(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas COLUNA

Voltar ou n�o �s aulas e a seus efeitos colaterais, eis a quest�o

Nesse debate, h� quem defenda a volta j� e aqueles que veem risco sanit�rio em meio � pandemia de coronav�rus


21/09/2020 04:00

Não faltam argumentos entre os que defendem a volta das aulas presenciais e aqueles que consideram a medida um risco agora(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 17/7/20)
N�o faltam argumentos entre os que defendem a volta das aulas presenciais e aqueles que consideram a medida um risco agora (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 17/7/20)

O retorno ao presencial exige, al�m de %u201Cnova infraestrutura f�sica%u201D, resposta aos enormes desafios educacionais e emocionais, tanto para alunos e fam�lias quanto para professores e equipes diretivas%u201D


O debate est� nas ruas e tem consumido grande parte do nosso tempo. Enquanto uns s�o a favor, outros s�o contra, e todos com mil argumentos que acham irrefut�veis. Estou me referindo � quest�o da volta � escola ou �s aulas presenciais. Fala-se em ano jogado fora, estresse das fam�lias, perda de conte�do, desinteresse dos estudantes e direitos lesados, num debate sem fim e sem aparente f�cil solu��o. E assim, entre �lcool em gel, m�scaras, confinamento, novos protocolos, propostas educacionais miraculosas e bastante desespero, os dias v�o passando e o novelo n�o se desenrola.

O retorno ao presencial exige, al�m de uma “nova infraestrutura f�sica”, resposta aos enormes desafios educacionais, emocionais e psicol�gicos, tanto para alunos e fam�lias quanto para professores e equipes diretivas. Isso aumenta ainda mais, se cabe, a responsabilidade na capacidade de adapta��o e resposta de todos os atores envolvidos nesse “novo tempo escolar”. A ONU defende uma volta �s aulas presenciais escalonada, para evitar o que ela chama de uma “cat�strofe geracional”, principalmente para os alunos mais pobres e com menos acesso � internet.

Destaco alguns t�picos que chamo de “efeitos colaterais”, efeitos que considero que devem ser saud�veis e reparadores para a atividade educativa, enormemente questionada e que busca, de maneira acelerada, desenhar o seu novo rosto. S�o como o reverso positivo da moeda e podem nos ajudar a dar uma cara boa a um rosto amargo.

>> Complexidade versus simplifica��o. A tenta��o da simplifica��o, fugindo de respostas mais elaboradas e completas, tem nos levado a escolher pol�ticos e dirigentes despreparados e irrespons�veis, que oferecem solu��es f�ceis e populistas. Segundo estudiosos, a simplifica��o � o maior perigo para a democracia, por cima da viol�ncia, a inefic�cia ou a corrup��o. N�o confunda simplifica��o com simplicidade. A essa �ltima s� consegue chegar quem entendeu a complexidade da sociedade.

>> Criticidade com as m�dias. Ningu�m duvida dos valores e benef�cios das m�dias sociais, mas j� h� suficientes elementos para se prevenir de certos males que elas provocam (aliena��o, manipula��o, superficialismo, narcisismo). Aconselho que assista ao document�rio The social dilemma. Talvez voc� n�o perca o sono, mas ficar� bem questionado. Para a maioria das m�dias, N�S somos o produto, � uma das conclus�es do mesmo.

>> Escute vozes diferentes das que sempre escutou. Leia outros livros, veja outros filmes, frequente outros ambientes, converse com outras pessoas. Se quiser chegar a novos lugares, voc� dever� abandonar os caminhos que sempre seguiu, pois as trilhas de sempre o levar�o aos lugares de sempre.

>> Reveja seus conceitos de sucesso e fracasso e a ideia de meritocracia. S�o conceitos armadilha, que t�m afastado mais do que estimulado, dividido mais do que somado, desorientado e justificado mais do que ajudado a construir uma sociedade mais igualit�ria e justa. Nessa teoria, sempre s�o poucos os privilegiados e a justifica��o do desastre coletivo � sempre o m�rito. E, muitas vezes, a educa��o colabora para isso.

>> Promova a “solidariedade social”. Agora voc� entende que o distanciamento social sempre existiu e est� consolidado e n�o o confunde com “isolamento social”. A aproxima��o social pela qual devemos lutar deve de ser social mesmo, isto �, abranger todos os �mbitos da sociedade e das pessoas. Alargue a sua vis�o e leve isso para dentro da sua escola.

>> Pratique uma nova forma de olhar, mude a sua l�gica. Enxergue o estresse dos seus alunos, da sua institui��o, tenha um novo olhar sobre a pol�tica, o mundo, as rela��es, a natureza e o seu pr�prio corpo. Vigie as autoles�es, a reatividade emocional ou a excessiva depend�ncia dos familiares adultos, nos seus alunos.

>> Trabalhe o essencial. Os curr�culos e conte�dos escolares est�o defasados e antiquados. O presente, com essa enxurrada de informa��es, pede um foco no essencial. Portugal, por exemplo, conseguiu, depois de emagrecer os conte�dos, reduzir significativamente a taxa de abandono escolar e tornar-se, pelos seus resultados em avalia��es internacionais, um pa�s modelo em educa��o. Tanto na escola quanto na sua vida, n�o seja um info-obeso e mantenha o foco no essencial. Nesse sentido, pode ajudar a leitura do livro Essencialismo, de Greg McKeown.

>> Cuide da vida e do emocional. Al�m da press�o acad�mica, os seus alunos v�o precisar, e muito, de apoio emocional. Voc� tem de escutar e regular cada experi�ncia individual. Cuide da sua sa�de f�sica e mental. Mantenha uma atitude e psicologia positivas. Trabalhe a sua resili�ncia e a dos seus alunos. O repasse dessa atitude aos seus estudantes � imediato e inconsciente, mas extremamente ben�fico.

>> Facilite a participa��o dos seus alunos, por meio de m�ltiplas iniciativas e ferramentas ao seu alcance. Separa��o f�sica n�o pressup�e falta de participa��o, e aluno n�o deve ser sin�nimo de passividade. N�o foque tanto nas medidas higi�nicas e, sim, nas pedag�gicas e do envolvimento ativo das pessoas.

Enfim, enxergue a realidade com um olhar mais cordial do que catastr�fico. Na pandemia, desenvolvemos novas habilidades, novos conhecimentos e atitudes que nos servir�o para o resto das nossas vidas. A �nica forma de ter capacidade para resolver problemas e conectar diferentes campos da vida � apropriar-se de conhecimentos profundos e experi�ncias vitais, mesmo que traum�ticas.

Seja firme! M�os � obra!

Professor e consultor
S�cio Diretor da Doxa Educacional

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)