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Estado de Minas COLUNA

O navio fuj�o

"E tem gente que acha que a pandemia acabou. Se n�o conseguimos controlar um navio de milhares de toneladas, imaginem um v�rus!"


19/11/2022 06:00 - atualizado 19/11/2022 08:02

Navio bate na ponte Rio-Niterói
(foto: Reprodu��o)
 
Dois Maracan�s de ferro e a�o passeiam sem ser percebidos pela Ba�a de Guanabara at� encontrarem a maior ponte das Am�ricas.

Ningu�m viu, ningu�m deu falta.
Exceto um motorista que filmou a fat�dica colis�o, ningu�m mais percebeu o elefante na loja de lou�as.

O gigante cansou do cais e da monotonia da justi�a. Levantou �ncora, soltou o n� de marinheiro e saiu ba�a a fora, livre, pesado e solto. 

Bailou ao sabor do vento, sem comando, sem amarras.
So n�o contava com a "pinguela" no caminho. No meio da ba�a tinha uma pinguela...

Constru�da em pleno regime militar do  "milagre brasileiro" a ponte (ditador General Artur da Costa e Silva) � o cemit�rio de incont�veis trabalhadores e de milhares de d�lares desviados dos cofres brasileiros para empreiteiras. Assim como a Trans-amaz�nica, o esc�ndalo da Coroa-Brastel, o caso CAPEMI, o caso Delfim, o caso Lutfalla, etc., a dist�ncia temporal e a ignor�ncia hist�rica apagam da mem�ria de "patriotas" as mazelas desse per�odo.


Tanto tempo ancorado e depenado o S�o Luiz, perdeu a b�ssola, o rumo e o norte. Insano, foi logo contido por rebocadores. Sedado, foi novamente conduzido ao seu leito de morte.

�ltimo suspiro de um condenado pela incompetente, morosa e inapta justi�a dos homens. Ferro e a�o tem mais flexibilidade e sensibilidade.

Imperdo�vel foi o que ele viu ao vagar pela ba�a. Lixo, esgoto, peixes mortos, corpos desovados e gente descuidada que n�o se importa com a podrid�o num dos mais belos cart�es postais do pa�s. 

Em plena segunda guerra mundial um submarino alem�o(U-199), cansado de afundar navios na costa brasileira, passeou pela Ba�a de Guanabara, quase sem ser percebido. N�o duvido! 

Marinheiros h� meses no mar certamente se descuidaram disputando escotilhas para apreciar as morenas nas praias cariocas. A lata de Chucrute com perisc�pio ereto e priaprismo coletivo, foi surpreendido e afundado em 31 de Julho de 1943 pelos avi�es brasileiros Catalina Arar� e Hudson. 
N�o h� fanatismo ideol�gico que resista ao visual maravilhoso das praias cariocas.

Claro, a hip�tese hist�rica do descuido alem�o � t�o comprovada quanto � efic�cia da Cloroquina frente ao SARS-COV 2.

Como dizem meus colegas cariocas, o Rio n�o � para amadores. Eu emendaria, o Brasil tamb�m n�o.

Tal qual um navio fantasma de milhares de toneladas a deriva na Ba�a de Guanabara, centenas de pessoas ensandecidas vagam em frente a quart�is bradando por interven��o militar e, contraditoriamente, liberdade.

Ilegalidade expl�cita sendo tolerada pela mesma justi�a que condenou nosso personagem � ferrugem eterna.

Assim come�am as cat�strofes, combina��o de fanatismo, incompet�ncia e neglig�ncia. 

Passamos essa semana de 8 bilh�es de terr�queos. Se cada um resolver brincar de patriota e sair com suas convic��es fechando ruas, n�o iremos a lugar algum.
Poucas jardas � frente, a ponte, j� abalada, que deveria unir, impedir� o encontro de novos caminhos.

Somos h�beis em achar culpados pelas nossas pr�prias mazelas.
O navio, o vento, a ponte, o v�rus, o morcego, o barbeiro, o mosquito, o dromed�rio e at� as urnas eletr�nicas. Todos sumariamente condenados pelo nosso sofrimento na face do planeta.

E tem gente que acha que a pandemia acabou. Se n�o conseguimos controlar e esquecemos um navio com milhares de toneladas perdido em um cais, imaginem um v�rus! Nossa curta mem�ria at� mesmo para grandes cat�strofes como a ditadura, a poliomielite, sarampo, meningite e outras "doen�as evit�veis por vacinas" � um sinal grave de insanidade e inconsci�ncia coletiva.

Quase t�o desapercebido quanto o submarino alem�o, estava passando o sentido simb�lico do fato. 

O navio viaja entre dois mundos. Al�m da travessia entre a vida e a morte, simboliza tamb�m o pr�prio percurso da vida, as experi�ncias e aventuras do ber�o ao t�mulo.

A ponte, por sua vez, tamb�m liga o C�u e a Terra. A vida e a morte e as distintas vis�es de mundo. N�o s� liga, mas tamb�m "transp�e", no sentido de superar as barreiras da nossa fr�gil capacidade de conviver com o mist�rio e nossas diferen�as.

E o bom Rei, S�o Luiz, onde entra nessa hist�ria? !Provavelmente estava no tim�o do navio e evitou uma trag�dia maior. Al�m disso, nos mostrou que n�o existem dois mundos que n�o possam ser unidos. Assim como, n�o existem dois Brasis.

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