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Estado de Minas ANNA MARINA

Internet � mundo sem dono. Ningu�m confere nenhuma informa��o

Mesmo assim os textos s�o vistos como verdade absoluta, ainda mais se vieram com assinaturas falsas em nome de famosos


08/11/2021 04:00 - atualizado 08/11/2021 06:59

 Ilustração Anna Marina
Vira e mexe pessoas famosos s�o v�timas de textos falsos web

Internet � terra de ningu�m, mundo sem dono. Todo mundo sabe disso, mas ningu�m confere nenhuma not�cia ou informa��o que recebe e sai repassando como verdade absoluta. Quando questionados, respondem com autoridade: “Mas est� na internet”. E quando a informa��o vem com autoria, ent�o, para que duvidar? Por�m, a coisa mais f�cil que tem � escrever alguma coisa e colocar o nome de quem quer que seja. Luis Fernando Verissimo e Arnaldo Jabor que o digam – e at� mesmo o professor Pasquale Cipro Neto.

- Opini�o sem medo: 'O que �, quem s�o, como vivem os babacas da internet e descubra se voc� � um'

Explico. Tem um texto – muito interessante por sinal – que tenta explicar os antigos ditados populares, mostrando como sofreram mudan�as ao longo da hist�ria e perderam o sentido original. Para dar veracidade � explica��o, creditaram ao expert da l�ngua portuguesa, nosso conhecido professor. S� que, em 2010, o pr�prio Pasquale publicou em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo que nunca escreveu tal artigo, e ressalta estar cheio de erros. Agora, esse texto voltou a circular novamente.

Uma coisa � certa. Muitos destes prov�rbios populares s�o politicamente errados, principalmente no mundo atual, onde prezamos pela igualdade e respeito m�tuo. Vou reproduzi-los aqui e fica por conta de cada leitor analisar e ver, afinal, qual seria de fato a forma correta.

Hoje � domingo, p� de cachimbo.... O desconhecido autor diz que ficava imaginando como seria um p� de cachimbo, e afirma que o correto �: hoje � domingo, pede cachimbo (dia de fumar um cachimbo). Esse menino n�o para quieto, parece que tem bicho carpinteiro. Que bicho seria esse? Vai a� uma poss�vel explica��o: esse menino n�o para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro. Batatinha quando nasce, esparrama pelo ch�o. Enquanto o correto �: batatinha quando nasce, espalha a rama pelo ch�o. As folhas que se espalham sobre a terra.

Outro: cor de burro quando foge. Afinal, burro muda de cor quando foge? Ser� que o correto seria: corro de burro quando foge?. Quem tem boca vai a Roma. No texto da internet o “autor” diz que o correto �: quem tem boca vaia Roma (isso mesmo, do verbo vaiar). Socorro. Sinceramente, n�o d� para concordar. E o professor Pasquale, em seu artigo no jornal, faz quest�o de se ater a ele. Reproduzindo: “A explica��o? L� vai uma delas: "Ou vai me dizer que voc� nunca vaiou Roma naqueles filmes hist�ricos?" Outra: "No tempo do Imp�rio Romano, as pessoas vaiavam...". Melhor parar.
S� umas informa��ezinhas: sabe como � esse prov�rbio em espanhol?. L� vai: "Preguntando se llega a Roma". N�o � preciso traduzir, �? Sabe como � em italiano? L� vai: "Chi ha (la) lingua arriva a Roma" ("quem tem (a) l�ngua chega a Roma"). E que tal acrescentar a famosa frase "todos os caminhos levam a Roma", que em ingl�s vira "all roads lead to Rome", e em italiano passa a "tutte le strade portano a Roma"? Que tal?

Bem, a esta altura, algu�m pode estar achando que os prov�rbios necessariamente se explicam pela l�gica da frase, pela hist�ria da l�ngua ou da humanidade, o que n�o � verdadeiro. Qual seria a explica��o "l�gica" para o dito "por fora, bela viola; por dentro, p�o bolorento"? Nenhuma, creio. E quem disse que isso � necess�rio ou fundamental? O fundamental, nesse caso, al�m do aspecto l�dico, sonoro, chistoso etc., � que quem tem um tost�o de senso de abstra��o capta logo o sentido desse dito, por sinal muito parecido com o de outros, igualmente conhecidos ("as apar�ncias enganam"; "lobo em pele de cordeiro" etc.). Devagar com o andor, pois.... E com os julgamentos a respeito do que algu�m.

Um outro, que n�o entrou no texto da internet, que falamos muito, e se pararmos para pensar � bem cruel, merece ser citado aqui e explicado: � a express�o “jo�o sem bra�o”, que dizemos quando queremos nos referir a uma pessoa pregui�osa ou trapaceadora. Vamos � explica��o: originalmente, o pedinte amarrava sob a roupa um dos bra�os ou os dois, fingindo ser mutilado de guerra para obter a esmola pretendida, dando uma de jo�o sem bra�o. Por�m, havia outros sinceros jo�es sem bra�os, muitos dos quais eram atendidos pelas Santas Casas de Miseric�rdia. No Rio de Janeiro, a Rua dos Inv�lidos atesta a tradi��o. Ela ainda conserva o mesmo nome que tinha em fins do s�culo 18, por ter sido edificado ali um asilo para militares reformados. E muitos iam para a rua mendigar. Essa explica��o eu encontrei no blog do Augusto Nunes. Afinal, � importante dar os devidos cr�ditos.

*Isabela Teixeira da Costa/Interina

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