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Estado de Minas padecendo

Viva a democracia

Aquelas mesmas pessoas que gritavam por um Brasil sem corrup��o estacionaram seus carros em locais proibidos, em faixas de pedestres e nas cal�adas


13/11/2022 04:00

Ilustração
(foto: Depositphotos)

 
Em 13 de mar�o de 2016, eu fui para a Pra�a da Liberdade pagar mico em verde e amarelo com a minha fam�lia. Sim, eu fui l� protestar contra o governo da Dilma Rousseff. E foi ali, naquela pra�a, no meio da minha fam�lia, que eu me dei conta de que eu era parte de um rebanho imoral que pregava a moral.
 
As pessoas estavam ali berrando contra a corrup��o, pela fam�lia, pela p�tria, num mundo fantasioso verde e amarelo. Eu conhecia muitas daquelas pessoas, tantas pessoas de moral duvidosa. Aquelas mesmas pessoas que gritavam por um Brasil sem corrup��o estacionaram seus carros em locais proibidos, em faixas de pedestres, nas cal�adas, em fila dupla. Gritavam pela moral aqueles pais de fam�lia que tinham filhos fora do casamento. Aqueles homens casados, mas adoravam pagar as meninas da Afonso Pena. Aqueles senhores que deixavam “pintar um clima” com meninas em idade escolar. E as esposas tra�das, reprimidas, violentadas. Foi ali que me vi num circo, naquela ode � hipocrisia.
 
Eu estava no ato com meu marido, meu filho pequeno, cheguei achando que estava fazen
do o certo para o meu pa�s, sa� com vergonha de mim mesma por ter feito papel de palha�a.
Depois daquele dia eu mudei, abri meus olhos e  paguei um pre�o alto. Passei a ser odiada, ofendida, perseguida, amea�ada. Depois da elei��o de 2018, s� piorou. Foram ofensas, amea�as e baixarias vindas de "cidad�os de bem", falsos patriotas. Pessoas que estavam preocupadas apenas com elas mesmas.
 
Ainda sinto muita vergonha daquele 13 de mar�o de 2016. Mas aquele dia foi maravilhoso para o meu amadurecimento. A gente precisa se analisar, analisar o entorno e mudar de dire��o. Essa mudan�a � muito dif�cil! Ela significa uma ruptura, romper com cren�as, preconceitos e la�os afetivos.
 
Chegamos em 2022, p�s-elei��es, e l� est�o aquelas pessoas que perderam meu respeito h� muito, pedindo interven��o militar. Dizendo que houve fraude nas urnas, mas s� para presidente, o resto n�o. Clamam por liberdade e por interven��o militar ao mesmo tempo. N�o sabem perder. N�o aceitam o resultado de uma elei��o leg�tima, dizem que pobre n�o deveria votar. Aporofobia, xenofobia, homofobia, racismo. S�o o suco de todo o preconceito. Se acham melhores que os outros. Diziam que as minorias deveriam se curvar �s maiorias, mas agora que s�o minoria agem como crian�as mimadas.
Esse m�s est� do�do. Ficar triste com o resultado das elei��es � leg�timo, protestar contra esse resultado e pedir interven��o militar � fascismo.
 
E como vamos explicar para os nossos filhos que os av�s deles est�o nesse transe? Nossos filhos estudam o nazismo, leem “O di�rio de Anne Frank”, ou “O menino do pijama listrado” e ficam sem acreditar que fizeram tudo aquilo com crian�as. 
 
Dentro das escolas surgem grupos de neonazistas. Em Divin�polis, uma crian�a de 7 anos de idade � enforcada por um homem adulto  porque falou “Lula l�” sem saber exatamente o significado do que estava falando. Uma crian�a sendo agredida por um bo�al que se diz defensor da fam�lia. Em outro lugar, adultos animalescos invadem um �nibus para agredir adolescentes que fizeram o L: liberdade de express�o n�o vale para todos.
 
Alunos da escola Maria Clara Machado, em Belo Horizonte, n�o conseguem assistir �s aulas porque, ali em frente, um bando de arruaceiros que se dizem patriotas protesta contra o resultado das urnas, coloca m�sica alta, atrapalha o tr�nsito e berra na esperan�a de o Ex�rcito tomar as ruas. Naquela escola, h� muitos alunos com defici�ncia, crian�as autistas que n�o suportam barulho, alunos de uma escola inclusiva que n�o pode dar aula.
 
Nesse mundo onde pessoas querem usar voc� e outras sentem prazer em ser usadas, �s vezes parece que quem est� errado � quem n�o aceita fazer parte desse circo. A elei��o aconteceu. Seu candidato perdeu. N�o seja um mau perdedor, tenha maturidade. Seja oposi��o. Ainda d� tempo de parar de fazer esse papel rid�culo. Voc�s s�o pais, av�s, sejam exemplo.
 
Seu patriotismo, sua ansiedade econ�mica, sua antipatia pelo oponente ou seus valores religiosos fazem voc� odiar e desejar a morte de quem discorda de voc�s? � para esse lugar que voc� quer ir? � esse o exemplo que voc� quer dar para seus filhos e netos? Aprendam a perder e vivam a democracia, essa � a melhor heran�a que podemos deixar para os nossos.

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