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Estado de Minas PADECENDO

Desaprendendo

O ser humano � muito diverso, mas ainda insistem em querer colocar todo mundo dentro de uma caixinha chamada Normal'


17/10/2021 04:00 - atualizado 17/10/2021 08:43

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Descobri que muito do que aprendi precisava ser desaprendido, para que eu pudesse reaprender. Informa��es s�o passadas de uma gera��o para outra, a gente absorve aquilo e repassa. Mas tem coisa que precisa mudar, precisa ser passada de forma diferente.

Nascemos em uma sociedade que discrimina pessoas, que � cheia de conceitos errados. Crescemos acreditando que esse � o correto, pois s�o comportamentos que vemos � nossa volta. Que est�o na TV, nos livros, nos filmes, nas novelas, na publicidade, nas falas e nas a��es das pessoas com quem convivemos.

Seguimos reproduzindo o que aprendemos, sem refletir. �s vezes, precisamos que algu�m nos aponte o que est� errado para que consigamos enxergar os erros. �s vezes, nem assim conseguimos v�-los, porque n�o que- remos ver. � dif�cil aceitar que pessoas que amamos nos ensinaram coisas t�o erradas. Mas podemos aprender e entender que elas apenas reproduziram o que aprenderam, como n�s tamb�m fizemos por muito tempo.
 
Nos falta ver o mundo com mente de principiante. Com a percep��o atenta do momento presente, sem julgamento, com curiosidade e aceita��o. Mente de principiante � olhar as coisas como se fosse a primeira vez. Quando a gente olha a vida com mente de principiante, conseguimos ser mais leves. Deixamos os preconceitos de lado e abrimo-nos para o mundo.

� com mente de principiante que tento apresentar o mundo ao meu filho. Como m�e, me vejo na obriga��o de ver o mundo com os olhos de quem ainda tem muito a aprender.

� preciso viver desaprendendo.

Desaprendi com a maternidade que filho n�o vem do jeito que planejamos. Filho � uma caixinha de surpresas, que o filho que a gente idealizou n�o existe, e a gente ama o que vem, do jeito que vier. E que quando temos filhos a gente aceita o pacote completo.

Desaprendi com o c�ncer que n�o tenho controle de nada. E que a vida segue, mesmo com desafios inesperados. Que antes de tirar o tumor eu me sentia saud�vel, e que o tratamento faz com que eu me sinta doente.

Desaprendi com amigas que casamento pode ser uma pris�o sem muros e que existem formas de viol�ncia contra a mulher que s�o muito sutis, dif�ceis de identificar. Que a mu- lher separada � muito corajosa, porque n�o � f�cil lidar com uma so- ciedade que discrimina mulheres por suas escolhas.

Desaprendi com amigos que sexualidade a gente n�o escolhe, e que tentar se enquadrar no padr�o heterossexual quando voc� n�o sente desejo pelo sexo oposto n�o � justo. N�o � porque eu sou heterossexual que todas as pessoas t�m que ser tamb�m.

Desaprendi com pessoas transexuais que tem gente que n�o se identifica com seu pr�prio corpo, como se tivesse nascido no corpo errado. E que se sentir dentro do corpo errado j� � duro o bastante para ainda ter que ser tratado como aberra��o pela sociedade, como se tivesse sido uma escolha passar por um caminho t�o dif�cil.

O ser humano � muito diverso, mas ainda insistem em querer colocar todo mundo dentro de uma cai- xinha chamada Normal. De perto, ningu�m � normal. E a beleza est� em todas essas diferen�as.

“Narciso acha feio o que n�o � espelho.”

Foi desaprendendo um monte de coisas que eu aprendi que entendi: tudo fica melhor quando a gente julga menos e ama mais.

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