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Estado de Minas

"Inacredit�vel"

"No Brasil, e em qualquer lugar do mundo, delegacias especializadas em crimes contra a mulher deveriam ter equipes majoritariamente femininas"


28/08/2022 04:00 - atualizado 24/08/2022 16:15

 minissérie
(foto: Netflix/Divulga��o )

 
“Inacredit�vel” � uma miniss�rie em oito epis�dios produzida, dirigida e escrita por Susannah Grant, que est� dispon�vel na Netflix. A s�rie � baseada no livro “Falsa acusa��o - Uma hist�ria verdadeira”, por T. Christian Miller, Ken Armstrong (2018). E o livro foi baseado numa hist�ria real e num artigo vencedor do Pr�mio Pulitzer de jornalismo investigativo, que foi publicado no site de uma ONG na internet e viralizou em quest�o de horas.
 
Aviso de gatilho: este texto fala sobre estupro e agress�es sexuais.
 
Nas primeiras horas de 11 de agosto de 2008, Marie Adler, de 18 anos, acordou em seu apartamento com um homem mascarado que a amarrou com cadar�os de t�nis e a estuprou enquanto a amea�ava com uma faca. Marie vai � pol�cia e sofre outra viol�ncia. A pol�cia a faz contar e recontar o ocorrido v�rias vezes, tendo que relembrar o trauma. O estuprador usou camisinha, por isso n�o h� vest�gios de s�men no corpo da garota. Como n�o encontram provas no local do crime, embora a v�tima tenha marcas f�sicas das agress�es sofridas, os policiais, mais preocupados em encerrar o caso do que em investigar o que realmente aconteceu, preferem desacreditar a v�tima. Confusa e cansada, ela volta atr�s e diz que inventou tudo. Assim, ela � processada por falso testemunho. Um retrato da maneira ultrajante como as mulheres s�o tratadas quando denunciam casos de viol�ncia sexual.
 
Em 2011, tr�s anos ap�s o estupro de Marie, outros casos similares acontecem em outro estado; no entanto, o tratamento que as v�timas recebem � completamente diferente, elas s�o acolhidas por detetives mulheres que se preocupam verdadeiramente com as v�timas. � gritante a diferen�a de tratamento – a maneira como uma mulher lida com a v�tima de estupro sempre ser� muito mais emp�tica do que a forma como um homem o faz. O homem acredita que est� fazendo seu melhor trabalho; a mulher sabe que precisa ir al�m, precisa cuidar da v�tima.
 
Um ponto importante em “Umbelieveble” � que, muitas vezes, cenas de estupro s�o tratadas como fetiche, e isso n�o acontece na s�rie em nenhum momento. N�o h� exposi��o de corpos, as cenas mostram as mulheres, o horror que elas sentem, o escuro dos olhos vendados. A diferen�a gritante de como uma mulher descreve uma cena de estupro e como um homem o faria.
 
Embora o caso tenha ocorrido nos Estados Unidos, podemos fazer um paralelo com o que ocorre com mulheres v�timas de viol�ncia sexual, viol�ncia dom�stica, entre outras, aqui no Brasil. Aqui, j� tivemos caso em que chamaram de “estupro culposo”. Aqui a v�tima � julgada pela roupa, pelo lugar, por ter bebido, pelo hor�rio... E quando a v�tima de viol�ncia sexual � uma crian�a, al�m de julg�-la ainda culpam sua m�e.
 
Em entrevista para a Vulture, Susannah Grant disse que n�o queria fazer da miniss�rie um produto sobre o agressor e que seu desejo era contar a hist�ria dessas tr�s mulheres, Mary e as duas detetives: 
 
“N�s estamos contando duas hist�rias: a hist�ria de uma mulher que experienciou a pior repercuss�o ap�s denunciar um estupro, sentindo como se ela estivesse completamente sozinha no mundo, e dessas duas mulheres, milhares de quil�metros de dist�ncia que, sem saber, est�o fazendo o poss�vel para salv�-la”. 
 
Quando fazemos algo por uma mulher, estamos fazendo muito pelo coletivo, mesmo que n�o pare�a. “Inacredit�vel” � uma s�rie que ilustra como o desfecho pode ser diferente quando a v�tima � tratada com empatia e como a Justi�a pode ser diferente com mais mulheres atuando. 
 
Vamos lembrar que o Brasil tem pelo menos sete estupros por hora e que v�timas de at� 14 anos s�o maioria. Se uma mulher v�tima de viol�ncia dom�stica tem medo de ir a uma delegacia denunciar, porque sabe que pode ser julgada l� dentro, imagine o medo de uma v�tima de estupro de denunciar a viol�ncia sofrida?
 
No Brasil, e em qualquer lugar do mundo, delegacias especializadas em crimes contra a mulher deveriam ter equipes majoritariamente femininas para que as v�timas tivessem um m�nimo de acolhimento. Infelizmente, parece que sempre vamos precisar de homens para legitimar causas que s�o nossas.

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