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Estado de Minas Coluna

Para onde foi o sorriso?

Estamos vivos. N�o me lembro de dias ou anos perdidos. Sei apenas que conquistamos nosso espa�o na exist�ncia e temos hist�rias para contar


(foto: David Clarke/Unsplash/Banco de Imagens)
(foto: David Clarke/Unsplash/Banco de Imagens)

N�o podemos ressuscitar as pessoas, mas evitar que elas adoe�am, sim. Isto podemos fazer. Com epidemia n�o se brinca. Baixou a guarda leva no queixo. Nocaute na certa. Se agirmos cedo, somos alarmistas. Se n�o agirmos somos negligentes. Ou seja, n�o h� salva��o para quem tem que decidir sobre o inusitado.

200 negativistas buzinam pelas ruas. Querem abrir escolas com a epidemia acometendo 120 pessoas por 100 mil habitantes. Trag�dia na certa. Mas, negativistas n�o sabem muito bem o que � passar os dias com seus pr�prios filhos. Geralmente os terceirizam para as escolas.

Gente morre mesmo...filhos, pais, av�s, tios tamb�m... E da�!? Morrem mesmo!

O problema desses seres � que n�o sabem o que fazer com os dias. Ali�s, falando em dias, na minha inf�ncia convivi com uma fam�lia fant�stica. Os Dias! Fam�lia grande e extremamente unida.

Moravam num casar�o que ocupava um quarteir�o, onde cabia o mundo e todas as suas contradi��es. As festas na casa, ou melhor, no quarteir�o dos Dias, eram eventos municipais. Alegria, m�sica e, eventualmente, tretas et�licas.

Eu me divertia com os amigos que nunca me faltaram neste saudoso cl�. Como em todas as grandes fam�lias, as op��es sexuais eram diversas. Me lembro de um dia, quando a festa j� caminhava para o fim, um membro da fam�lia, em meio a uma roda maravilhosa de viola, bradou em alto e bom tom:

- Fam�lia, n�o h� nada como um Dias atr�s do outro...

Claro, a risada foi geral. Todos se respeitavam e sabiam o gozador que era o Z� O. Afinal, nessa vida, n�o h� mesmo nada como um dia atr�s do outro. A vida flui de forma inexor�vel.

Quem n�o tolera as diferen�as � porque a igualdade o revela. N�o sei o que rolou na caserna do capit�o, mas algo o traumatiza at� os Dias de hoje. N�o interessa se foi um Dias na frente, ou atr�s - o fato � que a mem�ria e o discurso pseudodivino religioso, esconde segredos dif�ceis de engolir.

Prote�nas e sais minerais...

Recentemente, as lentes �geis e poderosas de fot�grafos atentos, flagraram um indiv�duo cometendo uma grave infra��o de tr�nsito. Metade do corpo para fora do carro e os p�s na porta aberta.

Desfilava numa avenida com seguran�as bem encaixados no seu traseiro, fazendo esfor�o herc�leo para o proteger, numa posi��o jamais vista no Kama Sutra.

Claro, eram inocentes acenos para admiradores, os quais raleiam dia a dia, a cada fala desastrosa e homof�bica. Foi assim que entendi o "maricas".

 

Puro desprezo pela vida e falta de respeito aos que amam � sua maneira e valorizam as diferen�as, apesar das adversidades no conv�vio com gente que n�o se enxerga e n�o se encaixa. 


Negativistas, certamente sentir�o falta dos dias com seus filhos, apenas no minuto final da exist�ncia, se o minuto lhes permitir tal clem�ncia. Gente que n�o tem tempo a perder, nem para viver e muito menos para morrer.

Afinal, todos morrem mesmo!

As esquinas do mundo s�o �ngulos obtusos. Abrigam a desigualdade e as verdades. A m�sica do clube revela essas disson�ncias. Belos sustenidos... Ventos de Maio, rainha dos raios de sol...

Telo, eu e seu irm�o Nico, fomos colegas num col�gio de r�gidos princ�pios religiosos e disciplinares. Sistema quase militar de forma��o. Mas dorm�amos atr�s do atlas de geografia. Jog�vamos mais futebol do que o permitido e mat�vamos impiedosamente as tentativas de catequese religiosa dogm�tica obrigat�ria.

Nessas fugidas, jog�vamos peladas com os mais velhos do clube... L�, Fernando, Toninho e at� o Bituca pousava para fotos hist�ricas com cara de beque viril. Nosso vice-governador, Paulinho, foi meu companheiro de meio-campo. Vez por outra, �ramos socorridos pelo nosso "caro amigo Afonsinho", que sa�a do Rio para uma pelada em alto estilo.

E assim, o tempo passava em compasso lent�ssimo. A escola sempre foi importante, mas a vida, bem mais. N�o me lembro de segunda �poca ou bombas. Mas, se houveram, saudosas bombas e segundas �pocas!

N�o perdemos tempo, ganhamos momentos irrecuper�veis.

Maus alunos? N�o, excelentes aprendizes. Alunos al�m, ou apesar da escola. Continuamos durante v�rios anos com nossa pelada semanal numa quadra no Bairro Renascen�a. De vez enquando, jog�vamos no Mineir�o contra o time dos cronistas esportivos e jornalistas. Jogos hist�ricos para n�s, s� para n�s. Para os presentes no est�dio, uma tortura t�cnica e motivo para muito gargalhada.

N�o importa, para n�s. Est�vamos no templo sagrado de Pel�, Tost�o, Reinaldo e tantos g�nios que aos poucos v�o nos deixando um vazio infinito.

Nesta semana, Maradona nos deixou. De fato, amamos o futebol, muito al�m da rivalidade moment�nea. Com os p�s, ele foi um poeta. Na vida, foi did�tico. O mito de carne e osso. Contradit�rio, irreverente, louco, sens�vel, apaixonado.Tudo ao mesmo tempo. Certamente ser� o primeiro a ser escolhido para a pelada no c�u, coordenada pelo Gonzaga e o Fernando. S�crates ser� o segundo.

Telo e eu fomos para o lado que a vida nos levou. Nos encontramos at� hoje. �s vezes, compartilhamos poesias, cantamos e ainda chutamos a canela um do outro. Estamos vivos. N�o me lembro de dias ou anos perdidos. Sei apenas que conquistamos nosso espa�o na exist�ncia e temos hist�rias para contar.

Dos anos passados, s�o dias felizes que ficaram. N�o me lembro qual mat�ria perdemos, mas n�o me esque�o dos gols que fizemos. Das risadas e das pisadas na bola. Esse, at� eu faria...como diria o Vanucci.

Atualmente, vieram os Grammys do Telo e do Toninho, o prazer de realizar trabalhos importantes para preservar vidas e torn�-las mais longas e suaves.

Dias felizes nos aguardam.

Nossos pais nos terceirizaram para a vida.

Damos Gra�as a Deus!!

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