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Estado de Minas

Em defesa da crase, esse estupendo fen�meno

Passei a vida ouvindo improp�rios sobre ela. Chegou a hora de falar


27/07/2020 04:00


 
Preciso defender a crase. Passei a vida inteira ouvindo improp�rios a respeito dela, mas chegou a hora de falar. Pronto, cansei (gente, pare�o uma louca!). Pra come�ar, crase n�o � aquele sinal gr�fico que muitos insistem em odiar. N�o! A crase � o nome de um fen�meno em que ocorre a jun��o da preposi��o “a” com o artigo “a”. E, para n�o escrevermos “aa”, usamos o acento grave, que indica a exist�ncia dessa maravilhosa fus�o. Hummm... E da�, C�ntia Chagas?
 
E da� que a crase � capaz de tirar, de incont�veis apuros, quaisquer falantes da nossa inculta e bela l�ngua. Quer ver? O significado de 'Os manifestantes queriam depor a delegada' seria completamente diferente se houvesse crase: os manifestantes queriam depor � delegada. Se voc� n�o entendeu a diferen�a, coloque o problema em voc�, n�o na crase, ora bolas. No primeiro exemplo, a delegada correria o risco de perder o pr�prio cargo; no segundo, ela seria a ouvinte do depoimento. Entendeu?
Exemplos da utilidade desse estupendo fen�meno n�o faltam... Matar a fome n�o seria exatamente o oposto de matar � fome? No primeiro caso, eu dou de comer; no segundo, eu deixo sem comer. E se digo que a menor de idade cheira a gasolina? Estou falando de uma usu�ria de t�xicos, n�o estou? Mas, se digo que a menor de idade cheira � gasolina, refiro-me apenas ao odor da jovem. Tudo se modifica! Convenhamos, a crase �, no m�nimo, interessante.
 
Quando fa�o enquetes sobre o que mais leva os meus alunos virtuais aos meus cursos de gram�tica, o resultado � sempre o mesmo, do Norte ao Sul do pa�s: a crase. Famigerada, temida, criticada, ela � um conhecimento mais do que necess�rio. Como diria o poeta Ferreira Gullar, a crase n�o foi feita para humilhar ningu�m. E n�o foi mesmo. As pessoas � que se tornam, pela falta de empenho, alvos de humilha��es, ainda que n�o ditas. Ou sentem-se humilhadas por desconhecerem determinadas regras da norma culta. E depois colocam, � revelia, a culpa na inocente e salvadora crase. Uma humilha��o �s avessas. Ou seria as avessas?

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