
O coronav�rus est� realmente testando todos n�s com uma chuva de informa��es e inseguran�as. Um tema que acompanha o ser humano de maneira filos�fica � a d�vida. Para aqueles com mem�ria liter�ria fresca, o que incomoda no cl�ssico de Dom Casmurro, de Machado de Assis, n�o � a poss�vel trai��o, mas sim a d�vida - o desconhecido incomoda muito o ser humano.
Eu tenho muito o p� atr�s com quem na medicina vende certezas - n�s entregamos aos nossos pacientes acompanhamento, parceria, dedica��o e estudo. A abertura da coluna � t�o ampla quanto o coronav�rus. E agora o que podemos refletir sobre as variantes? Os v�rus est�o circulando nas pessoas, nos ambientes e sofrendo press�es adaptativas das mais diversas e, assim como n�s estamos nos adaptando, com a licen�a de Darwin e Lamarck, os v�rus est�o tamb�m sendo selecionados. Neste processo din�mico, algumas cepas ganham destaque.
Como um v�rus pode se destacar? Imaginemos os v�rus como gente, como a gente. Tem gente que se destaca porque faz besteira, certo? Ent�o, as cepas s�o os coronav�rus que fizeram besteiras e agora est�o em destaque na m�dia. Mas nem sempre � tortura e homic�dio, n�? Ou seja, nem sempre uma cepa tem as caracter�sticas de gravidade. Por vezes ela � meio olimp�ada, mais r�pida, mais habilidosa, mais forte, mais velha e, nesta competi��o, nem sempre ganha com o que a gente acha.
Os grupos de pesquisas atuais conseguiram vacinas em tempo recorde e tamb�m conseguem identificar as varia��es com uma velocidade nunca antes vista. Ao identificar que em alguma localidade a previsibilidade da doen�a est� mudando, realiza-se uma an�lise mais aprofundada. Se o v�rus naquele local apresenta uma diferen�a, ele ganha um novo sobrenome e de maneira incontrol�vel acaba por se associar � regi�o que foi descoberto.
Ao associar uma doen�a a uma regi�o, o desdobramento � preconceito, xenofobia, outros diversos tipos de viol�ncia e, exatamente por isso, o empenho para dar uma apelido para a nova cepa, de forma que n�o tenha essa associa��o da doen�a a um pa�s, por exemplo. No caso do coronav�rus, optaram por utilizar letras gregas: Alfa, Beta, Gama, Delta e Lambda.
Variante Alfa: B.1.1.7 - Reino Unido
Variante Beta: B.1.351 - �frica do Sul
Variante Gama: P1 - Brasil
Variante Delta: B.1.617.2 - �ndia
Variante Lambda: C.37 - Peru
Quem est� nas p�ginas cient�fico-policiais atualmente � a delta. O que j� se sabe? Ela n�o vai matar mais pessoas, n�o est� associada a quadros mais graves e n�o necessariamente ela n�o est� imune �s nossas atuais vacinas - ela � mais ligeira.
Essa variante infecta o indiv�duo e consegue produzir mais v�rus e mais r�pido. Com isso, a pessoa com sintomas leves ou ainda sem sintomas pode infectar outras pessoas e, por ser mais transmiss�vel, ela consegue infectar mais pessoas em tempo menor, o que pode levar a um novo colapso na disponibilidade de servi�os de sa�de.
As medidas de controle e tratamento n�o mudaram com a presen�a dessas novas variantes. Mas, voc� deve se perguntar, como isso foi surgir com o coronav�rus? Isso sempre ocorreu, por�m antes voc� n�o lia sobre isso ou n�o era noticiado nas redes sociais. E o que te incomoda � o mesmo que incomodou Bentinho l� no livro do Machado: a d�vida.
Vacine-se, a melhor vacina � a no bra�o. Use m�scara, mantenha o distanciamento seguro e se cuide!