
Com a populariza��o da internet e das redes sociais, as pessoas come�aram a discutir tem�ticas importantes para a vida em sociedade. A horizontaliza��o do processo de comunica��o fez com que vozes antes ignoradas, fossem projetadas. Racismo, machismo e LGBTfobia se tornaram assuntos em pauta tanto na internet, quanto nos almo�os de fam�lia. Entender que essas viol�ncias existem e aprender a identific�-las � essencial para combat�-las.
Quando fazemos um recorte na viol�ncia contra a mulher, os dados s�o assustadores. De acordo com o F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, os casos de feminic�dio cresceram 22,2% durante a pandemia em 12 estados do Brasil, em compara��o a 2019. Apesar da subnotifica��o, o monitoramento Um V�rus e Duas Guerras mostrou que uma mulher � morta a cada nove horas no pa�s, atualmente.
Casos como o da jovem Bianca, que foi assassinada e esquartejada pelo ex-namorado por ter compartilhado fotos de biqu�ni nas redes sociais no �ltimo s�bado, infelizmente s�o mais comuns do que a gente imagina. Entender por que esse tipo de viol�ncia acontece, � fundamental para que possamos combat�-la. O feminic�dio � o assassinato de mulheres devido ao desprezo que o autor do crime sente em rela��o � identidade de g�nero da v�tima. Podemos dizer que o feminic�dio � a radicaliza��o do sexismo.
Mas afinal, o que � sexismo?
Sexismo � o pensamento que est� por tr�s da nossa cultura e que define quais costumes e atitudes s�o esperados para cada g�nero (tanto para homens, quanto para mulheres), desde o modo de vestir at� o comportamento social “adequado”. Al�m de definir os pap�is de g�nero, o sexismo tamb�m inclui a ideia de que o homem seja superior � mulher. Ou seja, o machismo faz parte do sexismo.
Vivemos numa sociedade sexista. Desde a inf�ncia, somos educados para nos encaixar e reproduzir a l�gica sexista. Defini��es como “meninas usam rosa e meninos usam azul” podem parecer inofensivas, mas fazem parte de um projeto que delimita os espa�os sociais de homens e mulheres, n�o considera as m�ltiplas possibilidades de performances de g�nero, cultiva o machismo e pode terminar em feminic�dio ou outros tipos de viol�ncia.
Vale lembrar que o capitalismo � fundamentado na divis�o social do trabalho. N�o � � toa que meninas brincam com bonecas e utens�lios de cozinha, enquanto os meninos brincam com jogos e carrinhos. Para manter esse sistema, � preciso introduzir as meninas na vida dom�stica e materna desde a inf�ncia e incentivar os meninos a serem engenheiros, astronautas ou cientistas. Esta � a principal raz�o pela qual que o sexismo existe e � permanentemente cultivado.
Por que � t�o dif�cil acabar com o sexismo?
Acabar com o sexismo � estremecer as bases do capitalismo. Por isso, a nossa cultura foi constru�da e desenvolvida atrav�s de s�culos a partir da defini��o dos pap�is sociais dos g�neros. At� mesmo a nossa linguagem � sexista, pois generalizamos os grupos pelo masculino.
Por exemplo, � natural nos referenciarmos “aos professores” de uma institui��o de ensino no masculino, mesmo quando a escola possui uma maioria de professoras mulheres. Dos banheiros bin�rios at� a ideia de que “mulheres nasceram para ser m�es”, o sexismo foi naturalizado e o preconceito de g�nero tamb�m.
Por exemplo, � natural nos referenciarmos “aos professores” de uma institui��o de ensino no masculino, mesmo quando a escola possui uma maioria de professoras mulheres. Dos banheiros bin�rios at� a ideia de que “mulheres nasceram para ser m�es”, o sexismo foi naturalizado e o preconceito de g�nero tamb�m.
O sexismo se apresenta em todas as esferas e fases da nossa vida. Ele est� na escola, quando a professora separa as atividades de meninos e de meninas. O sexismo est� na igreja, desde Ad�o e Eva, passando pelos ensinamentos b�blicos e chegando aos cargos eclesi�sticos. Os pap�is de g�nero tamb�m s�o fortemente refor�ados pela fam�lia, que costumeiramente faz uma diferencia��o na educa��o dos filhos (os meninos s�o criados de uma maneira e as meninas de outra). Isso sem falar na divis�o do trabalho dom�stico e no refor�o da ideia de que homens “n�o tem perfil” para cuidar da casa e dos filhos.
O feminismo toca na ferida do capitalismo. Por interferir em institui��es edificadoras da nossa sociedade, construiu-se um entendimento equivocado sobre o feminismo como sendo um movimento que quer destruir a fam�lia e os princ�pios crist�os. Mas a verdade � o que o feminismo quer acabar com o sexismo e libertar homens e mulheres da opress�o sexista. Enquanto o sexismo for naturalizado, a viol�ncia contra a mulher e o feminic�dio tamb�m ser�o.