
Ontem fomos �s urnas, ali�s, fomos �s cabines ou �s cabinas de vota��o. Sim, a l�ngua portuguesa aceita as palavras cabine e cabina. Esta, cabina, n�o pegou no Brasil, s� em Portugal. Por que cargas d'�gua, ent�o, lemos cabina de vota��o em todas as zonas eleitorais? N�o sei. Morrerei sem entender a raz�o de estapaf�rdia escolha. Mas o que me interessa mesmo, leitor, o motivo real deste artigo diz respeito ao tosco traquejo gramatical dos candidatos.
Gra�as ao hor�rio eleitoral gratuito, exemplos de assassinatos lingu�sticos, culposos ou n�o, desfilam nos nossos televisores em plena luz do dia. “A (sem h) tr�s meses”, proteger com “j”, consci�ncia sem “s”, “ensisto” no lugar de insisto, pra “mim” fazer, vote “ni” mim e por a� vai. Fora as rimas for�adas, os trocadilhos imbecilizantes e o total descompromisso com caracter�sticas que deveriam pertencer a qualquer aspirante a pol�tico: conhecimento, comprometimento e compostura.
E ainda h� quem defenda a n�o obrigatoriedade do ensino superior para as candidaturas pol�ticas... Ora, pois dever�amos exigir mestrado, doutorado e diversas especializa��es. Somente assim ser�amos poupados de tanta bizarrice. “Ah, mas de que adianta o pol�tico ter estudo se ele rouba?” Quem raciocina assim n�o merece nem resposta. Ser roubado por quem tem estudo e por quem n�o tem d� na mesma. “Mas s� quem cresceu na comunidade sabe dos problemas. De que adianta algu�m com estudo?” E o morador sem estudo entende o que de administra��o p�blica, meu caro? Diga-me.
Resta-nos, agora, a espera pela elei��o da mulher barbada, do equilibrista e do malabarista. Palha�os, n�o somos capazes de exigir o m�nimo de quem supostamente deveria nos dar o m�ximo. Palha�os, aceitamos candidatos que negligenciam o pr�prio idioma. Palha�os, n�o conseguimos perceber que, ao eleger cidad�os sem estudo, fazemos apologia � desvaloriza��o da educa��o. Palha�os, merecemos permanecer exatamente onde nos colocamos: no picadeiro de uma pol�tica despreparada e aviltante. Palha�os...