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Estado de Minas ANNA MARINA

Como o estresse cr�nico afeta o ciclo menstrual

O estresse repentino ou prolongado pode ter grandes efeitos nos horm�nios reprodutivos, conforme comprovam estudos; especialista explica o processo no corpo


07/11/2023 04:00 - atualizado 06/11/2023 22:22
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Mulheres choram diante de cadáveres cobertos em Gaza
O estresse cr�nico provocado por traumas, como a guerra, afeta o ciclo menstrual (foto: MOHAMMED ABED / AFP)

Recente estudo feito pela American University of Beirut Medical Center (AUBMC) avaliou o impacto de vivenciar uma situa��o de guerra, envolvendo mulheres com idade entre 15 e 45 anos. O estudo constatou que o estresse cr�nico, causado pelo trauma, resultou em anormalidades menstruais de 10% a 35% das participantes.

J� uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, identificou que 77% das brasileiras tiveram irregularidades no ciclo menstrual durante a pandemia, devido � exposi��o ao estresse agudo e prolongado. 

Segundo Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da Febrasgo, especialista em perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, a infertilidade pelo estresse cr�nico tem sido associada a uma variedade de problemas de sa�de, incluindo a irregularidade menstrual. 

“A sobrecarga de ansiedade e estresse gera mudan�as no n�mero de dias do ciclo menstrual, n�mero de dias de menstrua��o, fluxo menstrual, colora��o e odor da menstrua��o, al�m de altera��es na libido”, afirma o m�dico.

Um estudo publicado na revista “Fertility and Sterility” identificou uma rela��o entre altos n�veis de estresse e um risco aumentado de anovula��o (falta de ovula��o), o que pode levar a irregularidades menstruais. Segundo o ginecologista, as emo��es est�o ligadas � mesma regi�o do c�rebro respons�vel pela produ��o e controle de horm�nios que regulam o ciclo menstrual.

Quando o corpo � colocado sob press�o constante ou excessiva, ele secreta horm�nios do estresse, como o cortisol, que altera os padr�es de secre��o de um horm�nio chamado GnRH, que, consequentemente, afeta a libera��o de dois outros horm�nios essenciais ao funcionamento ovariano e � ovula��o: o luteinizante (LH) e o fol�culo estimulante (tamb�m conhecido como FSH).

“Quando os n�veis de LH e FSH s�o baixos, os ov�rios podem n�o produzir estrog�nio adequado para ocorrer a ovula��o e, consequentemente, a menstrua��o, causando as altera��es no ciclo menstrual. Essas altera��es n�o resultam necessariamente na cessa��o total do ciclo menstrual, podendo ocasionar desde o in�cio do sangramento antes do esperado (ciclos mais curtos) at� atrasos menstruais que duram meses”, conta Carlos Moraes.

De acordo com o especialista, o atraso n�o acontece com quem faz uso de p�lulas anticoncepcionais. “Isso porque elas fazem com que as mulheres tenham uma menstrua��o ‘artificial’, ou seja, a menstrua��o n�o acontece pelos horm�nios naturais, mas pela ingest�o de horm�nios contidos na p�lula (estrog�nio e progesterona) e independemente do funcionamento do ov�rio”.

Dito isso, o estresse repentino ou prolongado pode ter grandes efeitos nos horm�nios reprodutivos, sendo uma maneira de prote��o e preserva��o do corpo em momentos de ansiedade intensa, tornando improv�vel que uma mulher engravide durante estes per�odos.

Segundo o m�dico, qualquer mulher com atraso menstrual, que n�o utiliza nenhum contraceptivo, deve primeiro excluir a hip�tese de uma gesta��o. Exclu�da a gravidez, � preciso considerar outros fatores que tamb�m podem atrasar ou at� interromper a menstrua��o, como dist�rbios da tireoide, s�ndrome dos ov�rios polic�sticos (SOP), transtornos alimentares (que podem inibir a produ��o de certos horm�nios e interferir no ciclo menstrual), entre outras causas.

De acordo com Carlos Moraes, a mulher deve realizar, durante tr�s meses, registros dos ciclos menstruais e dos sintomas relacionados. Se os ciclos continuarem anormais, marque consulta com seu m�dico. Mas, se houver parada total da menstrua��o, v� ao especialista antes desse per�odo. 

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