Nem de longe tenho resqu�cios de qualquer preconceito racial, gente � gente de qualquer cor – o que conta mesmo � o car�ter. Na minha lista de amigos ao longo da vida tenho v�rios afro-brasileiros, que � obrigat�rio classificar agora, mas essa mania geral de for�ar a barra n�o leva a nada. Destacar a pessoa por causa da cor, mesmo que n�o tenha nenhum valor, � uma pobreza mental.
Por causa disso que � bom valorizar algumas pessoas, como, por exemplo, Ana Patroc�nio, que nasceu em S�o Paulo, atualmente � moradora de Vaz Lobo, Zona Norte do Rio de Janeiro, e que est� celebrando o posto de destaque na moda nacional."Me mudei para o Rio de Janeiro para cursar produ��o cultural, em 2015. Buscava independ�ncia financeira, at� que adentrei, quase que por acaso, no mundo da moda. Amigos me incentivavam e algumas propostas surgiam, mas eu tinha outro foco naquele momento", afirma a jovem, hoje com 25 anos.
Os rumos come�aram a mudar quando Ana participou do projeto Coolhunterfavela, de Realengo, que lhe deu visibilidade para assinar seu primeiro contrato, na ocasi�o com uma ag�ncia da comunidade do Jacarezinho, que buscava novos talentos. Recentemente, ela se tornou aposta da Mix Models, de Pedro Bellver e Wellington Vieira, e j� estrelou trabalhos para as marcas Levi's, Lenny Niemeyer, Animale, Natura, Fila e Farm, entre diversas outras, al�m de editoriais em publica��es como Vogue Brasil e Portugal.
Entre outras atua��es que alimentam seus ideais, Ana busca retribuir �s comunidades toda a possibilidade de sucesso que tem colhido: produz a��es de acesso � cultura, ao esporte e �s necessidades b�sicas para pessoas em vulnerabilidade social, o que inclui rodas de capoeira, bibliotecas itinerantes, conta��o de hist�rias para crian�as, realiza��o de bate-papos informativos, al�m de distribui��o de agasalhos, materiais de higiene e cestas b�sicas, entre outras atividades.
O trabalho coletivo que integra, chamado Instituo Aluand� / Roda Big Field Angola, atua desde 2017 em comunidades carentes da Zona Oeste do Rio de Janeiro.“Para mim, � muito importante retribuir e semear a cultura afro em suas diversas �reas. A cultura salva vidas”, afirma.
A jornada de batalha da jovem torna o sucesso na moda ainda mais celebrado: antes das passarelas e sess�es de fotografia, Ana Patroc�nio chegou a desfilar sua beleza e carisma como estagi�ria na �rea cultural da Fiocruz e foi recepcionista em um consult�rio m�dico. Como produtora cultural, engaja-se na celebra��o da cultura afro desde 2015. E agora, na moda, a bela � aposta internacional, tendo representa��es nos Estados Unidos e na Alemanha, destinos para onde deve embarcar ap�s a estabiliza��o da pandemia.