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Estado de Minas

O inimigo ideol�gico de Bolsonaro � a Rep�blica

Weintraub � um moleque malcriado da sexta s�rie que ocupa a pasta da Educa��o


postado em 23/11/2019 04:00 / atualizado em 22/11/2019 21:03

Abraham Weintraub chamou a mãe de um internauta de ''égua sarnenta e desdentada''(foto: FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL)
Abraham Weintraub chamou a m�e de um internauta de ''�gua sarnenta e desdentada'' (foto: F�BIO RODRIGUES POZZEBOM/AG�NCIA BRASIL)

Abraham Weintraub, o moleque malcriado da sexta s�rie que ocupa a pasta da Educa��o, chamou a m�e de uma internauta de "�gua sarnenta e desdentada". Aqui e ali, pedem sua demiss�o, como se fosse poss�vel, por essa via, lavar com sab�o a boca do governo Bolsonaro. Esquece-se, no processo, a fonte da controv�rsia e do insulto. O tu�te inicial do ministro, uma fa�sca de nonsense antirrepublicano, ilumina a alma inteira do novo partido de Bolsonaro.

A pe�a acusa o "traidor" Deodoro da Fonseca de, pela Proclama��o da Rep�blica, entregar o Brasil "�s fam�lias oligarcas que, al�m do poderio econ�mico, queriam a supremacia pol�tica". Junto, a imagem de Deodoro ao lado da montagem fotogr�fica de um Lula na farda, na barba e no bigode do marechal.

Na superf�cie, � "guerra cultural" barata: uma opera��o de descontextualiza��o hist�rica destinada a atacar a elite pol�tica ("fam�lias oligarcas"), associando-a ao lulismo, para promover a ideia de um poder superior capaz de personificar a unidade da na��o (Bolsonaro). No fundo, � a exposi��o mais completa que um seguidor inculto de Olavo de Carvalho conseguiu produzir do ralo mingau filos�fico do mestre. Trata-se, portanto, de uma imagem radiogr�fica das ideias que circulam no n�cleo do bolsonarismo.

O contexto evita enganos. Lula, um dia, elogiou o "planejamento de longo prazo" do governo Geisel; Bolsonaro, todo dia, elogia a tortura do regime militar. Nenhum deles faz da ditadura militar sua refer�ncia pol�tica. O primeiro identifica-se com o nacionalismo estatista; o segundo exalta a viol�ncia e a avers�o � democracia. O tu�te de Weintraub diz tudo. O inimigo ideol�gico de Bolsonaro � a Rep�blica –n�o, precisamente, a rep�blica brasileira de 1889, mas o pr�prio conceito de Rep�blica.

As rep�blicas podem ser democr�ticas, olig�rquicas, caudilhescas, autorit�rias ou totalit�rias. Mas no cerne do conceito est� a ideia de soberania popular. A semente remota, cravada na fronteira entre hist�ria e mito, encontra-se no estabelecimento da Rep�blica Romana (510 a.C.). As rep�blicas contempor�neas nasceram nos EUA (1776) e na Fran�a (1792). A lei geral, a igualdade perante a lei – eis o fundamento filos�fico da Rep�blica. � contra isso que se insurge a "filosofia" do Bruxo da Virg�nia.

No rastro da Revolu��o Francesa, pensadores ultraconservadores deploraram o car�ter "antinatural" da insurrei��o (Edmund Burke, 1791), a "aboli��o de todas as distin��es e fun��es heredit�rias" (Joseph De Maistre, 1796), a "degrada��o moral" derivada da "marcha combinada do ate�smo, do materialismo e do republicanismo" (Louis de Bonald, 1796).

A nostalgia das tradi��es antigas, das hierarquias petrificadas, da fam�lia patriarcal, de um mundo regido pela espada e pela cruz emergiu da turbul�ncia revolucion�ria. O Bruxo da Virg�nia goteja a �gua dessa po�a nas l�nguas secas de seus alunos ignorantes.

Um artigo de Roberto Romano (https://bit.ly/345fsRt) ajuda a entender as origens medievais da extrema direita. Nos del�rios do n�cleo bolsonarista, trata-se de restaurar uma ordem perdida, assentada numa escala de privil�gios "naturais", protegida pela palavra dos sacerdotes (bispos) e pelos ex�rcitos privados dos nobres (mil�cias).

O problema de Weintraub n�o � Deodoro, mas a ruptura pol�tica que inaugurou a modernidade. A Rep�blica, cidade sem Deus, conduz a Lula – eis o que o ministro da falta de educa��o aprendeu com o mestre charlat�o.

L� atr�s, o charlat�o lan�ou um alerta sobre os generais de Bolsonaro, mirando a cartilha de Comte e Constant: "O problema � que o positivismo abre as portas para o comunismo". Hoje, desse lado, ele n�o tem motivos para se preocupar. Nos 130 anos da Rep�blica, os militares da Esplanada seguem fi�is a um presidente antirrepublicano pois esqueceram o que aprenderam e queimaram o que adoraram.
 

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