condi��o.
O tipo mais comum � a incontin�ncia urin�ria de esfor�o, caracterizada pela perda de urina ao rir, tossir ou em qualquer movimento ou esfor�o. Esse problema atinge exclusivamente mulheres e pode ocorrer por fraqueza do esf�ncter e do assoalho p�lvico, al�m de m�ltiplos partos ou queda do horm�nio feminino ap�s a menopausa. J� nos homens, as principais causas de perda urin�ria s�o a defici�ncia esfincteriana ap�s a prostatectomia radical (perda de urina ap�s cirurgia para tratamento do c�ncer de pr�stata) e a bexiga hiperativa (contra��es involunt�rias de forte intensidade da bexiga que levam a escapes de urina).
Engana-se quem acredita que a condi��o n�o tem cura. Nas mulheres, nos casos mais simples � poss�vel fazer fisioterapia para ativar a musculatura, entre outros tratamentos. Nos casos moderados a graves h� um procedimento cir�rgico para aplica��o de slings, malhas que sustentam a uretra. J� para tratar a incontin�ncia em homens existem tratamentos eficazes que permitem a volta do funcionamento do esf�ncter. Nos pacientes mais complexos, como homens que perdem o funcionamento do esf�ncter ap�s a prostatectomia radical, � poss�vel substituir o esf�ncter com uma cirurgia, utilizando um esf�ncter artificial, tecnologia dispon�vel e acess�vel no Brasil. Para casos mais leves, ainda existem os slings masculinos, que tamb�m trazem excelentes resultados a longo prazo.
